30.6.2023 | por Valmir Santos
“Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam”. O neologismo “velhar”, por subentendido, salta das primeiras linhas do conto Fita verde no cabelo (Nova velha estória), de João Guimarães Rosa, de 1964, feito verbo a sugerir seres inertes diante da vida. Seres, por assim dizer, antípodas às personagens assalariadas, moradoras na periferia urbana e ora desempregadas em Mãos trêmulas, a peça em que a mulher que costura figurinos para teatro há 60 anos e o auxiliar de cozinha que exerceu a função por 50 anos são pródigos em nadar contra a maré. Coisa que a equipe de criação do espetáculo também o faz em termos de contrapés temporais e espaciais na narrativa e na encenação abertas ao insólito e ao cotidiano para falar de afetos transformadores profundos no encontro de sujeitos sociais atuados por Cleide Queiroz e Plínio Soares.
Leia mais20.1.2016 | por Valmir Santos
São muitas as peculiaridades deste Repertório [em cartaz no Sesc Vila Mariana, São Paulo, de 5/11/2015 a 30/1/2016]. Ele combina um clássico constante nos palcos brasileiros a outro raramente montado entre nós. Atores de diferentes gerações e estilos desdobram-se em múltiplos papeis. Jogo de cintura que também é exigido do diretor Ron Daniels e seus colaboradores. Leia mais
1.6.2014 | por Daniel Schenker
O público carioca está tendo a oportunidade de entrar em contato com a dramaturgia do inglês Mike Bartlett por meio de duas montagens, Cock – Briga de galo, em cartaz no Teatro Poeira, e Contrações, em temporada no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil. A partir desses dois textos, dados gerais, tanto no âmbito estrutural quanto no temático, sobressaem logo de início: na primeira esfera, a tendência a priorizar frases curtas e poucos personagens; na segunda, o destaque ao aumento da pressão sobre um personagem, que faz com que a ação evolua rumo a um clímax. Leia mais
15.10.2013 | por Valmir Santos
O quarto espetáculo do Grupo 3 de Teatro constitui prato cheio para os criadores habituados a transformar tudo em ação: a palavra, o gesto, o espaço, a luz, a sonoridade e tudo mais que estimule o jogo de cena. Desde o ventre de seu nome, Contrações, a peça do inglês Mike Bartlett já sinaliza as potencialidades físicas e faladas. Os diálogos enxutos, a codependência de quem comanda e é comandado, o rumor do assédio moral e a circunscrição de um ambiente corporativo são algumas das possibilidades formais e temáticas operadas pela diretora Grace Passô e pelas atrizes Débora Falabella e Yara de Novaes. Leia mais
3.9.2013 | por Valmir Santos
Artigo concebido para o programa da Mostra de Repertório Grupo 3 de Teatro, que acontece de 3/9 a 6/10 no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, apresentando A serpente, O continente negro e O amor e outros estranhos rumores – 3 histórias de Murilo Rubião.
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Assim como o drama é movido a conflitos nas ações, estados e efeitos que emenda, o seu resultado também depende da tensão vital entre cena e espectador. Pororoca de ruídos essenciais para que a obra diga a que veio, instaurando sentidos e ressignificações. Leia mais