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Folha de S.Paulo

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São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

TEATRO

VALMIR SANTOS  
Da Reportagem Local 

“Meu quarto é mais seguro que a igreja”, diz o travesti Veruska para o homem evangélico com quem divide a cama. É uma passagem de “O Vento nas Janelas”, primeiro teleteatro do programa “Direções – Por um Novo Caminho na Teledramaturgia” que a TV Cultura exibe a partir de hoje em co-produção com o SescTV. 

Roteiro e direção levam assinatura de Rodolfo García Vázquez (Os Satyros), que adaptou conto homônimo de sua autoria. 

Culpas e desejos se interpõem no caminho do Homem da Mala (Ivam Cabral), pai de família enamorado da “boneca” Veruska (Tiago Moraes). Ele entra em conflito com o “outro lado” da realidade, o da mulher, filha e avô que o esperam. A trama é narrada sob o ponto de vista do travesti. 

Na concepção cenográfica da cidade fictícia em que se passa a ação, a referência de Vázquez é o filme “Dogville” (2003), com ruas e fachadas de edifícios vazadas. 

Como orientador artístico do projeto, Antunes Filho quer que “a garotada que está fazendo sucesso no teatro paulista” contribua. “Eles podem renovar a linguagem da TV”, diz. Ao todo, serão produzidos 16 programas.



O Vento nas janelas
Quando:
hoje, às 21h 
Onde: TV Cultura 

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São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

TEATRO
Rena Mirecka, que trabalhou no Teatro Laboratório do diretor polonês, participa de encontros em SP com artistas e o público

Presença coincide com lançamento de livro sobre os primeiros dez anos de pesquisa do grupo criado por Jerzy Grotowski

VALMIR SANTOS
Enviado especial a Paraibuna (SP)

A atriz franco-polonesa Rena Mirecka (pronuncia-se “mirésca”) está em São Paulo para praticar “vivências” com artistas e compartilhar suas idéias com o público. Ela foi integrante do Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski por 25 anos, desde a fundação, em 1959, na cidade de Opole, e depois em Wroclaw, na Polônia. 

A presença de Mirecka coincide -ou é sincrônica, como leria Jung- com o lançamento no país do livro “O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski -01959-69”. 

O polonês Jerzy Grotowski (1933-99) é referência no teatro internacional a partir da segunda metade do século 20. Ele introjeta na Europa o conceito de “teatro pobre”, por uma arte despojada e centrada no ator e na relação com o espectador. 

Suas idéias têm receptividade na América do Sul. No Brasil, é muito citado, nem sempre lido e compreendido. Mirecka e o livro diminuem um tanto do vão. 

“Tive a chance de encontrar-me com esse missionário que ele é do teatro contemporâneo no mundo”, diz Mirecka, 72, que participou de peças históricas como “Akropolis” (1962), “O Príncipe Constante” (1965). 

O trabalho dela, como o do Teatro Laboratório, é permeado pelo processo espiritual. 

“Não se pode chamar a qualquer um de artista. Artista é o homem que pode sacrificar a si, a sua vida, em nome do conhecimento com o qual desenvolverá melhor o seu destino”, afirma a atriz. 

Sem dissimular certa mística pessoal, Mirecka fala com musicalidade. O eco quebra o silêncio da natureza que a envolve numa manhã ensolarada. O repórter, ela e a atriz e pesquisadora que a “ciceroneia”, Chuca Toledo, estão sentados diante de um lago e montanhas num sítio em Paraibuna (124 km de São Paulo). Foi ali que aconteceu a primeira vivência, na semana passada. A segunda será de 9 a 13/5, das 17h às 22h, no teatro Célia Helena (informações pelo tel. 0/xx/11/3884-8294, R$ 800). 

Desde 1982, Mirecka aprofunda uma pesquisa sobre o ator-criador. Resgata elementos do teatro ritual elaborado por Grotowski e os cruza com práticas orientais. Busca a “energia sutil” na arte por exercícios do “The Way” (o caminho), parceria com os colegas Ewa Benesz e Mariusz Socha. 

Quando o Teatro Laboratório fechou as portas, em 1984, cada um foi buscar sua história. 

Mesmo antes, conforme Mirecka, Grotowski já dizia: “Não segurem na minha mão como se eu fosse o pai de vocês. Sejam independentes”. E foram.



