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“Eduardo Galeano"

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ANOTA

No prefácio à mais recente tradução de As veias abertas da América Latina no Brasil, de 2010, o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) admitiu: “Sei que pode parecer sacrílego que este manual de divulgação fale de economia política no estilo de um romance de amor ou de piratas”. Por manual de divulgação entenda-se “um inventário da dependência e da vassalagem de que a América Latina tem sido vítima, desde que aqui aportaram os europeus no final do século XV”, como informa a L&PM Editores na contracapa.

O livro mais conhecido do ensaísta e ficconista inspira a pesquisa e criação do 14º espetáculo da Aquela Cia, Veias abertas 60 30 15 seg, no marco dos 20 anos de trabalho continuado na cidade do Rio de Janeiro, manejando memória coletiva, fabulação e imaginário social no campo das artes da cena, como se viu em Caranguejo overdrive (2015) Guanabara canibal (2017). A temporada de estreia nacional acontece no Sesc Pompeia, em São Paulo, entre 11 de junho e 4 de julho.

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Crítica

Maria Cândida, a audaz

22.6.2023  |  por Valmir Santos

Quanto mais prospecta as origens, mais a atriz sedimenta corpo e voz à memória da avó materna, Maria Cândida, que viveu 30 anos ao ritmo de rotação por minuto de quem alcançou mais que o dobro, a exemplo de Nena Inoue, autodeclarada na casa dos 60 e principal elo nesse entremundos. Em Sobrevivente, as únicas materialidades acerca da existência daquela mulher seriam o respectivo atestado de óbito, ora digitalizado e exibido em tela, e a deliciosa história de que a avó deixava a panela de arroz queimar levemente, de propósito, só para raspar a casquinha e compartir com as duas filhas ainda crianças. Hábito de cozinha que a neta artista herdou inconscientemente ou, melhor, ancestralmente, conforme a experiência de fruir a obra permite constatar.

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Crítica

Vozes encorpadas

5.10.2018  |  por Valmir Santos

O desinvestimento da vida em populações latino-americanas é um traço histórico a partir do qual artistas reagem feito um grito desengasgado. Elaboram poéticas do espanto diante de realidades brutais. Nos espetáculos Para não morrer e Há mais futuro que passado – um documentário de ficção, por exemplo, as estruturas de silenciamento e apagamento levam artistas, majoritariamente mulheres, a reavivarem as lutas e perspectivas daquelas que vieram antes e abriram caminhos até a contemporaneidade. Corpo e voz forjados para denunciar o machismo disseminado em sociedades patriarcais e colonizadas. Leia mais

Crítica

Proibido para menores de 16 anos, o mais novo espetáculo do Clowns de Shakespeare deveria estender sua restrição a todo e qualquer representante da tradicional família brasileira. A menos que estejam todos dispostos a enfrentar um necessário debate sobre os valores humanos, sociais e políticos levados diariamente de casa para o meio da rua ou fazendo o caminho inverso. Leia mais

Crítica

Riscos e braços fraternos

20.12.2014  |  por Valmir Santos

Uma vez expressa com verdade, nascida da necessidade de dizer, não há como deter a voz humana. Quando censurada a boca, ela fala pelas mãos, pelos olhos, pelos poros ou por onde quer que seja. Essa percepção compõe uma das narrativas breves que o escritor Eduardo Galeano imprime em El libro de los abrazos (1989), cujas páginas e lampejos inspiram a dramaturgia do novo espetáculo do grupo Clowns de Shakespeare. Leia mais