Jornalista e produtor cultural, com passagens pelo Teatro Oficina e Ágora Teatro, entre outros. Doutor em Sociologia com tese sobre o teatro paulista na década de 1960. Professor nas áreas de História e Teoria do Teatro na Universidade de São Paulo. Diretor do Teatro da USP. Coordenador de Cooperação Cultural entre a USP, a Universidade Nacional Autônoma do México e a Universidade de Buenos Aires. Coordenador Acadêmico do Programa Nascente/USP. Pesquisador do Laboratório de Informações e Memória do Departamento de Artes Cênicas, CAC/USP. Realizou pesquisas sobre a produção cultural em países da América Latina (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e México) e do Oriente Médio (Turquia e Irã). Além da área de produção em artes cênicas, trabalha com questões relacionadas a gênero e sexualidade no teatro. No momento, coordena a pesquisa “Teatralidade e performatividade na produção de corpos abjetos no teatro brasileiro contemporâneo”.
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20.3.2017 | por Ferdinando Martins
Já se tornou banal falar sobre a crise da representação e o esfacelamento dos limites entre o real e a ficção no teatro contemporâneo. São muitos os experimentos artísticos que problematizam essas questões, acompanhados de reflexões críticas que colocam em xeque as convicções do pensamento ocidental que estabeleceram fronteiras rígidas sobre o que existiria de fato e o que seria invenção. No entanto, a curadoria da 4ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, ao escolher o documentário como um de seus eixos estruturantes, trouxe obras que alçaram esta discussão a um patamar mais elevado.
Nesse sentido, a mostra especial do libanês Rabih Mroué permite refletir sobre as maneiras que o teatro contemporâneo, ao embaralhar os registros real/ficcional, recupera a relação com a pólis, expandindo o espetáculo para além da sala de espetáculos. Leia mais
6.9.2016 | por Ferdinando Martins
Terminou nesse domingo a 17ª edição do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília. Ainda que com orçamento reduzido, foram apresentados 29 espetáculos, nacionais e estrangeiros, além de atividades paralelas de formação de público e de intercâmbio cultural e artístico. Leia mais
25.8.2016 | por Ferdinando Martins
É provável que todo espectador de teatro tenha, em algum momento, se perguntando como surgem e se desenvolvem as ideias que criam um espetáculo. O que preservar e o que descartar? Qual o momento em que a obra é declarada concluída e pronta para ser apresentada ao público? O que é mais importante, o repertório do artista ou sua originalidade? Existe uma separação entre a realidade e a ficção? Ainda que não seja possível haver explicações conclusivas sobre os processos criativos, o debate sobre esse tema aparece de maneira muito instigante na produção uruguaia A ira de Narciso e na argentina As ideias, que estarão na quarta edição do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos, de 8 a 18 de setembro, uma realização do Sesc São Paulo. Leia mais
5.8.2016 | por Ferdinando Martins
No final de 2015, um anúncio nos jornais procurava “artistas amadores e pessoas sem experiência no palco para espetáculo teatral”. O trabalho seria remunerado. Mais de duzentas pessoas responderam a esse chamado e, em abril deste ano, junto com cinco atores profissionais, treze delas estrearam no Sesc Consolação, em São Paulo, a peça Amadores, da Cia. Hiato, com direção de Leonardo Moreira. Leia mais
24.6.2016 | por Ferdinando Martins
Um dos traços peculiares das artes contemporâneas é o embaralhamento dos registros ficcional e autobiográfico, criando formas múltiplas e híbridas nas quais o relato pessoal converte-se em obra. Buscar a confusão e o desnorteamento do receptor tornou-se um traço estilístico que gera zonas de indeterminação potentes e positivas, abrindo brechas para a emergência da subjetividade do espectador em uma participação compulsória na qual o resultado nunca está pré-definido.
Essa característica, porém, traz o risco do processo ratificar generalizações e ideias equivocadas. Isso acontece, muitas vezes, com o legado do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996). Leia mais
17.5.2016 | por Ferdinando Martins
Ela pegou o bonde certo, mas pensou estar errada. Desejo é um subdistrito em New Orleans, Luisiana, no caminho para se chegar à Avenida Champs Elysée, onde vivem Stella e Stanley Kowalski. O bairro chama-se assim em homenagem a Desirée Clary, ex-noiva de Napoleão Bonaparte. Desirée era francesa, como o nome de Blanche Dubois (Bosque Branco) e de sua propriedade perdida em razão de dívidas, Belle Rêve (Belo Sonho). O bonde e a avenida são mencionados uma única vez no texto de Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams. A propriedade, 18 vezes. Leia mais
28.4.2016 | por Ferdinando Martins
Dotados de energia esfuziante, os atores enchem a sala preta do Espaço dos Satyros Um com roupas e cabelos coloridos. Nos rostos, próteses e (muita) maquiagem. Apesar de estarem ali para representar personagens extraídas de situações reais, nada os aproxima de uma encenação naturalista. Ao contrário, a atmosfera de Pessoas sublimes é etérea, nebulosa, lusco-fusco. Aos poucos, o espectador Leia mais