Encontros abertos com Rena Mirecka
Quando: sáb., dia 5, às 16h 
Onde: Galpão do Folias (r. Ana Cintra, 213, Santa Cecília, tel. 0/xx/11/3361-2223) 
Quando: seg., dia 7, às 17h 
Onde: teatro Célia Helena (av. São Gabriel, 462, Itaim Bibi, tel. 0/xx/11/3884-8294) 
Quanto: grátis (mediante inscrição)
 

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São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

TEATRO 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Cenas de sete peças de Nelson Rodrigues (1912-80) dão liga a “Amor por Nelson”, com direção de Jairo Mattos, em cartaz a partir de sexta no teatro Augusta. 

Seguindo a acepção do crítico Sábato Magaldi, estudioso da obra de Rodrigues, preponderam passagens das peças míticas (“Álbum de Família”, “Senhora dos Afogados”, “Anjo Negro”, “Dorotéia”) e das tragédias cariocas (“O Beijo no Asfalto”, “Toda Nudez Será Castigada” e “A Serpente”). 

O projeto dá seqüência à pesquisa dos intérpretes Dinah Perry e Paulo Goulart Filho em torno do diálogo da escrita teatral com a expressão corporal. Eles tentaram expor tal eixo em “O Cavalo na Montanha” (2002) e “X Y, a Verdadeira Diferença entre os Sexos” (2004). 

Como o título sugere, “Amor por Nelson” quer recortar a relação homem/mulher nas respectivas histórias. “A montagem trabalha os personagens como uma partitura ou coreografia. São 14 deles num total de sete cenas”, afirma Mattos, 44. Na atual temporada, Mattos também dirige “Eu Odeio Kombi”, com a Cia. Cênica Farândola Troupe, no teatro Arthur Azevedo; “Carro de Paulista”, no teatro Folha; e dirige e atua em “Cata-Dores”, no teatro Cultura Inglesa.



Amor por Nelson
Quando: sex., às 21h30; sáb., às 21h; e dom., às 19h; até 16/7 
Onde: teatro Augusta (r. Augusta, 943, tel. 0/xx/11/3151-4141) 
Quanto: R$ 30 (sex.) e R$ 40 (sáb. e dom.)  

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São Paulo, terça-feira, 01 de maio de 2007

TEATRO
“Deus lhe Pague” estréia hoje no Espaço Cultural Juca Chaves

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local

Os estudiosos dizem que o ator carioca Procópio Ferreira (1898-1979) teria subido ao palco mais de 3.500 vezes para representar o papel duplo de rico/mendigo em “Deus lhe Pague”, seu maior sucesso. 

Aquela montagem estreou em São Paulo há quase 75 anos, em 30 de dezembro de 1932, no teatro Boa Vista (então uma das oito salas da cidade). A produção mais recente da comédia de Joracy Camargo (1898-1973), jornalista e também carioca, entra em cartaz hoje no Espaço Cultural Juca Chaves. 

A iniciativa é da recém-nascida Cia. Luz Cênica, que escolhe o Dia do Trabalho justamente porque Camargo é considerado um dos pioneiros do “teatro social” ao abordar a figura do operário na dramaturgia brasileira. 

O espetáculo é dirigido por Alberto Centurião, 55. “O texto mantém-se atual em muitos aspectos, como a atitude do sujeito que abusa da caridade pública e a crítica indireta à religião, como se dar esmola fosse cumprir uma graça”, diz. 

“Deus lhe Pague” conta a história de inventor frustrado que enriquece pedindo ajuda em porta de igreja, sobretudo “em dia de missa de defunto rico”. 

O texto se passa no então presente (1932), mas, a certa altura, retrocede 30 anos, quando esse homem é traído e preso como ladrão. 

O “flashback” o apanha ainda na noite anterior, a usufruir de luxo -contraste com a condição de mendigo que, no hoje da peça, conversa com um miserável de verdade. 

Em seu “Panorama do Teatro Brasileiro” (1962), o crítico e historiador Sábato Magaldi afirma que o prestígio da peça “não impede que ela nascesse de um lugar-comum, se nutrisse de frases feitas e desembocasse em subfilosofia”. 

Opinião diversa da Luz Cênica, que vê na obra oportunidade para rir e pensar “os efeitos perversos do capitalismo”. A intenção do quinteto de atores (Jefferson Poli, Elizabeth Cavalcante, Dirce Couto, Jonas Antunes, Júlio César Dória) é atrair o espectador idoso com sessões no horário das 18h. 



