30.6.2023 | por Valmir Santos
“Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam”. O neologismo “velhar”, por subentendido, salta das primeiras linhas do conto Fita verde no cabelo (Nova velha estória), de João Guimarães Rosa, de 1964, feito verbo a sugerir seres inertes diante da vida. Seres, por assim dizer, antípodas às personagens assalariadas, moradoras na periferia urbana e ora desempregadas em Mãos trêmulas, a peça em que a mulher que costura figurinos para teatro há 60 anos e o auxiliar de cozinha que exerceu a função por 50 anos são pródigos em nadar contra a maré. Coisa que a equipe de criação do espetáculo também o faz em termos de contrapés temporais e espaciais na narrativa e na encenação abertas ao insólito e ao cotidiano para falar de afetos transformadores profundos no encontro de sujeitos sociais atuados por Cleide Queiroz e Plínio Soares.
Leia mais22.6.2020 | por Teatrojornal
Ao revisitar o universo das radionovelas, o espetáculo Caros ouvintes alinhou entretenimento e reflexão sobre as transformações nas plataformas de difusão a partir de meados do século XX – do rádio para a TV – e problematizou o tom reacionário de como elas foram recebidas nos campos da política e dos costumes por parte da sociedade brasileira. A ação se passa em 1968, sob ditadura civil-militar. As abordagens que se revelam atuais estimulam a pensar ainda a respeito da construção de presença na relação dos artistas com o público. Ontem, pelas ondas radiofônicas. Hoje, sob o imperativo da internet, para a qual convergem os conteúdos da televisão e do cinema, ainda mais prevalente no contexto da pandemia. A 33ª edição do Encontro com Espectadores foi pontuada por assuntos como estes ao receber o autor e diretor Otávio Martins e o ator Dalton Vigh. Eles conversaram com o público em 29 de setembro de 2019, na sala Vermelha do Itaú Cultural, sob mediação da jornalista Beth Néspoli. As participações da atriz Agnes Zuliani e do ator Alex Gruli ampliaram as leituras a propósito da criação que estreou em 2014 e cumpriu diversas temporadas desde então, sendo a mais recente, no Teatro Vivo, interrompida em março pela Covid-19.
Leia mais12.5.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
Os grandes nomes da moda sempre visitaram as artes cênicas. Desde que Chanel concebeu os trajes de várias produções do Ballets Russes, no início do século 20, os estilistas são chamados a assinar figurinos para dança, ópera e teatro. Christian Lacroix, Valentino, Versace e Stella McCartney são apenas alguns dos representantes desse intenso trânsito entre palco e passarela. Leia mais
4.10.2013 | por Valmir Santos
Se o espectador experimentar fechar os olhos em algum momento da sessão de Myrna sou eu notará mais a fundo o quanto o trabalho de voz de Nilton Bicudo é matricial nos modos de escuta e apropriação do folhetim de Nelson Rodrigues. Leia mais
17.9.2013 | por Valmir Santos
O solo Eu não dava praquilo se sobressai ao historiar a vida de Myrian Muniz (1931-2004) e, com ela, rememorar personalidades e situações indicativas da modernização do teatro brasileiro em seu período essencial de consolidação nas décadas 1960 e 1970.
Cassio Scapin, na atuação e coautoria do roteiro, e Elias Andreato, na direção, evitam os tons saudosista ou didático. Vão direto ao ponto: simplesmente dão passagem ao pensamento humanista e à arte que a atriz paulista tomava por sagrada. Leia mais