Menu

ANOTA

Comer Brecht e Nelson Rodrigues

8.4.2025  |  por Teatrojornal

Foto de capa: Igor Marotti Dumont

Nelson Rodrigues tinha 43 anos quando Bertolt Brecht morreu, em 14 de agosto de 1956, aos 58 anos. O brasileiro escreveu 17 peças em 37 anos, de 1941 a 1978. Viveu 68 anos. Consta que o alemão concebeu pelo menos 48 textos para teatro ao longo de 41 anos, de 1913 a 1954, inclusive quando passou 15 anos no exílio. As obras de Rodrigues (1912-1980) e Brecht (1898-1956), portanto, são filhas do século XX e seguem permeando a cena brasileira, a despeito das temáticas e linguagens diametralmente opostas.

Ambos os dramaturgos estão presentes na temporada de abril na cidade de São Paulo com as estreias de Gente é gente, no Sesc Vila Mariana, espetáculo livremente inspirado na peça Um homem é um homem, de Brecht, escrita entre 1926 e 1956, com direção de Marco Antonio Rodrigues, atuações de Aílton Graça, Dagoberto Feliz, Nábia Villela e demais artistas, sob direção musical de Zeca Baleiro, e de Senhora dos afogados, no Sesc Pompeia, a partir de 25/4, segundo abraço da atual Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona a Nelson Rodrigues em 66 anos de trajetória, desta vez sem a presença de José Celso Martinez Corrêa (1937-2023), que encenou Boca de ouro em 1999. A responsabilidade agora cabe à diretora convidada Monique Gardenberg. O elenco soma Marcelo Drummond, Sylvia Prado, Leona Cavalli, Giulia Gam, Regina Braga, Cristina Mutarelli, Michele Matalon, Muriel Matalon e Roderick Himeros, dentre 23 atuantes e três músicos.

Convém ponderar acerca das ideias e estéticas desses dramaturgos.

O primeiro parágrafo da introdução não-assinada a Vestido de noiva, publicação da icônica Coleção Teatro Vivo (Abril Cultural, 1977), abre com a voz de Rodrigues: “Gosto muito de ficar sozinho olhando o mar. Gosto muito de futebol. Gosto muito da meditação vazia, sem rumo. Gosto de ficar remexendo na memória, sou maravilhado com o passado. E já disse, sem nenhuma piada, que sou uma alma da belle époque. Não gosto da minha época, não tenho afinidades com ela. A meu ver, estamos assistindo ao fracasso do ser humano. Isso não quer dizer que mais adiante ele não se levante, mas no momento o ser humano está de quatro”.

O espetáculo ‘Gente é gente’, releitura de ‘Um homem é um homem’, tem direção de Marco Antonio Rodrigues e está em cartaz no Sesc Vila Mariana, enquanto ‘Senhora dos afogados’, com a Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona e a diretora convidada Monique Gardenberg, estreia no fim do mês no Sesc Pompeia

A propósito do dramaturgo nascido no Recife e que migrou com a família para o Rio de Janeiro ainda na primeira infância, Manuel Bandeira considerava “de longe o maior poeta dramático que já apareceu na nossa literatura”. E Carlos Drummond de Andrade, que realizava “um teatro passado no fundo do ser humano, em vez de um teatro de superfície a que estamos habituados”. Moralista polêmico, o também jornalista Rodrigues dizia que “O único lugar onde pecado tem castigo é no meu teatro”.

Ao analisar a recepção às peças de Brecht, o crítico Anatol Rosenfeld (1912-1973) ponderou que “Em vez da vivência e identificação estimuladas pelo teatro burguês, o público brechtiano deverá manter-se lúcido, em face do espetáculo, graças à atitude narrativa”, como escreveu no livro O teatro épico (Perspectiva), editado pela primeira vez em 1965.

Para o pensador judeu e militante antinazista nascido na Polônia, vivido na Alemanha e refugiado no Brasil, nessa dramaturgia “As emoções são admitidas, mas elevadas a atos de conhecimento”. Ou seja: “O homem não é exposto como ser fixo, como ‘natureza humana’ definitiva, mas como ser em processo, capaz de transformar-se e transformar o mundo”. Afinal, “as desgraças do homem não são eternas e sim históricas, podendo por isso ser superadas”.

