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Reportagem

Festival de Curitiba anuncia internacionais

8.1.2015  |  por Helena Carnieri

Foto de capa: Agrupación Señor Serrano

Seguindo uma marca dos últimos anos, o Festival de Teatro de Curitiba deste ano traz na noite de estreia um espetáculo internacional. De 24 de março a 5 de abril, a cidade vive sua lua de mel anual com as artes cênicas, e desta vez conhecerá o trabalho de quatro grupos estrangeiros (dois dos EUA e dois da Espanha).

Forces, peça de maior vigor da grade deste ano, faz a abertura no dia 24 de março no Guairão. Os bailarinos da companhia Elizabeth Streb vivem sob a constante pressão da mestra por saltos mais altos, movimentos mais arriscados, num balé que exige, como diz o título, força, coordenação e trabalho em equipe. A artista norte-americana mescla o teatro físico com acrobacia e acredita que “qualquer coisa que seja totalmente segura não é ação”, conforme declarou em entrevista.

“Ela costuma fazer grandes eventos pirotécnicos”, conta um dos curadores do festival, Celso Curi. “Acho moderno, multicultural, atrevido”, contou à Gazeta do Povo o diretor do evento, Leandro Knopfholz.

As demais atrações internacionais fazem uso de vídeos em formatos pouco vistos por aqui. A house in Asia [foto no alto], do grupo catalão Agrupación Señor Serrano, usa a técnica de bonecos manipulados, cuja ação é projetada num telão. A sátira fala dos “três maiores inimigos dos Estados Unidos”: a baleia Moby Dick, o índio Gerônimo e Bin Laden.

O segundo grupo espanhol, comandado por Roger Bernat, coloca os espectadores para trabalhar em Numax. A peça simula uma sessão decisória (sindical, jurídica?) em que será decidido o futuro da fábrica de eletrodomésticos Numax. A referência é real e alude ao processo de falência da empresa, quando os trabalhadores tentaram assumir sua administração. Fica o aviso: quase todos na plateia são chamados a participar, lendo – ou interpretando — as falas num telão.

Na opção mais intimista, Surfacing (emergindo), o músico e performer norte-americano Holcombe Waller faz um solo em que desabafa sobre sua história e sexualidade. Aqui também entram vídeos de apoio. “O depoimento da avó dele é fantástico”, garante Curi.

Dias de luta, dias de glória será o musical desta edição. Com estreia prevista para março em São Paulo, ele conta a trajetória da banda Charlie Brown Jr. a partir da visão do vocalista Chorão, morto em 6 de março de 2013.

Acrobático
Forces
O espetáculo norte-americano da companhia de Elizabeth Streb une o teatro físico à dança acrobática. Os bailarinos são desafiados em verdadeiras batalhas contra objetos metálicos em movimento. Só para quem tem coração forte.

Interativo
Numax
Os espanhóis dirigidos por Roger Bernat prometem promover um verdadeiro julgamento no Teatro do Paiol, em que será decidido o futuro dos trabalhadores de uma fábrica. Muitas pessoas são instadas a participar, lendo frases de um telão. Só para os corajosos.

Tecnossatírico
A house in Asia
O grupo catalão Señor Serrano manipula bonecos cuja ação – muita ação – é projetada num telão. A história nonsense esconde o índio Gerônimo na casa de Bin Laden no Paquistão e traz ainda um xerife obcecado por uma baleia branca. Só para quem tem senso de humor.

Pessoal
Surfacing
O solo do compositor e performer Holcombe Waller traz muito conteúdo da própria vida, incluindo vídeos com depoimentos e músicas com a incrível voz do artista. Só para os sensíveis.

.:. Texto publicado originalmente na versão on-line do jornal Gazeta do Povo, Caderno G, em 8/1/2015.

Jornalista formada pela Universidade Federal do Paraná, instituição onde cursa o mestrado em estudos literários, com uma pesquisa sobre A dama do mar de Robert Wilson. Cobre as artes cênicas para a Gazeta do Povo, de Curitiba, há três anos. No mesmo jornal, já atuou nas editorias de economia e internacional.

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