Deus lhe pague
Onde: Espaço Cultural Juca Chaves (r. João Cachoeira, 899, 2º piso, hipermercado Extra Itaim Bibi, tel. 3073-0044) 
Quando: estréia hoje, às 18h; ter. e qua., às 18h; até 27/6 
Quanto: R$ 40


 

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São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007

TEATRO 

Evento gratuito começa hoje no Centro Cultural SP com braço do MST; cubanos se apresentam amanhã
 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Nascido há 21 anos em Cuba, o Teatro Buendía é um dos participantes da segunda Mostra Latino-Americana de Teatro de Grupo. De hoje a domingo, o Centro Cultural São Paulo recebe a maioria dos espetáculos de cinco coletivos internacionais e sete brasileiros -também haverá apresentações no centro e em Cotia. O evento da Cooperativa Paulista de Teatro envolve sessões gratuitas, no palco ou ao ar livre, e debates. 

Em 1989, o Buendía fundou a Escuela Internacional de Teatro de America Latina y El Caribe (Eitalc), projeto itinerante de intercâmbio por vários países, Brasil incluído. “Pedagogia alternativa” e “investigação” são expressões comuns a outros grupos convidados para a mostra, como Teatro de los Andes (Bolívia), Teatro Sanitario de Operaciones (Argentina), Escena (Venezuela), Teatro Gayumba (República Dominicana), Fábrica de Teatro Imaginário (Espanha), Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Porto Alegre), Piollin (João Pessoa), Circo Teatro Udi Grudi (Brasília), Coletivo Angu de Sangue (Recife) e Associação Teatral Joana Gajuru (Maceió). 

Amanhã, às 21h, o Buendía encena “Charenton” (2005), direção de Flora Lauten, uma adaptação de “Marat/Sade”, texto do alemão Peter Weiss. 

“Os nossos espetáculos intentam abrir um debate com a história contemporânea de Cuba. Não para dar soluções, mas para refletir com o espectador sobre o sentido da história e da cultura; ativar sensações, emoções e idéias”, diz a dramaturga Raquel Carrió, 55. 

Entre os participantes da mostra, dois são caracterizados por ações sociais diretas: o coletivo Filhos da Mãe… Terra, um dos braços culturais do MST, fixado num assentamento em Sarapuí (SP) e que abre o evento hoje com “Posseiros e Fazendeiros”; e o Centro de Teatro do Oprimido, do Rio, por meio do grupo comunitário Pirei na Cenna, que celebra o teatro legislativo (sistema criado por Augusto Boal) no último dia da mostra, no CCSP.



2ª Mostra Latino- Americana de Teatro de Grupo 
Quando: de hoje a dom.; horários e datas em www.cooperativadetea tro.com.br 
Onde: CCSP (r. Vergueiro, 1.000, SP, tel. 0/xx/11/3383-3400), Galpão do Acrobático Fratelli (r. Adib Auada, 41, Granja Viana, Cotia, s/ tel.) e largo do Café (região central) 
Quanto: entrada franca

 

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São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

TEATRO 

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Local 

Em São Paulo, as maiores entidades estaduais do teatro divergem sobre a meia-entrada.

A Associação dos Produtores de Espetáculos (Apetesp) é contra a obrigatoriedade. “O desconto deveria ser abolido, e ficar a critério do produtor concedê-lo. Um espetáculo é o investimento de um grupo de artistas do qual outras pessoas usufruem sem contribuir”, diz o assessor da diretoria, Ascânio Pereira Furtado. “Não há alternativa para o produtor senão subir o valor do ingresso cheio.”

O presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Ney Piacentini, 46, discorda. “A gente está lutando pela formação de platéias. Nossa prioridade não é tratar o público como consumidor”, diz o também ator da Companhia do Latão.

Furtado se alinha com os produtores que pretendem fixar cota de 30% da bilheteria para as carteirinhas. Mas diz que o projeto-modelo da Apetesp é o da Campanha de Popularização, criada há 34 anos e subsidiada pelo Estado.

De março a junho de 2006, a Secretaria de Estado da Cultura paulista destinou cerca de R$ 140 mil mensais à associação, que repartiu a verba entre 30 a 40 peças em cartaz.

