Folha de S.Paulo
26.4.2007 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007
TEATRO
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
O dramaturgo Oduvaldo Vianna (1892-1972), pai de Vianinha, sai um pouco da sombra do filho -mais conhecido pelas novas gerações – por meio de “Terra Natal”, que abre hoje na TV Cultura a série “Grande Teatro em Preto e Branco”.
A peça estreou em 1920, no Rio. Era das mais montadas em circo. Foi adaptada e dirigida para teleteatro por Ademar Guerra (1933-1993), em 1975.
Moradores de uma fazenda familiar têm seus costumes caipiras confrontados com as novidades importadas da “norte América”. Um primo que administra o local viaja ao exterior e volta defendendo o progresso a qualquer custo, da troca do carro de boi pelo automóvel ao jeito de vestir e falar.
Como pano de fundo das transformações da vida rural, desfilam as paixões amorosas que movem os tipos de Vianna, como o galã, a viúva rica, a coquete, o malandro e o empregado trapalhão. Deleite para artistas como Walter D’Ávila, Carmem Silva, Pepita Rodrigues, Neusa Borges, Francisca Lopes e outros.
Na sátira à estrangeirice, em defesa do lugar da “alma brasileira”, um dístico que abre e fecha a história serve como reflexão para os dias atuais: “Vancês perguntem pros sábios se eles sabem contestar: se sofre mais o que gosta ou o que não sabe gostar”.
Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Doutor em artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado pelo mesmo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas.