4.6.2020 | por Valmir Santos
Na sessão de estreia de Mãe coragem e seus filhos no 11º Festival de Curitiba, em 22 de março de 2002, Maria Alice Vergueiro tropeçou no tablado e caiu na cena final. Era o momento em que a personagem puxa a carroça cenográfica, dessa vez sozinha, pois perdeu os três filhos para a guerra, sendo a caçula morta havia poucos minutos. Pragmática, Anna Fierling segue no encalço do próximo regimento para exercer o seu comércio ambulante de comida e bebida junto aos soldados. Assim que as cortinas do Teatro Guairinha se fecharam, a atriz foi acolhida por pessoas do elenco e da equipe que a acompanharam a um hospital. “Até que ficou bem a Coragem caída naquele momento”, brincou no trajeto. Ela deslocou o ombro direito, sentiu dores, mas não recuou do compromisso da apresentação na noite seguinte.
Leia mais3.5.2018 | por Valmir Santos
Em Curitiba
Talvez a cena mais emblemática na segunda noite de Extinção, no Festival de Curitiba, no mês passado, tenha sido a dos aplausos. Denise Stoklos vai à boca de cena ladeada por dez profissionais. Entre eles o codiretor Francisco Medeiros, numa extremidade da fila formada no palco, com quem trabalha pela primeira vez, e o cenógrafo J.C. Serroni, noutra ponta, que colaborou em um dos seus espetáculos nos anos 1980. Medeiros e Serroni são da mesma geração da atriz e versados em processos criativos verticais em equipe. Ela passou quase 40 dos 50 anos de carreira centrada em solos nos quais, em regra, controla funções-chave. Dirige, escreve e atua sozinha no que nomeia Teatro Essencial, buscando sistematizar atitude, pesquisa e treinamento em voz, corpo e memória. Leia mais
A falta é um motor potente. A fome nos faz seguir adiante. A saciedade, não. Quando satisfeitos queremos repouso, descanso. “Todo o sistema em equilíbrio perfeito permanece imóvel”, diz uma das personagens de Árvores abatidas, peça de Krystian Lupa apresentada nesta 5ª edição da MITsp. Leia mais
22.8.2013 | por Valmir Santos
As virtudes técnicas, no campo da atuação, e as corrupções morais, seu eixo temático, colidem a favor da arte em Árvores abatidas ou para Luis Melo. Rosana Stavis carrega o piano com recursos vocais e presença radiosa no trânsito muitas vezes frenético entre a narradora e suas figuras. O pensamento crítico tem como fonte o ensaio de Thomas Bernhard, Árvores abatidas: uma provação, sorvido na mesma moeda pelo diretor e adaptador Marcos Damaceno, neste que é possivelmente a sua produção mais solar se levarmos em conta as montagens de peças de Sarah Kane, Jon Fosse e Gabriela Mellão. Leia mais