Gente é gente

Segundo o diretor Marco Antonio Rodrigues, o ponto central do espetáculo é a história, a transformação, “o grande travestimento” pelo qual passam seus personagens. E não só o protagonista vai se modificando. O estivador Galy Gay, do original Um homem é um homem, surge recriado como Gesualdo Brilhante, um motorista de aplicativo, interpretado por Aílton Graça, papel assumido pelo ator substituto Paulo Américo em algumas sessões.

Na livre adaptação, escrita por Claudia Barral, a vida ordinária de Gesualdo Brilhante, indivíduo com uma inclinação incorrigível para ceder às vontades alheias, sofre uma guinada surreal. Ao sair para comprar mariscos, ele é surpreendido por três soldados do exército que, desesperados com a ausência de um colega em uma missão inesperada, o convencem a assumir o lugar do desertor. O militar ausente, preso após um roubo malfadado em um terreiro de candomblé, desencadeia uma sequência de eventos que obriga Gesualdo a mergulhar em um universo de autoritarismo e violência. 

Em meio à tensão crescente de uma guerra iminente, o personagem, incapaz de resistir ao fluxo, se transforma de um homem comum a mais uma parte na engrenagem implacável de um sistema bélico. Enquanto isso, o espetáculo se desenrola ao som de tambores e confetes, mesclando a iminência do conflito à efervescência de um desfile de carnaval, onde os personagens transitam entre o riso e o desespero, entre o grotesco e o sublime.

O diretor diz que a ideia parte da variedade de tipos brasileiros e chega nas mutações pelas quais o homem está passando hoje e como pode ser transformado. No mundo contemporâneo, viver essas mudanças requer negociar o tempo inteiro, e para a arte isso seria muito violento e doloroso. “Vivemos um tempo que é um interregno”, afirma.  “A raiz da mistura é o que interessa para nós, e, assim como essa mescla é um grande patrimônio, também é um grande karma.”

Leekyung Kim Ao centro, Paulo Américo (boina) é o motorista de aplicativo Gesualdo Brilhante, papel revezado por Aílton Graça em ‘Gente é gente’, livre adaptação da peça ‘Um homem é um homem’, de Bertolt Brecht, uma direção de Marco Antonio Rodrigues

Marco Antonio Rodrigues ambiciona refletir sobre as escolhas, ou a falta delas, que moldam o caráter de cada ser na sociedade. E, por outro lado, acerca da fragilidade diante das forças que todo cidadão enfrenta no meio do caminho.

Para tanto, sua concepção de espetáculo alinha o samba, expressão genuína da cultura popular, e o já citado candomblé, no campo da espiritualidade, promovendo assim uma espécie de síntese das raízes afro-brasileiras.

Entre os assuntos abordados de forma expandida, estão as consequências da mudança climática e a violência da polícia, esta retratada pelo exército. “De certa forma, o exército é uma capa para o que somos. Viramos colonizadores de nós mesmos. Temos uma polícia dentro de nós. Como lidar com tudo isso é a questão da peça”, afirma.

O diretor comenta a respeito da estrutura arquetípica do teatro e faz referência à tragicomédia Woyzeck, do igualmente alemão Georg Büchner (1813-1837), em que uma experiência transforma o personagem-título, soldado e barbeiro de um capitão do exército, em uma fera. Mutação que, em sua ótica, também aconteceria na peça de Brecht e permitiria uma aproximação à realidade política brasileira.

“É a primeira vez na história desta República, que é produto de golpe militar, desde sempre – a instalação da República já é um golpe militar, depois um militar dá golpe no outro e por aí vai, numa sucessão de golpes… –, enfim, é a primeira vez que os militares estão sendo colocados na parede, um momento histórico, raro. É quase uma lição que o Brasil está dando para o mundo, ser possível lutar por justiça numa perspectiva maior”, diz Marco Antonio Rodrigues, ex-integrante e cofundador do Folias d’Arte, em 1997, grupo norteado pelas teorias de Brecht, de quem também buscou inspiração em trabalhos como Surabaya, Jhony! (2000), Happy end (2000), coprodução com o Grupo TAPA, com a qual o Galpão do Folias foi inaugurado em 2000, no bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo, e Single singers bar (2002), show músico-teatral que versava sobre a relação artista-espectadores.

Para Claudia Barral, dramaturga com formação em psicanálise e que também exerce a clínica, o desafio maior da adaptação Gente é gente foi o de levantar “as questões suscitadas pela contemporaneidade, pelo Brasil”. “A última década impôs desafios políticos, econômicos, éticos, sanitários impensáveis. Então, como é ser gente hoje quando tudo parece nos roubar humanidade? Que outras guerras lutamos, além das que Brecht viu? Nesse sentido, estamos bastante distantes do original, já que nosso mundo é outro. A questão que permanece é quem sou eu?”, elabora.

