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“Jucimara Canteiro"

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ANOTA

O novo e 14º espetáculo da Companhia de Teatro Heliópolis, A boca que tudo come tem fome (Do cárcere às ruas), que cumpre temporada de quinta (10) a 3 de agosto no Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez, em São Paulo, traz à lembrança, por contraste, duas peças do santista Plínio Marcos (1935-1999): Barrela (1958), uma noite na cela em que seis presos estão sujeitos a regras próprias tão violentas quanto o sistema prisional do Estado, até que a chegada de um sétimo personagem irrompe descontrole; e, trinta anos depois, A mancha roxa (1988), que também se passa em uma cela, dessa vez em presídio feminino, mostrando seis personagens às voltas com perturbação física e psíquica ou doença que, à época, costumava ser associada à Aids, jamais mencionada no texto, tampouco qualquer outra enfermidade é nomeada.

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Crítica

Em um sistema-mundo disciplinador dos corpos e em um país que, por mais neurótico que se mostre quanto a isto, tem grande parte de sua memória e conhecimento calcados em manifestações culturais afro-indígenas de forte expressividade física, a montagem de obras teatrais que prescindem da verbalização para explorar outras potentes formas de contar estórias poderiam ser mais frequentes. Essa é uma das conclusões possíveis após assistir à peça Cárcere ou Porque as mulheres viram búfalos, encenação da dramaturgia de Dione Carlos pela Companhia de Teatro Heliópolis, sob a direção de Miguel Rocha, em cartaz na Casa Mariajosé de Carvalho, sede do grupo em São Paulo.

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Crítica

Quando a dona de casa Romana fica sabendo da prisão de seu companheiro em Eles não usam black-tie (1958), ela não tem dúvidas. Tira o avental e ruma para a delegacia a fim de libertar Otávio, uma das lideranças na greve dos trabalhadores de uma fábrica carioca nos anos 1950. “Eu sô mulher dele, num sô? Eu vou lá! Meu marido preso, quem é que cuida disso aqui? Eu vou já!”, afirma a moradora de uma favela no morro. Em seguida, a namorada de seu caçula, Terezinha, irrompe dizendo que a molecada da rua pisou e sujou toda a roupa estendida. “Se eu pego um desses moleques eu torço o pescoço. Terezinha, meu anjo, vem cá! Tu dá um jeito na roupa pra mim, dá uma enxaguada. Depois, tu põe o feijão no fogo mais o arroz, tá bom? Eu vou até a polícia”. E vai para uma unidade do Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, órgão do Estado que praticava repressão e tortura a movimentos sociais e militantes políticos. “Vamo depressa se não ele entra na pancada! Cuida do feijão, Terezinha, fogo baixo!”, continua. Num exercício de imaginação, Romana seria mais uma Maria entre Maria Das Dores e Maria Dos Prazeres, as irmãs gêmeas de CÁRCERE ou Porque as mulheres viram búfalos, espetáculo mais recente da Companhia de Teatro Heliópolis, a CTH.

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