Os ingressos foram vendidos com, no mínimo, 60% de desconto. “Mais do que a metade exigida pelas carteirinhas”, diz Furtado.

Piacentini concorda com subsídio público, mas acha que não deve ser o único mecanismo. “Mais importante que o valor do ingresso é a necessidade de programas públicos que tornem o teatro acessível. Os espetáculos de rua, por exemplo, são mais democráticos do que os de sala”, diz. 

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São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007

TEATRO 

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Local 

O dramaturgo Oduvaldo Vianna (1892-1972), pai de Vianinha, sai um pouco da sombra do filho -mais conhecido pelas novas gerações – por meio de “Terra Natal”, que abre hoje na TV Cultura a série “Grande Teatro em Preto e Branco”. 

A peça estreou em 1920, no Rio. Era das mais montadas em circo. Foi adaptada e dirigida para teleteatro por Ademar Guerra (1933-1993), em 1975. 

Moradores de uma fazenda familiar têm seus costumes caipiras confrontados com as novidades importadas da “norte América”. Um primo que administra o local viaja ao exterior e volta defendendo o progresso a qualquer custo, da troca do carro de boi pelo automóvel ao jeito de vestir e falar. 

Como pano de fundo das transformações da vida rural, desfilam as paixões amorosas que movem os tipos de Vianna, como o galã, a viúva rica, a coquete, o malandro e o empregado trapalhão. Deleite para artistas como Walter D’Ávila, Carmem Silva, Pepita Rodrigues, Neusa Borges, Francisca Lopes e outros. 

Na sátira à estrangeirice, em defesa do lugar da “alma brasileira”, um dístico que abre e fecha a história serve como reflexão para os dias atuais: “Vancês perguntem pros sábios se eles sabem contestar: se sofre mais o que gosta ou o que não sabe gostar”.



Grande Teatro em preto em branco
Quando:
hoje, às 22h40 
Onde: TV Cultura 

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São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

TEATRO
“Arena-Cabaré”, espetáculo que estréia hoje no teatro dos Arcos, reúne números clássicos e populares

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Loca

Certo sentido de experimentação ainda move o diretor José Renato, 81, nome historicamente ligado à fundação da companhia (1953) e espaço (1955) Teatro de Arena, na r. Dr. Teodoro Baima, centro paulistano -atualmente em reforma. Desde 2003 alugando o Teatro dos Arcos, na Bela Vista, Renato e os artistas de sua atual companhia, a Casa da Comédia (2001), radicalizam naquilo que já acenavam nos últimos trabalhos, como “Rua 13 de Maio, S/N”: a conversão do palco italiano (platéia frontal) para o formato circular, a arena que estabelece relação direta e não-hierárquica com o público. 

É o que o espectador confere a partir de hoje em “Arena-Cabaré”, espetáculo que conjuga a disposição do espaço e o gênero de variedade musical. 

“A gente faz uma experiência [com essas duas modalidades] para ver se o espetáculo se torna mutante a cada 15 dias ou a cada mês. Neste início de temporada, a opção é pelos artistas do próprio grupo que revelaram outros talentos, para a dança e a música, por exemplo”, diz Renato. São 12 participantes revezando números clássicos e populares com deixas para canto, esquetes cômicos, performance e até ilusionismo. 

Não existe cenário, mas o espaço nu a ser preenchido por cada intérprete. Com a adoção da arena, o número de assentos no teatro dos Arcos passou de 140 para 200. 

Em certa medida, a temporada do novo espetáculo lembra o contexto da opção do Arena original por uma sala menor, empenhado em produções de baixo custo, de autores e diretores nacionais (Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Augusto Boal etc.). 

“É um momento muito importante para a afirmação da Casa da Comédia. Estamos sem recursos e a nova experiência pode ajudar a solidificar a nossa presença nos Arcos”, afirma o diretor.

O saguão, que já conta com um café, também passa a abrigar uma exposição permanente de fotos de cenas e bastidores da história do Teatro de Arena, tudo do acervo de José Renato. Entre os artistas da Casa da Comédia, estão Vivian Barreira, Fernando José, Cristiano Duarte, Pedro Monticelli, Denise Passos, Dani Calichio, Beatriz Miguez, Carlos Falat e Doug e Rod Style.



