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Reportagem

Paraíba tem 1ª Mostra Internacional de Teatro

15.9.2014  |  por Valmir Santos

Foto de capa: Rafael Mendes/CapturaMe

Cidade-sede de grupos como Piollin, Teatro Bigorna, Quem Tem Boca É Pra Gritar, Ser Tão Teatro, Alfenin e Osfodidário, entre outros, a capital paraibana abriga até 21 de setembro sua primeira Mostra Internacional de Teatro. Dois coletivos da Argentina, um do Chile e outro envolvendo artistas da Espanha e da Polônia somam-se aos 17 núcleos vindos de diferentes estados brasileiros, além da dezena de trabalhos de João Pessoa.

Ou seja, são 31 espetáculos conjugados a atividades formativas e reflexivas, estas em torno de processos criativos e pesquisa, políticas públicas, cooperativas e movimentos artísticos e, por fim, natureza e caminhos das mostras teatrais como a que debuta e acontece durante dez dias.

As produções internacionais são Bag Lady, do grupo The Bag Lady Theater (Espanha/Polônia); PatoLogías, da Cia. de Teatro, Circo y Música Pato Mojado (Argentina); La vida es sueño, da Compañía de Titiriteros de la Universidad Nacional de San Martín (Argentina, foto no alto); e Juan Salvador Tramoya, do grupo La Mona Ilustre (Chile).

Entre os núcleos nacionais, estão Cia. Domínio Público (SP), com Posso dançar pra você?; Morpheus Teatro (SP), com O princípio do espanto; Cia. do Abração (PR), com O olhar de Neuza; Cia. Mundú Rodá (SP), com Donzela guerreira; Las Cabaças (PA), com Semi breve; Território Sirius Teatro (BA), com Seu Bomfim; e Teatro Carmin (RN), com Jacy.

Cia. Mundú Rodá (SP) em ‘Donzela guerreira’

A curadoria e coordenação geral da MIT é do ator Luciano Santiago, da Trupe Artemanha de Investigação Teatral, embrionária da zona sul de São Paulo, idealizadora e correalizadora do Festival Nacional de Teatro do Campo Limpo, cuja nona edição aconteceu no primeiro semestre deste ano. Santiago, 36 anos, está radicado em João Pessoa desde setembro de 2013, vindo de nove meses de coordenação do núcleo de artes cênicas da prefeitura do Crato, no Ceará.

Com orçamento de R$ 225 mil, menos da metade do investimento ideal, mesmo assim a MIT paraibana conseguiu vir à luz e quer priorizar eixos como formação de público, aperfeiçoamento dos artistas, trocas intergrupos quanto aos modos de produzir e de criar; difusão das artes cênicas por regiões afastadas do centro da capital; e discussão sobre a implantação de políticas públicas para a cultura na capital e no estado.

“Desde o início não queríamos organizar uma mostra com o caráter de evento, mas estimular efetivamente os campos estéticos e políticos. Por isso o formato desta primeira edição também é experimental para a gente”, diz Santiago. “Não se trata apenas de apresentar peças. O desafio é aprofundar questões em torno da pesquisa sem perder de vista a mediação cidadã que tem a ver com o próprio fazer artístico.”

No projeto elaborado com vistas à concorrência em editais para a segunda edição, em 2015, está prevista a extensão da mostra a outras cidades. Entre os circuito possíveis: Guarabira, Alagoa Grande, Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras.

Cena de ‘Quincas’, com Grupo Osfodidário (PB)

Com a migração para João Pessoa, Santiago espera implantar o Centro de Investigação Teatral Trupe Artemanha, o CITTA, para verticalizar pedagógica e tecnicamente essa noção de pesquisa continuada junto a outros núcleos.

No bairro paulistano do Campo Limpo, seu grupo ajudou a consolidar o agora rebatizado Espaço Cultural Cita – Cantinho de Integração de Todas as Artes. A meta é retomar o centro aprofundando os horizontes formais em diálogo com a diversidade criativa dos trabalhadores do teatro na cidade. Para tanto, o irmão Léo Santiago, com quem trabalhou na Artemanha, também está vivendo em João Pessoa.

A MIT obteve recursos junto à prefeitura, por meio da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), e da Caixa Econômica Federal, por meio de edital de apoio a festivais. A correalização é do Instituto Artemanha de Artes e da Dupla Face Companhia de Teatro.

.:. O site da MIT PB, aqui.

Jornalista e crítico fundador do site Teatrojornal – Leituras de Cena, que edita desde 2010. Escreveu em publicações como Folha de S.Paulo, Valor Econômico, Bravo! e O Diário, de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Autor de livros ou capítulos afeitos ao campo, além de colaborador em curadorias ou consultorias para mostras, festivais ou enciclopédias. Cursa doutorado em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fez mestrado na mesma área.

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