28.4.2016 | por Valmir Santos
Em suas pedras angulares para uma filosofia da fotografia, o tcheco Vilém Flusser (1920-1991), que viveu mais de três décadas no Brasil, compreende imagem como superfície sobre a qual circula o olhar. O espetáculo Pessoas sublimes, da Companhia de Teatro Os Satyros, faz da mediação imagética o seu “chão de circularidade”, abertura flusseriana para o eterno retorno. Leia mais
16.4.2016 | por Afonso Nilson
Em tempos onde o fascismo se disfarça mais uma vez de legalidade arbitrária, lembrar Brecht e a força política de sua poesia é, no mínimo, oportuno. O espetáculo Récita – tudo aquilo que chama a atenção, atrai e prende olhar, com atuação e direção de Bárbara Biscaro, transita entre o recital (como o próprio nome pressupõe) e a bufonaria. Canções de Kurt Weill (1900-1950) e Bertolt Brecht (1898-1956) recebem um tratamento revestido de comicidade burlesca, jogos vocais e interpretação clownesca. Leia mais
12.4.2016 | por Daniel Schenker
Fim de jogo, encenação de Isabel Teixeira para a peça de Samuel Beckett que integrou a Mostra Oficial da última edição do Festival de Curitiba, coloca o público diante de extravasamentos. De início, há indicações concretas. A montagem é destinada a um número reduzido de espectadores, que ficam confinados num determinado cômodo. Isabel Teixeira, porém, explode algumas delimitações. Leia mais
11.4.2016 | por Beth Néspoli
Intrínseca à linguagem do teatro desde sempre, a instabilidade entre artifício e realidade é cada vez mais tornada matéria de trabalho na cena contemporânea. Nessa vertente, claramente alinhada com as experimentações que vêm tomando os palcos nos últimos tempos, o diretor da Companhia de Teatro Heliópolis, Miguel Rocha, cria o espetáculo Medo como experiência de trânsito em um espaço labiríntico e difuso entre o falso e o verdadeiro.
Itinerante, a montagem-instalação com texto assinado por Gustavo Guimarães, e escrito em processo colaborativo, ocupa todos os cômodos e também o palco da Casa de Teatro Maria José de Carvalho, Leia mais
4.4.2016 | por Daniel Schenker
O aspecto mais evidente em Artista de fuga – nova montagem de Marcos Damaceno, que assina a dramaturgia resultante da adaptação do texto Como me tornei um artista de fuga, de Guto Gevaerd – é a impotência diante da passagem do tempo, em especial no que se refere à inevitabilidade da morte. Leia mais
18.3.2016 | por Ferdinando Martins
A Revolução Francesa e a industrial estabeleceram as bases estruturais do mundo contemporâneo. Tendo como fundamento teórico o pensamento iluminista, esses dois eventos singulares da História baseavam-se na então suposta capacidade da Razão colocar ordem no mundo e de iniciar uma era de progresso que levaria bem-estar e justiça para todos. O fracasso dessa crença foi evidente em todo o século XX e, hoje, vivemos suas consequências mais indesejáveis. É nessa longa duração de um mesmo processo histórico que se desenvolve Ça ira, do francês Joël Pommerat com Leia mais
16.3.2016 | por Maria Eugênia de Menezes
A 3.ª edição seria para a MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo o momento da maturidade. Passados os tropeços de organização em seu primeiro ano, o festival se aprimorou em 2015. Trouxe uma programação mais consistente, cresceu em público, firmou-se no calendário cultural da cidade. Este estava destinado a ser, portanto, o ano para que o projeto de Antônio Araújo e Guilherme Marques alcançasse tudo aquilo que ambicionara Leia mais
16.3.2016 | por Beth Néspoli
O grupo suíço-alemão Rimini Protokoll, integrado pelos artistas Stefan Kaegi, Helgard Haug e Daniel Wetzel, atua numa vertente do teatro contemporâneo cujas criações se dão a partir de dispositivos que abrem um campo de desestabilização entre o ficcional e o real. Dispositivos, no panorama da cena, podem ser definidos como disparadores de sentido que se configuram como intervenções sobre uma geografia ou Leia mais
14.3.2016 | por Valmir Santos
A compilação em prosa, poesia, conto, letra e até HQ faz com que tudo seja processado como texturas cênicas em A tragédia brasileira, navegação ficcional do diretor Felipe Hirsch e dos criadores do coletivo Ultralíricos pela realidade da América Latina e Caribe. E como qualquer expressão que valoriza o pensamento em arte e a intervenção crítica, a literatura pode constituir valiosa bússola. Leia mais
12.3.2016 | por Maria Eugênia de Menezes
Qualquer apreciação crítica escrita no calor do momento, sem o devido tempo de maturação, e confinada ao espaço de uma página não conseguirá dar conta da profusão de signos e discursos que Krzysztof Warlikowski põe em marcha no seu (A)Polônia. Resta o consolo de que um pouco mais de tempo – ou de espaço – faria pouca diferença nessa complicada equação. Leia mais