Nota
6.4.2014 | por Helena Carnieri
Atualmente, falar em dramaturgia paranaense lembra de imediato o programa de formação de novos autores do Sesi, o Núcleo de Dramaturgia, que completa cinco anos. Mas um ciclo de leituras dramáticas promovido pelo Teatro Guaíra pretende colocar no foco escritores que se dedicam ou se dedicaram ao teatro há bem mais tempo por aqui.
“Nossa ideia para o ano era montar quatro espetáculos menores que pudessem viajar pelo estado, mas isso não foi viabilizado financeiramente”, conta a diretora artística do Guaíra, Mara Moron. “Por outro lado, falta um lugar de reflexão e congraçamento da classe”, aponta.
Para oferecer essa oportunidade à cidade, a programação do projeto Teatro do Paraná em 3 atos – Histórias, leituras dramáticas, depoimentos começa amanhã com a abertura de uma exposição de fotografias e correspondências do poeta Glauco Flores de Sá Brito, no hall do Miniauditório do Guaíra, seguida por uma performance comandada por Marcos Damaceno. Na terça-feira, a professora da UFPR Marta Morais da Costa faz um apanhado da história do teatro paranaense, motivo de sua pesquisa aprofundada.
A partir do dia 15 de abril, uma terça-feira por mês será dedicada à leitura dramática de uma obra paranaense ou de um dramaturgo radicado no Paraná. Apenas a primeira será uma montagem completa, já que Duas criaturas gritando no palco, peça inédita de Manoel Carlos Karam, estreou neste fim de semana no Festival de Teatro.
A direção de cada leitura ficará a cargo de dez diretores premiados com o Troféu Gralha Azul entre os anos 2000 e 2013. A escolha do texto ficou a cargo dos encenadores. “Escolhi a peça de Edson Bueno de que mais gosto”, conta o diretor Paulo Biscaia Filho sobre Anatomia humana segundo Vico e Campanella, escrita nos anos 1990. “Ela pertence à fase mais alegórica do grupo Delírio”, conta Biscaia, que escalou um elenco que ele mesmo considera improvável sobre o mesmo palco: os atores André Coelho, Luiz Bertazzo e Ricardo Nolasco.
Já o texto de Biscaia Morgue story – Sangue, baiacu e quadrinhos ganhará leitura dramática pelo olhar de Edson Bueno, numa dobradinha interessante.
“Todo projeto que agregue a classe é positivo”, considera a diretora Ana Rosa Tezza, que comandará leitura de Trecentino, texto de Enéas Lour já levado ao palco por Felipe Hirsch.
Integram a lista de homenageados Raul Cruz (morto em 1993), Eddy Franciosi (assassinado em 1990) e Mário Bortolotto, que lidera há quase 20 anos o Cemitério de Automóveis em São Paulo.
.:. Publicado originalmente na Gazeta do Povo, Caderno G, p. 5, em 6/4/2014.
Serviço:
Teatro do Paraná em 3 atos – Histórias, leituras dramáticas, depoimentos
Onde: Miniauditório do Guaíra (Rua Amintas de Barros, s/nº, Centro, Curitiba, tel. 41 3304-7982)
Horário: 19h30
Quanto: grátis
Amanhã (7/4)
Abertura da exposição Glauco, um homem de teatro, um homem de poesia, com curadoria de Fernando Severo e Áldice Lopes, seguida de performance com direção de Marcos Damaceno.
Terça-feira (8/4)
Palestra Breve história do teatro do Paraná, com Marta Morais da Costa.
15/4
Encenação de Duas criaturas gritando no palco, com texto de Manoel Carlos Karam e direção de Gabriel Gorosito, seguida por depoimentos de Beto Bruel e do cartunista Solda.
13/5
Leitura de texto de Eddy Franciosi, com direção de George Sada.
10/6
Leitura de Anatomia humana segundo Vico e Campanella, de Edson Bueno, com direção de Paulo Biscaia Filho.
No segundo semestre serão lidos textos de Paulo Biscaia Filho, Mário Bortolotto, Raul Cruz, Enéas Lour e Laerte Ortega.
Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná, instituição onde cursa o mestrado em estudos literários, com uma pesquisa sobre A dama do mar de Robert Wilson. Cobre as artes cênicas para a Gazeta do Povo, de Curitiba, há três anos. No mesmo jornal, já atuou nas editorias de economia e internacional.