10.5.2019 | por Valmir Santos
Entre as últimas montagens de Antunes Filho, Nossa cidade (2013), a partir da peça de Thornton Wilder, e Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse (2018), de Jean-Luc Lagarce, podem ser lidas como cerimônias de adeus do artista que jogou até o fim em sete décadas de dedicação contínua à arte do teatro, incluída a fase amadora.
Leia maisApós romper parceria com a Prefeitura de São José do Rio Preto para a organização do Festival Internacional de Teatro, o FIT Rio Preto (entre 1992 e 2013), o Serviço Social do Comércio em São Paulo, o Sesc SP, centra forças no Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente, o Fentepp, cuja 21ª edição acontece de 21 a 29 de novembro. O protagonismo da instituição no interior paulista em encontros de porte nesse segmento é evidenciado ainda pela realização bienal do Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos, o Mirada, como transcorrido em setembro passado. Leia mais
16.8.2014 | por Michele Rolim
Passou a Copa do Mundo, as eleições se aproximam, mas o calendário avisa que o segundo semestre é tempo do maior evento de teatro da capital dos gaúchos. A 21ª edição do Porto Alegre em Cena irá dominar os palcos locais entre os dias 4 e 22 de setembro. No início da semana, no lançamento oficial, foi conhecida a grade de espetáculos para este ano. Leia mais
30.3.2014 | por Valmir Santos
O encontro de Antunes Filho com Thornton Wilder diz mais sobre o ícone da encenação brasileira, o homem e o artista embarcados em seis décadas de trabalho, do que propriamente os vetores estéticos que o orientaram por pelo menos dois anos de pesquisa e ensaio. Nossa cidade mostra um criador nu e íntegro com a sua cena, mentor de espetáculos antológicos e ora sem o encalço da angústia da inovação a cada passo. Os códigos-fonte estão emocionalmente abertos no tablado do Teatro Sesc Anchieta, independente dos enigmas que a obra encerra. Não há um grande ator ou atriz a ancorar o projeto, como se condicionou aludir ao método sistematizado ao longo dos anos. A horizontalidade e o perfil multigeracional dos protagonistas do Grupo de Teatro Macunaíma/Centro de Pesquisa Teatral o deixa mais exposto à própria condição humana de mestre que também confronta crises e estas o provocam a destilar arte. Leia mais
A exemplo do que já havia acontecido no Rio, o Prêmio Shell de São Paulo pulverizou as premiações e não elegeu um grande vencedor. Cantata para um bastidor de utopias mereceu dois troféus: melhor Cenário, para Rogério Tarifa, e melhor Música, por Jonathan Silva e William Guedes. Grande favorita da noite, Cais ou da indiferença das embarcações estava indicada em cinco categorias (autor, direção, ator, cenário, figurino e música). Levou apenas o prêmio de melhor autor, para Kiko Marques.
Houve também tom de crítica durante a cerimônia. Premiada como melhor atriz, Fernanda Azevedo, da peça Morro como um país – cenas sobre a violência do Estado, fez um protesto contra a petrolífera que patrocina o prêmio. Em seu discurso, ela relembrou um episódio de 1995, quando o gerente geral da Shell da Nigéria explicitou o apoio de sua empresa à ditadura militar no país: “para uma empresa comercial, que se propõe a realizar investimentos, é necessário um ambiente de estabilidade. As ditaduras oferecem isso”.
Chico Carvalho, de Ricardo III, foi considerado o melhor ator. O grupo Os Satyros foi agraciado na categoria inovação pela realização do evento Satyrianas.
Eva Wilma, que completou 60 anos de carreira, foi a homenageada especial da noite. Alguns dos momentos mais marcantes de sua trajetória foram lembrados pela apresentadora do evento, a atriz Renata Sorrah. Eva foi aplaudida de pé por vários minutos e se emocionou em seu discurso
O júri de São Paulo é formado por Alexandre Mate, Carlos Colabone, Marici Salomão, Mario Bolognesi e Renata Melo.
Confira os vencedores do 26º Prêmio Shell de Teatro de São Paulo:
Autor:
Kiko Marques por Cais ou da indiferença das embarcações
Direção:
Antunes Filho por Nossa cidade
Ator:
Chico Carvalho por Ricardo III
Atriz:
Fernanda Azevedo por Morro como um país – cenas sobre a violência de estado
Cenário:
Rogério Tarifa por Cantata para um bastidor de utopias
Figurino:
Miko Hashimoto por Operação trem-bala
Iluminação:
Fran Barros por Vestido de noiva
Música:
Jonathan Silva e William Guedes por Cantata para um bastidor de utopias
Categoria inovação:
Os Satyros pela projeção, permanência e abrangência do evento Satyrianas na condição de fenômeno histórico-artístico e social.
10.12.2013 | por Valmir Santos
Tempo de listas. Saíram os premiados em 2013 pela Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA. A apuração aconteceu na noite de segunda-feira, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo. A lista de todas as áreas estão aqui. Horas antes, à tarde, foi a vez do Prêmio Shell divulgar os indicados paulistas deste segundo semestre. Todos os correspondentes do ano no Rio e em São Paulo podem ser vistos aqui. Leia mais
24.10.2013 | por Ferdinando Martins
Grover’s Corners não existe, mas está bem ali perto de você. A cidade fictícia criada por Thornton Wilder é a representação imaginária de um paraíso onde a lua encanta, os filhos obedecem aos pais e os vizinhos se preocupam genuinamente uns com os outros. É a mesma imagem das famílias felizes dos anúncios publicitários e das revistas de celebridades. Os problemas, quando surgem, são facilmente resolvidos. O organista da igreja é alcoólatra, mas tudo bem, as pessoas entendem. “Sabemos as dificuldades por que passou”, diz a esposa do médico da cidade, “a única coisa que nos cabe é fazer de conta que não notamos”. Leia mais
17.3.2012 | por Valmir Santos
No final da peça Nossa cidade, do norte-americano Thornton Wilder (1897-1975), um homem já morto compartilha com uma mulher – cujo coração também parou de bater e o fluxo inconsciente da dramaturgia a faz retornar ao aniversário de 12 anos – o aprendizado de que existir é “mover-se dentro de uma nuvem de ignorância”. O texto que Antunes Filho prevê montar este ano, no marco das três décadas do Centro de Pesquisa Teatral, o CPT, possui conteúdos e estruturas correlacionados à essencialidade que o criador defende para o trabalho de ator e a cena que o envolve. “O ator tem que ser também um intelectual”, diz. A obra inspira o diretor a criticar a ascendência da cultura de massa no país e, enquanto cidadão, a perceber com ceticismo o crescimento econômico para o qual sobra “orgia” e falta realidade. Leia mais