2.8.2021 | por Valmir Santos
A 5ª edição do Glossário de termos e expressões para uso no Exército, de 2018, traz duas menções à arte milenar do teatro, não necessariamente honrosas. A primeira delas define “teatro de guerra” como “Espaço geográfico, terrestre, marítimo, aeroespacial e cibernético que seja ou possa ser diretamente envolvido nas operações militares de uma guerra”. Já o verbete “teatro de operações” é compreendido, por extensão, como a “condução de operações militares de grande vulto, para o cumprimento de determinada missão e para o consequente apoio logístico”. Na portaria anterior, de 2009, o Ministério da Defesa, o Exército Brasileiro e o Estado-Maior do Exército, organizadores desse manual de campanha, ainda não haviam acolhido em suas concepções, conceitos operativos e táticas o entendimento da cibernética, ciência que, diz o dicionário Houaiss, “tem por objeto o estudo comparativo dos sistemas e mecanismos de controle automático, regulação e comunicação nos seres vivos e nas máquinas”. Esses jargões invasores do campo das artes da cena poderiam ser a ponta do iceberg da empreitada do Tablado de Arruar, grupo de São Paulo que chega aos 20 anos disposto a decodificar o que está em jogo na subserviência das Forças Armadas ao bolsonarismo, ou vice-versa.
Leia mais16.5.2020 | por Teatrojornal
Em mais um domingo de manifestação contra as instituições democráticas do Legislativo e do Judiciário na Avenida Paulista, ocorrida no dia 25 de agosto de 2019, se deu a 32ª edição do Encontro com Espectadores. Desta vez o foco recaiu sobre Pornoteobrasil, à época a mais recente criação do grupo Tablado de Arruar, tendo como convidados o dramaturgo Alexandre Dal Farra e o diretor Clayton Mariano, sob mediação da jornalista Beth Néspoli. Era o segundo convite feito ao grupo. O primeiro propunha uma discussão sobre a Trilogia abnegação, porém a agenda da dupla não permitiu a participação. Talvez por isso, nessa nova oportunidade, a conversa tenha girado não apenas em torno de Pornoteobrasil, mas tenha se estendido a outras criações do coletivo fundado em 2001 com o espetáculo de rua A farsa do monumento, em especial a citada trilogia.
Leia mais6.2.2020 | por Beth Néspoli
Eu sempre gostei de tratar de coisas que eu mesmo não sei nomear, afirmou o dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra ao participar da 32ª edição do Encontro com Espectadores, junto ao ator e diretor Clayton Mariano. Ele se referia ao modo como investiga as relações sociais e políticas em sua obra: no calor dos acontecimentos, sem a visão panorâmica trazida pelo distanciamento temporal. Pois tal operação poética, que vê nas incertezas do presente a matéria por excelência a ser tratada no palco, constitui a peça Floresta, com direção e texto de sua autoria.
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