Arena-Cabaré
Onde:
teatro dos Arcos (r. Jandaia, 218, tel. 0/xx/11/3101-7802) 
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h 
Quanto: R$ 20l

 

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São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

TEATRO 

Espetáculo apresenta a vida do filósofo austríaco
 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Um das obras de referência da filosofia no século passado, “Tractatus Lógico-Philosophicus”, do pensador austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), chega ao teatro na forma de um monólogo. “Wittgenstein – Um Novo Olhar” estreou na semana passada e fica em cartaz até junho. 

O espetáculo é interpretado por Jairo Arco e Flexa, jornalista com formação em filosofia. Foi ele quem encomendou a adaptação da obra a Contador Borges, poeta e tradutor. A direção é de Roberto Rosa (Cia. Fábrica São Paulo). 

Wittgenstein revolucionou as noções da linguagem e da teoria do conhecimento com o seu tratado. “A peça começa como se fosse uma palestra, mas, aos poucos, evolui para uma narrativa de momentos da vida dele, no passado e no presente”, diz Arco e Flexa. 

A encenação acontece nas escadarias de mármore do saguão da Casa das Rosas. Na concepção dos artistas envolvidos, é como se o protagonista e o público fossem transportados para a imponente e luxuosa mansão da família Wittgenstein, onde o filósofo passou a infância e parte da juventude.



Wittgenstein – Um novo olhar
Onde: Casa das Rosas (av. Paulista, 37, Cerqueira César, tel. 3285-6986) 
Quando: sex. e sáb., às 22h30; dom., às 20h30. Até 10/6 
Quanto: R$ 25
 

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São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

TEATRO 
Em “Labirinto d’Água”, Raquel Ornellas busca dissociar a personagem de “Hamlet” da imagem de suicida

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

“Ah, eu não gostei não. Parece que a mulher vai tirando a alma dela”, disse à intérprete um garoto de 5 anos após ensaio aberto na periferia leste de São Paulo, no ano passado. 

“Ele nunca leu “Hamlet”, mas tocou Ofélia profundamente”, afirma a atriz Raquel Ornellas, 38, protagonista do solo de dança-teatro “Labirinto d’Água”, a partir de hoje no Tuca, inaugurando a sala Ensaio do espaço de Perdizes. 

Ornellas ambiciona, por meio da arte, dar outro destino à personagem coadjuvante da tragédia de Shakespeare, comumente associada à imagem da sofredora, suicida que morre afogada, enlouquecida após os abandonos sucessivos pelo amante (Hamlet), pelo pai (Polônio) e pelo irmão (Laertes). 

“A vida dela nunca foi na terra, mas na água. [Gaston] Bachelard escreveu que Ofélia seria uma ninfa da pátria das águas mortas ou uma ninfa da pátria das águas vivas”, afirma a atriz, que conta com supervisão dramatúrgica e roteiro de Alessandro Toller.
 
Para ilustrar esse espaço vital (líquido amniótico), sentido de fertilidade que Zé Celso também reforçou em seu “Ham-Let” (1993), Ornellas incorpora técnicas de dança na água, como os movimentos de watsu (exercícios terapêuticos) e wassertanzem (técnica alemã de dança submersa). 

Em sua concepção e direção do solo, Ornellas não faz uso literal da água. Esta é sugerida pela gestualidade, pela trilha incidental ou de outros compositores criada por Laércio Resende (a cantora Ceumar interpreta para a peça duas trovas populares dos séculos 19 e 20). 

Ao simbolismo fantástico do renascimento de Ofélia na água, o espetáculo contrapõe o mundo real por meio do salgueiro, a árvore cenográfica que antagoniza com a personagem. É dali que “um galho invejoso” a teria levado à fatalidade, fazendo-a cair no rio Ornellas já havia visitado Shakespeare nos anos 90 numa releitura de “Macbeth”, cujo processo é dissecado no livro “Caldeirão de Bruxas – De Como Macbeth Virou Irmãs do Temp” (ed. Edusp, 320 págs., R$ 72). O lançamento será no dia 22/5, na Livraria da Vila (r. Fradique Coutinho, 915, tel. 0/ xx/11/3814-5811).



Labirinto d’agua
Quando: estréia hoje, às 19h; sáb. e dom., às 19h. Até 10/6 
Onde: Tuca – sala Ensaio (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, tel. 0/xx/11/3670-8455) 
Quanto: R$ 30