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“Vinícius Meloni e Vitor Vieira"

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Crítica

No programa do espetáculo Abnegação, o espectador pode ler um trecho de Elogio à profanação, um artigo do filósofo Giorgio Agambem que critica a análise etimológica da palavra religião como termo derivado de religare e, consequentemente, com o sentido de ligação, união, elo. Para ele religião deriva de relegere, cujo campo semântico abarca eleger, escolher e, portanto, tem significado oposto: tornar sagrado é separar (o divino) da esfera do humano. Assim, enquanto o rito religioso reforça a distinção entre planos, o ato de profanação é aquele que ignora tal separação ao fazer uso particular e utilitário de um objeto de culto que, por acordo cultural de uma coletividade, estaria reservado apenas ao uso ritualizado em campo sagrado. Leia mais

Crítica

Em Abnegação, os atos de fala são privados, mas incidem frontalmente na vida pública. Fala-se muito e grosso nesse circuito fechado do negócio da política partidária encruada no poder. No entanto, tudo que esses sujeitos botam da boca para fora soa espasmódico. A interjeição “opa” é recorrente nesses enunciados tensos e quebradiços. A dramaturgia de Alexandre Dal Farra tem suas potencialidades multiplicadas quando o espectador, no caso, dá menos importância ao expressado verbalmente e deixa-se pautar pelo inaudito. A falha como linguagem projeta-se enquanto realidade da cena. Com ela, afloram o caráter de quatro homens e uma mulher que corrompem a própria palavra em sua ambição desmedida. Os cochichos ao pé do ouvido são reveladores do conluio. Leia mais