Grupo Galpão

De volta à peça-motriz, Um homem é um homem começou a ser escrita em torno de 1920, mas sua primeira publicação é de 1927. Daí até a morte de Brecht, em 1956, houve três versões publicadas: em 1929, 1938 e 1953. Essas e outras alterações se deram em função das violentas transformações ocorridas no século XX, vide ascensão do nazismo, Segunda Guerra Mundial, divisão da Alemanha, entre outras mudanças, conforme o ator Eduardo Moreira, cofundador do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, no sétimo diário de montagem relativo a Um homem é um homem, que estreou em 2005, tendo como diretor convidado o ator Paulo José (1937-2021).

“A transformação do pequeno-burguês Galy Gay numa máquina de combate”, como observou Brecht durante exílio na Dinamarca, em 1936, ou a transformação de um homem comum em um guerreiro implacável, verdadeira máquina mortífera “nascida para matar”, como descreveu Paulo José quando o espetáculo estreou em um circo erguido no quintal da Casa do Conde, região central da capital mineira. Tudo registrado em Grupo Galpão: diário de montagem – Volume 7, Um homem é um homem, organizado por Moreira (Edições CPMT, 2014).

“Nossa adaptação de Um homem é um homem permite que se coloquem em cena as teorias que orientam a política externa americana de hoje, expondo os motivos reais de suas ações bélicas, deixando claro que elas não são uma calamidade inevitável, como os terremotos e outros grandes acidentes da natureza, mas atos criminosos que podem ser denunciados, combatidos e evitados”, afirmou Paulo José. Ele já havia trabalhado na tradução em 1965, com Mário Silva, cotejando versões em inglês e francês, em projeto abortado no Teatro de Arena no início da ditadura civil-militar (1964-1985), e voltava à carga em 2005, 40 anos depois, com o Galpão.

Leekyung Kim Dagoberto Feliz interpreta Sargento Sanguinário e Nábia Villela, Dona Amorosa, no espetáculo ‘Gente é gente’, em cartaz no Teatro Antunes Filho do Sesc Vila Mariana

Aliás, raramente uma companhia brasileira pontuaria Bertolt Brecht e Nelson Rodrigues na linha de tempo. Em geral, elegeria um ou outro. Pois o Galpão abrigou ambos no currículo. Deu um cavalo de pau na comédia de rua para mergulhar na tragédia moderna de Álbum de família (1990), sob direção de Eid Ribeiro, no âmbito do projeto Trópico e Obsessão, marco da primeira década da morte do dramaturgo. “Retiramos o que havia de realismo psicológico para realçar o aspecto mítico. Na peça, o Nelson reúne todas as possibilidades de incesto. Criamos um ritual litúrgico e poético, com imagens do inconsciente que traduzem a essência da relação familiar”, disse Ribeiro em entrevista ao jornal O Globo, segundo narra Grupo Galpão: 15 anos de risco (1999), livro editado pelo grupo e organizado por Carlos Antônio Leite Brandão.

Senhora dos afogados

Outro bom exemplo de exceção à regra nas convicções ao encarar tanto Nelson Rodrigues como Bertolt Brecht desponta no legado da Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona.

Quis o destino que Galileu Galilei estreasse em 14 de dezembro de 1968, dia seguinte à decretação do Ato Institucional nº 5, o AI-5, que aprofundou a repressão, a tortura e a censura no período da ditadura civil-militar. No ano seguinte, foi a vez de Na selva das cidades. Esta, como aquela, com direção de José Celso Martinez Corrêa.

Depois vieram O casamento do pequeno-burguês (1969), dirigida por Luís Antônio Martinez Corrêa (1950-1987), irmão do cofundador do Oficina, e Acordes (2012), definida como uma antropologia musical da ópera de Brecht e Paul Hindemith, por Zé Celso.

Nelson Rodrigues, por seu turno, só havia sido abraçado pelo Oficina uma vez, como dito, com a tragédia carioca Boca de ouro. Uma segunda oportunidade transcorre 26 anos depois, com Senhora dos afogados, considerada uma das peças míticas do autor, conforme a subdivisão delineada pelo crítico Sábato Magaldi (1927-2016) e endossada pelo próprio dramaturgo (completam esse agrupamento Álbum de família, Anjo negro e Dorotéia).

