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Folha de S.Paulo

Companhia encena maior sucesso de Procópio Ferreira

1.5.2007  |  por Valmir Santos

São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

TEATRO
“Deus lhe Pague” estréia hoje no Espaço Cultural Juca Chaves

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local

Os estudiosos dizem que o ator carioca Procópio Ferreira (1898-1979) teria subido ao palco mais de 3.500 vezes para representar o papel duplo de rico/mendigo em “Deus lhe Pague”, seu maior sucesso. 

Aquela montagem estreou em São Paulo há quase 75 anos, em 30 de dezembro de 1932, no teatro Boa Vista (então uma das oito salas da cidade). A produção mais recente da comédia de Joracy Camargo (1898-1973), jornalista e também carioca, entra em cartaz hoje no Espaço Cultural Juca Chaves. 

A iniciativa é da recém-nascida Cia. Luz Cênica, que escolhe o Dia do Trabalho justamente porque Camargo é considerado um dos pioneiros do “teatro social” ao abordar a figura do operário na dramaturgia brasileira. 

O espetáculo é dirigido por Alberto Centurião, 55. “O texto mantém-se atual em muitos aspectos, como a atitude do sujeito que abusa da caridade pública e a crítica indireta à religião, como se dar esmola fosse cumprir uma graça”, diz. 

“Deus lhe Pague” conta a história de inventor frustrado que enriquece pedindo ajuda em porta de igreja, sobretudo “em dia de missa de defunto rico”. 

O texto se passa no então presente (1932), mas, a certa altura, retrocede 30 anos, quando esse homem é traído e preso como ladrão. 

O “flashback” o apanha ainda na noite anterior, a usufruir de luxo -contraste com a condição de mendigo que, no hoje da peça, conversa com um miserável de verdade. 

Em seu “Panorama do Teatro Brasileiro” (1962), o crítico e historiador Sábato Magaldi afirma que o prestígio da peça “não impede que ela nascesse de um lugar-comum, se nutrisse de frases feitas e desembocasse em subfilosofia”. 

Opinião diversa da Luz Cênica, que vê na obra oportunidade para rir e pensar “os efeitos perversos do capitalismo”. A intenção do quinteto de atores (Jefferson Poli, Elizabeth Cavalcante, Dirce Couto, Jonas Antunes, Júlio César Dória) é atrair o espectador idoso com sessões no horário das 18h. 



Deus lhe pague
Onde: Espaço Cultural Juca Chaves (r. João Cachoeira, 899, 2º piso, hipermercado Extra Itaim Bibi, tel. 3073-0044) 
Quando: estréia hoje, às 18h; ter. e qua., às 18h; até 27/6 
Quanto: R$ 40


 

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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