Menu

Folha de S.Paulo

TV Cultura exibe peças de Antunes Filho

9.11.2006  |  por Valmir Santos

São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

TEATRO 
Núcleo de dramaturgia da TV Cultura estréia hoje série com 16 adaptações que o diretor realizou nos anos 70

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

O núcleo de dramaturgia da TV Cultura que produziu em 2005 o programa “Senta Que Lá Vem Comédia”, duvidosa introdução da arte do teatro para as massas nas noites de sábado, é o mesmo que resgata os teleteatros que Antunes Filho produziu na casa nos anos 1970.

A série semanal “Antunes Filho em Preto e Branco” serve como paradigma de que a relação do teatro com a televisão, e vice-versa, pode ser mais estimulante. Serão exibidos 16 programas adaptados de textos de autores nacionais e estrangeiros, como o italiano Luigi Pirandello, o americano Tennessee Williams, o russo Fiódor Dostoiévski, mais Nelson Rodrigues, Jorge Andrade, Lygia Fagundes Telles etc.

“Eu tive um aprendizado incrível na televisão, só fiz grandes autores”, diz Antunes, 76. “Mesmo quando se fazia mal um teleteatro, a gente estava experimentando, abria frente, ao contrário dessa coisa que está aí, parada, morna, essas telenovelas que parecem esquifes [caixão de defunto].”

Há tempos ele não revia os trabalhos. Poderá fazê-lo agora, na era digital, como os telespectadores que terão a chance de acompanhar atuações de Nathália Timberg, Raul Cortez, Jofre Soares, Lilian Lemmertz, Elizabeth Savalla, Tony Ramos, Denise Stoklos e outros artistas, às vezes em seus verdes anos de carreira.

O projeto começa hoje com “A Casa Fechada”, de 1975 (leia sinopses ao lado), e os programas duram em média 75 minutos, divididos em três blocos intercalados por depoimentos de artistas, alguns do elenco original, ou estudiosos. A programação vai até fevereiro.

“Vestido de Noiva”
“Não me venha com idéias, Antunes.” Era o que o diretor mais ouvia nos corredores da TV Cultura, em 1974, durante os dez dias em que, ao lado da equipe, trabalhou na adaptação e produção da peça “Vestido de Noiva”, tido pelo próprio e por especialistas como o auge de seu teleteatro, encabeçado por Lilian Lemmertz, Edwin Luisi, Nathália Timberg e Célia Olga.

Ao contrário das produções gravadas em um, dois dias, aquele texto de Nelson Rodrigues (1912-80), que superpunha planos da realidade, da memória e da alucinação da protagonista, mereceu atenção especial de Antunes no programa “Teatro 2”, idealizado pela atriz Nydia Licia e inspirado no seminal “Grande Teatro Tupi” (1956-1965), da extinta TV Tupi de São Paulo.

No “Teatro 2”, Antunes revezava mensalmente com outros diretores, como Antônio Abujamra, Fernando Faro e Cassiano Gabus Mendes. 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

Relacionados