Quinta na linha de tempo, Senhora dos afogados foi escrita em 1947 e logo censurada pela justiça – a ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, durou formalmente até o ano anterior. A estreia aconteceu apenas em 1º de junho de 1954, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob direção de Bibi Ferreira e atuações de Nathália Timberg, Sonia Oiticica, Ribeiro Fortes e demais atores.

A ação superpõe dois ambientes, a casa dos Drummond e o café do cais. Misael é o pai de família (Marcelo Drummond), casado com Dona Eduarda (Leona Cavalli). Moram com o casal de filhos Moema (Lara Tremouroux) e Paulo (Kael Studart). Quando a história principia, as outras duas filhas, Dora (Clarisse Johansson) e Clarinha (Larissa Silva), recém morreram, razão da atmosfera de luto fechado. Coabita ainda Dona Marianinha (Regina Braga), a avó, que “anda de um lado para outro, numa excitação de doente. É a doida da família”, como diz a rubrica na abertura do primeiro ato.

“Nas paredes, retratos a óleo dos antepassados. Em cena, também os vizinhos. São figuras espectrais. Um farol remoto cria, na família, a obsessão da sombra e da luz. Há também um personagem invisível: o mar próximo e profético, que parece estar sempre chamando os Drummond, sobretudo as suas mulheres”, continua Rodrigues na descrição. Além do coro dos vizinhos, há o coro das mulheres do cais, as prostitutas.

A presença coral é tributária das tragédias clássicas gregas, interpelando as personagens, exprimindo os sentimentos das pessoas espectadoras, exercendo, enfim, “a função de intermediário, uma espécie de eco da sabedoria popular, traço de união entre público e atores”, como define o especialista em mitologia grega Junito Brandão em Teatro grego: origem e evolução (Ars Poética, 1992). Já no programa de mediação da primeira montagem, Rodrigues propunha: “O que caracteriza uma peça trágica é o poder de criar a vida e não imitá-la. Isso a que se chama ‘vida’ é o que se representa no palco, e não o que vivemos cá fora”.

Igor Marotti Dumont Atuantes do núcleo da família Drummond em ‘Senhora dos afogados’ (1947), uma das peças míticas de Nelson Rodrigues e segunda visita da atual Companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona ao dramaturgo, tendo Monique Gardenberg como diretora convidada, após ‘Boca de ouro’, que José Celso Martinez Corrêa dirigiu em 1999

Segundo Sábato Magaldi, uma das inspirações de Rodrigues em Senhora dos afogados foi a trilogia Electra enlutada (1931), do dramaturgo estadunidense Eugene O’Neill (1888-1953). A maior parte das ações de A volta ao lar, Os perseguidos e Os fantasmas tem lugar dentro ou nos arredores da mansão dos Mannon, nos subúrbios de uma das cidades marítimas da Nova Inglaterra, no leste dos Estados Unidos. O’Neill, por sua vez, referenda o dramaturgo grego Ésquilo, considerado pai da tragédia, cuja trilogia Oréstia (458 a.C.) apresenta a personagem Electra a vingar a morte do pai matando a mãe e seu amante.

Na trama tecida por Rodrigues, aos poucos se saberá da convivência sob o mesmo teto de parentes que cometeram crimes. Uma gente movida pela força do desejo, notadamente o incesto, bem como pelo ódio. O passado é precipitado pela presença da personagem do Noivo. Uma segunda rubrica ainda no primeiro ato, mais alentada, ajuda a retratar o que virá: “Toda a família se reúne num grupo estático. O único sentado é o próprio Misael, o chefe de família, que acaba de chegar do banquete. Há nele qualquer coisa de profético, nos olhos duros, na barba imensa e negra, nas faces fundas. Faz pensar também numa intensa sensualidade contida. A seu lado, à direita, nobre e altiva, d. Eduarda; à esquerda, fria e inescrutável, Moema. Ao lado da irmã, Paulo, com uma expressão de doçura feminina. Aos pés de Moema, a avó. Todos imóveis e convencionais, como se o grupo fosse uma pose de fotografia. Vêm os vizinhos e atiram insultos contra a família; têm esgares; gestos de ira, de maldição. Os Drummond nada sentem, nada veem”.

A diretora Monique Gardenberg vê Senhora dos afogados como uma tragédia delirante. “Imagino uma montagem operística, com interferências audiovisuais, atmosferas sensoriais e presença de um grande coro alegórico das putas do cais, que nos evoque Zé, e nos deixe contar, com toda potência possível, a desvairada história dos Drummond.”

