8.3.2025 | por Teatrojornal
Uma maneira de saber como a ação humana molda o tempo histórico é ir ao encontro da produção artística. Quando o espetáculo ou a performance revisitam o passado como território de embate, por exemplo, as contradições em torno dos acontecimentos e períodos-chave tornam-se mais evidentes, no sentido das discrepâncias entre noções de progresso e de civilização.
Essa percepção pode ser notada em três peças na cidade de São Paulo que pisam os lugares da história, da memória e da imaginação movidas pelo direito à justiça e à vida. São elas TYBYRA: Uma tragédia indígena brasileira, com dramaturgia e atuação de Juão Nyn, em temporada de 7/3 a 4/4 no Sesc Avenida Paulista. Restinga de Canudos, criação da Cia do Tijolo, de 14/3 a 27/4 no Sesc Belenzinho. E Pai contra mãe ou Você está me ouvindo?, do Coletivo Negro, sob direção de Jé Oliveira, de 22/3 a 26/4 no Teatro Anchieta do Sesc Consolação.
Leia mais4.6.2020 | por Valmir Santos
Na sessão de estreia de Mãe coragem e seus filhos no 11º Festival de Curitiba, em 22 de março de 2002, Maria Alice Vergueiro tropeçou no tablado e caiu na cena final. Era o momento em que a personagem puxa a carroça cenográfica, dessa vez sozinha, pois perdeu os três filhos para a guerra, sendo a caçula morta havia poucos minutos. Pragmática, Anna Fierling segue no encalço do próximo regimento para exercer o seu comércio ambulante de comida e bebida junto aos soldados. Assim que as cortinas do Teatro Guairinha se fecharam, a atriz foi acolhida por pessoas do elenco e da equipe que a acompanharam a um hospital. “Até que ficou bem a Coragem caída naquele momento”, brincou no trajeto. Ela deslocou o ombro direito, sentiu dores, mas não recuou do compromisso da apresentação na noite seguinte.
Leia mais6.2.2020 | por Beth Néspoli
Eu sempre gostei de tratar de coisas que eu mesmo não sei nomear, afirmou o dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra ao participar da 32ª edição do Encontro com Espectadores, junto ao ator e diretor Clayton Mariano. Ele se referia ao modo como investiga as relações sociais e políticas em sua obra: no calor dos acontecimentos, sem a visão panorâmica trazida pelo distanciamento temporal. Pois tal operação poética, que vê nas incertezas do presente a matéria por excelência a ser tratada no palco, constitui a peça Floresta, com direção e texto de sua autoria.
Leia maisJá se passou uma década desde sua estreia. Mas Jô Bilac continua a ser apresentado como um jovem e promissor dramaturgo carioca. E, não raras vezes, como herdeiro direto de Nelson Rodrigues, um enfant terrible, a emular o estilo e o humor do autor de Vestido de noiva. Fluxorama, obra atualmente em cartaz no Sesc Ipiranga e que já mereceu montagens anteriores, não vem para negar os rótulos que se colaram à persona de Bilac. Leia mais
9.6.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
Em uma cidade carente de salas e centros culturais estruturados, a ocupação de espaços alternativos tornou-se regra. Casas, garagens, lojas. Cada um se vira como dá. E tudo pode se transformar em espaço para as artes. A inauguração do espaço É logo ali, porém, dá indícios de que o caminho inverso começa a valer também. Com grandes instituições deixando-se influenciar por aquilo que o improviso pode trazer de frutífero. Leia mais