20.6.2023 | por Ana Marinho
Tatiana – Você não é muito exigente, eu sei. Mas o que é que há de interessante aqui?
Teteriev – As pessoas ajustando suas vidas. Eu adoro ouvir os músicos no teatro afinando os violinos, os sopros.
Máximo Gorki, Pequenos burgueses
As tantas vezes em que Fernando Teixeira assistiu ao espetáculo Pequenos burgueses, trinta e seis, me conduzem nessa tentativa de apresentar sua autobiografia, um texto escrito por um ator e encenador de teatro paraibano que viveu e vive mais de 60 anos com as gentes do teatro, com as gentes das artes e da cultura, com as gentes que vivem no risco, que visitam lugares de trauma, seus, nossos, de tanta gente, mas, principalmente, lugares de encontro. São encontros, mais do que desencontros que aparecem na narrativa de Fernando e são eles que importam. Lugares em que o humor e a alegria de um homem que olha para trás, para o trás ontonte, nos ensinam sobre os processos de autoconhecimento. E digo lugares porque os lugares são sempre políticos, estão nos caminhos cotidianos da conquista, da ocupação, da luta. Fernando lutou a vida inteira, e luta ainda, por lugares nos quais as vidas importem, as viventes e os viventes possam olhar para trás e fazer, como ele, um percurso de aprendizagem. Fernando não ensina, aprende, apreende, numa narrativa autobiográfica que não segue modelos, deslisa por gêneros de escrita de si, de escritos sobre si, sobre nós, sobre a gente.
Leia mais22.3.2014 | por Ferdinando Martins
O horário é pouco provável para uma sessão de teatro adulto, quatro da tarde em uma quinta-feira. Na entrada do teatro, a fila impressiona. Cabelos brancos são comuns. Bolachas e chás são oferecidos enquanto o saguão do Teatro Frei Caneca, em São Paulo, lota. Essa cena tem se repetido desde a estreia de A última sessão, texto e direção de Odilon Wagner, com um elenco muito particular. Leia mais