O elenco conjuga diferentes gerações que contracenaram em criações da companhia desde a reabertura do Teatro Oficina, em 1993, com Ham-let, direção de Zé Celso. A começar pelo atuante no papel-título do Príncipe da Dinamarca criado por Shakespeare, Marcelo Drummond, integrante do grupo desde 1986, viúvo de Zé Celso. Agora, ele é Misael, enquanto Leona Cavalli, Dona Eduarda. A atriz fez Ofélia em Ham-Let e ora reencontra em cena Sylvia Prado e Giulia Gam, colegas que, como ela, já interpretaram Cacilda Becker (1921-1969) em dramaturgias de Zé Celso encenadas por ele no Oficina.

Também conhecida pelo trabalho como produtora cultural, Gardenberg conheceu Zé Celso nos anos 1980. Em 1994, levou Ham-Let para temporada no Rio de Janeiro, encenada no Parque Lage, Jardim Botânico, assim como produziu a estreia de Esperando Godot, em 2001, na mesma cidade, com direção de Zé Celso. A peça de Samuel Beckett (1906-1989) ganhou versão cinematográfica em 2021, sob pandemia, com direção de Gardenberg e Zé Celso, que viria a montar nova versão do texto, em 2022, no palco projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) com duas plateias espelhadas, no Sesc Pompeia, o mesmo a ser ocupado por Senhora dos afogados.

Sobre essa peça, Zé Celso cogitou montá-la. Em 3 de abril de 2008, previu que o faria no ano seguinte àquele do cinquentenário do Oficina. Em entrevista à repórter Márcia Abos, de O Globo, foi perguntado se assistiria às versões dos diretores Antunes Filho e Zé Henrique de Paula que estavam em cartaz em São Paulo naquele momento. Respondeu que pretendia: “Sou antropófago”. Ou seja, pela enésima vez assumiu total filiação/imaginação à teoria cultural do escritor Oswald de Andrade, autor do Manifesto antropofágico (1928) e da peça O rei da vela (1937), que só seria encenada em 1967 por Zé Celso e Oficina. “Toda informação é muito estimulante. Isto é um luxo, um privilégio, ao qual agradeço. Falta sempre tudo a ser dito sobre o poeta Nelson, que exatamente por ser poeta, é indecifrável. Sempre terá novas perspectivas.”

[Este conteúdo tem apoio do Sesc São Paulo]

Serviço

Gente é gente

De 29 de março a 4 de maio de 2025.

Quarta (16/4 e 30/4), 15h. Quinta a sábado, 21h. Domingo e feriado (21/4), 18h.

Sessões acessíveis (LIBRAS e audiodescrição): domingo (27/4), 18h, e quarta (30/4), 15h.

100 minutos | 16 anos | 620 lugares .

R$ 21,00 (credencial plena), R$ 35,00 (meia entrada) e R$ 70,00 (inteira).

Teatro Antunes Filho – Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141, Vila Mariana, tel. 11 5080-3000).

Camila Bevilacqua Durante ensaio da adaptação brechtiana, Ailton Graça contracena com Núbia Vilela e Paulo Américo

Ficha técnica

Texto livremente inspirado na obra Um homem é um homem, de Bertolt Brecht

Autora: Claudia Barral

Dramaturgista: Silvia Viana

Direção: Marco Antonio Rodrigues

Trilha sonora original e direção musical: Zeca Baleiro

Cenografia: Márcio Medina

Figurinos: Cássio Brasil

Iluminação: Gabriele Souza

Elenco:

Paulo Américo/Aílton Graça – Gesualdo Brilhante

Barroso – Jeremias Leite, Cabo Assistente Sargento Sanguinário

Caio Silviano – Tonho Tropeiro

Dagoberto Feliz – Sargento Sanguinário

Fernando Nitsch – Paulo Porta

Joice Jane Teixeira – Mãe Elza, Assistente Dona Amorosa

Kátia Naiane – Marta, Assistente da Dona Amorosa

Nábia Villela – Dona Amorosa

Rodrigo Scarpelli – Jesse Silvano

Gravação em Estúdio

Músicos:

Swami Jr. – Violão, violão 7 cordas e baixo

Henrique Araújo – Cavaquinho e bandolim

Tiquinho – Trombone

Douglas Alonso – Percussão

Arranjos: Swami Jr., Zeca Baleiro e músicos

Gravado nos estúdios Al Gazarra, Ímã e Space Blues, por Alexandre Fontanetti, Pedro Luz, Swami Jr. e Zeca Baleiro

