Menu

Reportagem

Conferência de design para performance

8.8.2014  |  por Valmir Santos

Foto de capa: Pirjo Valinen

A partir de domingo, 10, a cidade de São Paulo abriga a E-Scapes – Conferência Internacional do Design para Performance. São cinco dias de atividades envolvendo workshop, mesa-redonda, apresentação, bate-papo, lounge e projeção. A agenda inclui o encontro anual das comissões e grupos de trabalho em educação, performance, design e pesquisa da Organização Internacional de Cenógrafos, Técnicos e Arquitetos de Teatro, a Oistat, atualmente radicada na Holanda. Nascida na República Tcheca em 1968, um ano após a bem-sucedida edição inaugural da Quadrienal de Praga (PQ), exposição de referência planetária nos campos da cenografia, figurino, iluminação, sonoplastia e tecnologia cênica, a Oistat conta desde 2007 com centro brasileiro e, pela primeira vez, sedia jornada de fôlego na América Latina.

As atividades estão concentradas na Praça das Artes, complexo arquitetônico do centro paulistano que abriga as escolas municipais de música e de dança, além dos grupos artísticos e a administração da Fundação Theatro Municipal. Parte da programação formativa ocorre no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, na zona leste. A organização não obteve patrocínio e diz realizar o evento “na raça”, sob produção da Ato Cultural e colaboração decisiva de uma equipe de especialistas voluntários.

São estimados cerca de 80 profissionais vindos de pelo menos 25 países. “É uma superoportunidade para quem ainda não foi até a Quadrienal de Praga ou a outro evento mundial de cenografia. Criamos uma conferência maior, dando a chance de esses profissionais apresentarem um pouco dos seus trabalhos e pesquisas e também verem algo do que tem sido feito por aqui’, afirma a jornalista, pesquisadora e figurinista Rosane Muniz, cocuradora e correalizadora da conferência ao lado da cenógrafa e designer para performance Aby Cohen.

A abertura neste domingo conta com apresentação na Praça das Artes, entre 12h30 e 14h30, da performance urbana Cegos (2012), do Desvio Coletivo, concebida por Marcos Bulhões e Marcelo Denny. O trabalho vinculado ao Laboratório de Praticas Performativas da USP lança provocação sobre o aprisionamento da vida moderna.

Na sequência, às 15h, acontece palestra de abertura da conferência com a inglesa Sophie Jump, membro fundadora e diretora associada da companhia de performance Seven Sisters, criada há 20 anos e dirigida por Susanne Thomas. Ela apresentará Like a fish out of water (como um peixe fora de água), produção que levou para o World Stage Design 2013, projeto da Oistat, por meio do qual recebeu o Gold Award em reconhecimento ao seu projeto alcançar de maneira excepcional todas as categorias do design para performance. Like a fish out of water foi apresentado em 2012, em Londres, no festival que acompanhou o evento dos Jogos Olímpicos daquele ano. Traz à tona um novo conceito desenvolvido pelo grupo, fundindo site-specific performance com tecnologia de vídeo portátil com dançarinos ou atores guiando o publico para uma viagem mágica ao redor de Londres.

escapes SOPHIE JUMP-LIKE A FISH-2Sem créditos

Criações de Sophie Jump para Seven Sister GroupSem créditos

Criações de Sophie Jump para Seven Sister Group


Entre os tópicos a serem refletidos ao longo da conferência, estão:

– Ações artísticas de diretores e designers da cena que escapam ao convencional em busca de identificação cultural pelo contexto e influências que impactam no aspecto visual da performance contemporânea;

– O impacto das novas tecnologias na estética da performance na relação entre ação e recepção. Performances que exploram diversas linguagens e utilizam ou adaptam novas e “velhas” tecnologias na prática da performance contemporânea;

– O impacto na cena contemporânea resultante da dilatação de fronteiras. Novas proposições artísticas nas áreas de iluminação, sonoplastia, cenografia e figurino, e não só no edifício “tradicional”, mas nos espaços públicos, exposições e museus, assim como as instalações que são, por si só, formas de arte única;

– Quais os requisitos, ferramentas e ideais que devem fazer parte da formação do artista que deseja aperfeiçoamento na área, seja estudante ou profissional.

As três mesas-redondas programadas para o dia 13/8, a partir das 10h, abordam “O que é performance design? O que é/significa/envolve desenhar para a performance?”, conduzida pela finlandesa Reija Hirvikoski e convidados; “Pesquisando a percepção multimodal: navegando entre palavras, imagens e experiências”, pela neozelandesa Dorita Hannah e convidados; e “Educação – Formando técnicos de teatro”, pelo britânico Ian Evans e convidados.

Já os sete workshops oferecidos gratuitamente ou sob taxa de R$ 50, quer na Praça das Artes ou no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes versam sobre temas como “Explorando lugares e seus significados”, ministrado por Sophie Jump, do Seven Sisters Group; “Uma peça. Cinco versões”, pela húngara Piroska É. Kiss; e “E-son et lumière”, com Ian Evans e o cipriota George Christou, entre outros eixos.

A conferência receberá trabalhos de profissionais de Bélgica, Finlândia, Arábia Saudita, Bangladesh, China, Dinamarca, Portugal, Holanda, Estados Unidos, Inglaterra, País de Gales, Nova Zelândia, Canadá, Hungria, Japão, Bulgária, México, República Tcheca, Israel, Grécia, Taiwan e Alemanha. Do Brasil, há representantes de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Paraná.

Desde que passou a contar com um centro da Oistat, representado pela união dos grupos CenografiaBrasil e ABrIC, profissionais das artes cênicas que atuam em vários Estados brasileiros tornaram-se participantes ativos de reuniões e trabalhos vinculados à organização retroalimentadora de seus ofícios.

A Oistat prega como missão estimular o intercâmbio de ideias e inovações, bem como promover a colaboração internacional entre profissões que dão suporte à performance; servir à arte da performance, e às pessoas que projetam e criam para ela; promover a formação de centros e a participação dos indivíduos, alianças e instituições em todas as regiões do mundo, a fim de atingir esses objetivos; incentivar a aprendizagem constante entre os profissionais da performance; e respeitar a integridade de todas as culturas e celebrar a diversidade, bem como as semelhanças entre aqueles que trabalham em prol da performance.

A E-Scapes 2014 vem sendo organizada oficialmente desde 2012, após reuniões da comissão de design para performance, em Las Vegas (EUA), e da comissão de educação, em Maastrich (Holanda). O Brasil também foi escolhido para sediar encontros dos conselhos administrativo e executivo da Oistat em paralelo às atividades em São Paulo e mesmo após a conferência, no Centro de Arte Contemporânea Inhotim (MG).

.:. Leia mais sobre inscrições, perfil dos participantes e programação completa no site da E-Scapes – Conferência Internacional do Design para Performance, aqui.

Serviço:
Onde: Praça das Artes (Avenida São João, 281, Centro, São Paulo, tel. 11 3311-0194 e 3397-0327). Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes (Rua Inácio Monteiro, 6.900, Cidade Tiradentes, São Paulo, tel. 11 2555-2840).
Quando: 10 a 14/8, domingo a quinta-feira, em vários horários.
Quanto: R$ 100 (dois dias de acesso ao evento), R$ 150 (três dias) ou R$ 250 (todos os dias). Workshop com entrada franca ou taxa de R$ 50.

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

Relacionados

‘De mãos dadas com minha irmã’, direção de Aysha Nascimento e direção artística e dramaturgia de Lucelia Sergio [em cena, Lucelia Sergio ao lado de dançarinas Jazu Weda e Brenda Regio]