Folha de S.Paulo
30.4.2007 | por Valmir Santos
São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007
TEATRO
Evento gratuito começa hoje no Centro Cultural SP com braço do MST; cubanos se apresentam amanhã
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Nascido há 21 anos em Cuba, o Teatro Buendía é um dos participantes da segunda Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo. De hoje a domingo, o Centro Cultural São Paulo recebe a maioria dos espetáculos de cinco coletivos internacionais e sete brasileiros -também haverá apresentações no centro e em Cotia. O evento da Cooperativa Paulista de Teatro envolve sessões gratuitas, no palco ou ao ar livre, e debates.
Em 1989, o Buendía fundou a Escuela Internacional de Teatro de America Latina y El Caribe (Eitalc), projeto itinerante de intercâmbio por vários países, Brasil incluído. “Pedagogia alternativa” e “investigação” são expressões comuns a outros grupos convidados para a mostra, como Teatro de los Andes (Bolívia), Teatro Sanitario de Operaciones (Argentina), Escena (Venezuela), Teatro Gayumba (República Dominicana), Fábrica de Teatro Imaginário (Espanha), Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Porto Alegre), Piollin (João Pessoa), Circo Teatro Udi Grudi (Brasília), Coletivo Angu de Sangue (Recife) e Associação Teatral Joana Gajuru (Maceió).
Amanhã, às 21h, o Buendía encena “Charenton” (2005), direção de Flora Lauten, uma adaptação de “Marat/Sade”, texto do alemão Peter Weiss.
“Os nossos espetáculos intentam abrir um debate com a história contemporânea de Cuba. Não para dar soluções, mas para refletir com o espectador sobre o sentido da história e da cultura; ativar sensações, emoções e idéias”, diz a dramaturga Raquel Carrió, 55.
Entre os participantes da mostra, dois são caracterizados por ações sociais diretas: o coletivo Filhos da Mãe… Terra, um dos braços culturais do MST, fixado num assentamento em Sarapuí (SP) e que abre o evento hoje com “Posseiros e Fazendeiros”; e o Centro de Teatro do Oprimido, do Rio, por meio do grupo comunitário Pirei na Cenna, que celebra o teatro legislativo (sistema criado por Augusto Boal) no último dia da mostra, no CCSP.
Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.