Mixado e masterizado por Walter Costa

Assistente de direção: Luana Freire

Assistente de cenografia: Nélio Teodoro

Preparação corporal e coreografias: Kátia Naiane

Aderecista: Marcela Donato

Coordenação e execução de cenografia: Blue Bird Produções Artísticas

Produção de cenografia: Mauro Amorim e Patrícia Almeida

Operação de luz: Zerlô

Som: Gabriel Hernandes

Estagiária: Franciska Marcoff

Ouvintes: Ana Tolezani, Gabriela Woods e Patrícia Maruccio

Fotos do programa: Camila Bevilacqua e Leekyung Kim

Designer gráfico: Zeca Rodrigues

Assessoria de imprensa: Fernanda Teixeira e Maurício Barreira – ArtePlural

Produção executiva nos estúdios: Fernanda Tein

Produção montagem: Camila Bevilacqua

Produção executiva: Daniele Carolina Lima

Diretor de produção: Luís Henrique Luque Daltrozo

*

Serviço

Senhora dos afogados

De 25 de abril a 11 de maio de 2025.

Terça a sábado, 20h (sábado 16/4, também 16h); domingo e feriado (1º/5), 18h.

120 minutos | 18 anos | 774 lugares .

R$ 21,00 (credencial plena), R$ 35,00 (meia entrada) e R$ 70,00 (inteira).

Teatro Sesc Pompeia (Rua Clélia, 93, Pompeia, tel. 11 3871-7700).

Igor Marotti Dumont Regina Braga como Dona Marianinha, a avó, “a doida da família”, segundo Nelson Rodrigues, na casa encabeçada por Misael, Marcelo Drummond

Ficha técnica

Família Drummond

Misael Drummond: Marcelo Drummond

Dona Marianinha: Regina Braga

Dona Eduarda: Leona Cavalli

Moema: Lara Tremouroux

Paulo: Kael Studart

Dora: Clarisse Johansson

Clarinha: Larissa Silva

Vizinhas

Cristina Muttarelli, Giulia Gam, Michele Matalon e Muriel Matalon

Cais

Noivo: Roderick Himeros

Mãe do Noivo: Sylvia Prado

Dona: Vick Nefertiti

Vendedor de Pentes: Marcelo Darlouzi

Sabiá:  Alexandre Paz

Mulheres da Vida: Daniele Rosa, Kelly Campelo, Mariana de Moraes, Selma Paiva e Zizi Indio do Brasil

Clientes: Tony Reis e Victor Rosa

Banda: Carlos Eduardo Samuel, Felipe Botelho e Pedro Manesco

Direção: Monique Gardenberg

Vídeo: Igor Marotti Dumont, Ciça Lucchesi

Arte & arquitetura cênica: Marilia Piraju

Figurino: Cássio Brasil

Maquiagem & visagismo: Sonia Ushiyama

Luz: Wagner Pinto e Sarah Salgado

Música: Felipe Botelho

Som: Camila Fonseca

Adereços: Abmael Henrique

Máscaras: Ricardo Costa

Produção: Tati Rommel, Ana Sette e Filipe Fonseca

Produção executiva: Anderson Puchetti

Cena: Elisete Jeremias e Rafael Bicudo

Assistência de direção: Maria Borba, Vinícius Tardite e Anderson Moreira Sales

Câmera ao vivo: Igor Marotti Dumont

Vídeo: Ciça Lucchesi

Luz: Carina Tavares (produção), Victoria Pedrosa e Pedro Felizes (operação)

Som: Clevinho Ferreira (assistente)

Palco: Guira Bara (técnico)

Microfonista: Nick Guaraná

Assistência de produção: Sofia Rommel

Figurino: Danni Tocci (assistente), Ana Flávia Manfredini e Mariana Rosim (estagiárias)

Maquiagem & visagismo: Érica Gabi e Patrícia Boníssima (assistentes)

Camareira: Cida Melo e Dan Salas (assistente)

Cenotécnicos: Cássio Omae, Bruno Ramon, Brenda Stephanie, Cléber Martins, Deoclécio Alexandre, João Tadeu e Rivaldo Trevor

Identidade visual & fotografia: Igor Marotti Dumont Fotografia da Mãe: Roseane Moura

Pela equipe do site Teatrojornal - Leituras de Cena.

Relacionados