10.7.2021 | por Mariana Queen Nwabasili
Até que ponto a racialização negra nivela a existência de indivíduos diferentes a uma mesma corporeidade supostamente definidora de múltiplas vivências? Por que parece ser necessário que pessoas negras identifiquem-se coletivamente com a negritude para reivindicar o alargamento de suas humanidades e liberdades, inclusive individualmente? Essas poderiam ser traduções da pergunta “como criar um corpo negro sem órgãos?”, que dá título ao texto do dramaturgo Lucas Moura adaptado e transformado por ele no roteiro da peça-filme Desfazenda – Me enterrem fora desse lugar. A montagem do grupo O Bonde tem direção de Roberta Estrela D’Alva e temporada disponível no canal do Bonde no YouTube, após estreia recente no projeto Palco Virtual do Itaú Cultural em São Paulo.
Leia mais11.7.2019 | por Valmir Santos
No final da peça Eles não usam black-tie (1958), Romana, a mãe, chora e separa feijões sobre a mesa. O filho acabou de deixar a casa. O pai é líder operário, foi preso algumas vezes por defender os direitos de sua classe e articula mais uma greve. Empregado na mesma fábrica, o primogênito fura o movimento com medo do futuro. A namorada engravidou, o casamento vem aí. Pai e filho rompem ideológica e moralmente. A ação se passa num morro carioca dos anos 1950. Finalmente a condição dos trabalhadores é posta em relevo na dramaturgia brasileira por meio da peça de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006).
Corta para Buraquinhos ou O vento é inimigo do picumã. Um menino negro de 12 anos narra sua jornada “pelo mundo” na tentativa de escapar da intolerância de um policial em seu encalço. Na perseguição que perdura quase todo o texto, o militar atira dezenas de vezes, decompondo o corpo dele enquanto a mente voa longe na capacidade de invenção. A fábula-denúncia de Jhonny Salaberg dança por entre a engenhosa construção do imaginário e um apurado senso de observação da “realidade sólida”, segundo o narrador.
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