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Crítica Militante

Toda arte nasce de inquietações possíveis às mulheres e aos homens de determinada época e a ela se dirige. Desde as eras mais remotas, tenta-se driblar essa espécie de condenação à contemporaneidade – a imersão na cultura dificulta o corte crítico – por meio de narrativas deslocadas de seu território de origem, afastamento cujo objetivo, no fim das contas, é o retorno ao tempo vivido com algum elemento de dissenso. Salvo engano, tal movimento, tanto no ponto de partida quanto no de chegada, pode ser detectado no espetáculo Cabras – cabeças que rolam, cabeças que voam, criação da Cia. Teatro Balagan, baseada na tríade guerra-festa-fé, que tem direção de Maria Thaís e texto de Luís Alberto de Abreu.

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Crítica

Em junho de 2013, centenas de cidadãos tomaram as ruas para protestar contra cortes no orçamento da saúde e da educação e ainda contra a alta taxa de desemprego que já obrigara 200 mil pessoas, 5% da população, a deixar o país em busca de trabalho. A forte recessão tinha origem nas medidas econômicas do governo que assumira o poder há dois anos, e cujo ato primeiro havia sido a extinção do Ministério da Cultura, antes mesmo de tomar posse, em 2011. Leia mais

Crítica Militante

Quando o hibridismo de linguagens já se naturaliza na cena contemporânea, chama atenção na peça Hotel Jasmim, de Claudia Barral, o forte enquadramento nas convenções do drama realista. Em especial por ter sido um dos textos selecionados por meio de edital público e premiado com publicação em livro e montagem apresentada na II Mostra Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos, projeto de fomento e difusão teatral do Centro Cultural São Paulo. Leia mais

Crítica Militante

Vive-se atualmente no Brasil um daqueles momentos históricos em que se torna plenamente possível compreender a força das narrativas socialmente compartilhadas para interferir na imaginação pública. Uma vez criadas, e bem difundidas, podem mudar os rumos da sociedade. Por outro lado, o momento também é propício para pensar como são moldadas tais construções simbólicas. Oferecer ao espectador a possibilidade de um exercício lúdico de aguçamento do espírito crítico sobre esses relatos é um dos principais atributos dos solos do ator Celso Frateschi, O grande inquisidor, e da atriz Denise Weinberg, O testamento de Maria. Leia mais

Crítica

Intrínseca à linguagem do teatro desde sempre, a instabilidade entre artifício e realidade é cada vez mais tornada matéria de trabalho na cena contemporânea. Nessa vertente, claramente alinhada com as experimentações que vêm tomando os palcos nos últimos tempos, o diretor da Companhia de Teatro Heliópolis, Miguel Rocha, cria o espetáculo Medo como experiência de trânsito em um espaço labiríntico e difuso entre o falso e o verdadeiro.

Itinerante, a montagem-instalação com texto assinado por Gustavo Guimarães, e escrito em processo colaborativo, ocupa todos os cômodos e também o palco da Casa de Teatro Maria José de Carvalho, Leia mais

Crítica

O grupo suíço-alemão Rimini Protokoll, integrado pelos artistas Stefan Kaegi, Helgard Haug e Daniel Wetzel, atua numa vertente do teatro contemporâneo cujas criações se dão a partir de dispositivos que abrem um campo de desestabilização entre o ficcional e o real. Dispositivos, no panorama da cena, podem ser definidos como disparadores de sentido que se configuram como intervenções sobre uma geografia ou Leia mais

Reportagem

O teatro é momento de sofrimento, uma dor compartilhada.

Angélica Liddell

Por que alguém escolhe como matéria de sua arte algo que muito provavelmente provocará um sentimento agudo de horror nos receptores? Tal interrogação pode vir à mente dos (potenciais) espectadores de Hysterica passio, texto da espanhola Angélica Liddell que aborda o ressentimento provocado pela dor tão lancinante quanto socialmente invisível que é a da criança abusada e torturada pelos próprios pais. Leia mais

Crítica

Na abertura de Still life (Natureza morta), apresentado na programação da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, MITsp, há uma cena que pode ser considerada síntese do pensamento inspirador desse espetáculo. No palco, um homem com uma pedra nas mãos, sentado quase imóvel em uma cadeira, observa o movimento do público que se acomoda na plateia do teatro. Após soar o terceiro toque de campainha, Leia mais

Crítica

Fábulas têm origem no inconsciente coletivo e, ao mesmo tempo, atuam sobre o imaginário público. Nelas desejos e temores difusos são nomeados e, traduzidos em comportamentos, submetidos à normatividade de seu tempo. Quando adquirem formas potentes, permanece central a tensão entre as cores sombrias e as luminosas; se simplistas, o terror é apaziguado, e a lição moral predomina. A polaridade entre pulsões e sociabilidade assim como a linguagem lúdica característica dos contos de fadas se mantém na concepção de Cinderela que tem texto e direção do francês Jöel Pommerat Leia mais

Crítica

Do trio de solos trazidos pelo cearense Ricardo Guilherme à II Bienal Internacional de Teatro da USP, Ramadança é o mais arriscado. Trata-se de um experimento de hibridização de linguagens, como já indica a palavra dança embutida no título, e há ainda maior radicalização no que diz respeito à autoria. Leia mais