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Crítica

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Os sujeitos de Metrópole antagonizam o ensimesmar-se e a extroversão. Eu e mundo. Afeto e dilaceração. Casa e cidade. Íntimo e urbano. Os movimentos da vida que há anos separaram os irmãos agora despontam invertidos. Caetano, o ressentido com o teatro, recebe em sua toca a visita de Charles, o jovem ator que o incita a obstinar como d’antes. Em vão? Leia mais

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Numa feira apinhada do Bom Jardim, na periferia de Fortaleza, a palhaça Nada puxa seu carrinho de bugigangas e disputa espaço com feirantes, fregueses, sacolas, bicicletas, motocicletas e outros carrinhos de mão improvisados como carreto. Nariz do tamanho de uma maça, peruca de fios encaracolados e macacão azul e amarelo não deixam dúvidas de que ela está na contramão do ambiente aparentemente informal, ao ar livre. Lugar de comprar, trocar e vender desde tempos medievais. Leia mais

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Travestir é verbo teatral por excelência. O ator, diretor e dramaturgo Silvero Pereira faz o prólogo com vestido vermelho e salto alto. Em seguida, despe-se do gênero, troca o calçado por botas e coloca roupa preta base. Camisa regata e calça. É com elas, mais o cabelão comum, que entrelaça sua condição à de outros travestis e transformistas com os quais comunga na estrada da vida. O figurino enlutado dá margem às dores físicas e imorais que rondam a narrativa assim como pode servir às exigências do desempenho corporal nos momentos solares. Leia mais

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O monólogo A mulher do padeiro é um verdadeiro exercício de estilo para o ator Evandro Soldatelli. Durante uma hora, ele começa com uma representação mais mundana, envereda por um tom lírico e chega ao metafórico, simbólico. Baseada na versão teatral de Marcel Pagnol do filme homônimo de 1938 dirigido pelo próprio, a dramaturgia transita com naturalidade entre esses registros. É um espetáculo complexo na ideia e simples na execução. Parece artesanal, no melhor sentido da palavra, como o ofício do padeiro que Soldatelli incorpora. Leia mais

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Para o bem e para o mal, Memória roubada é um espetáculo contemporâneo, híbrido e globalizado. Em cartaz na Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo, trata-se de uma coprodução que reúne os grupos brasileiros Linhas Aéreas e Solas de Vento com o diretor australiano Mark Bromilow e os atores canadenses Michel Robidoux e Yves Dubé (da Companhia Les Deux Mondes, de Montreal). A princípio, chama a atenção pelo impacto das imagens e pela forma singela que trata temas densos como a velhice e a perseguição política. Parte da trama se passa em Bali, outras em um quarto de hospital, um circo e uma sala de tortura da ditadura militar no Brasil (1964-1985). Leia mais

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O público desce a escada do Teatro Pequeno Ato, antigo Ivo 60, na região central de São Paulo, e Andrei (Jones de Abreu) recebe as pessoas como se fossem seus convidados. Nessa cena inicial da peça Eros impuro, de Sérgio Maggio, ele é um artista plástico esperando um garoto de programa que será modelo para sua pintura. No caso, a própria plateia faz as vezes de objeto a ser retratado. Esse procedimento lembra outros, de artistas que colocaram o espectador como parte da obra. É o caso do espanhol Diego Velázquez com o quadros Las meninas (1656),  do holandês Rembrant com O sindicato dos alfaiates (1662) ou do francês Claude Manet em Um bar no folies-Bergère (1882). Leia mais

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Grover’s Corners não existe, mas está bem ali perto de você. A cidade fictícia criada por Thornton Wilder é a representação imaginária de um paraíso onde a lua encanta, os filhos obedecem aos pais e os vizinhos se preocupam genuinamente uns com os outros. É a mesma imagem das famílias felizes dos anúncios publicitários e das revistas de celebridades. Os problemas, quando surgem, são facilmente resolvidos. O organista da igreja é alcoólatra, mas tudo bem, as pessoas entendem. “Sabemos as dificuldades por que passou”, diz a esposa do médico da cidade, “a única coisa que nos cabe é fazer de conta que não notamos”. Leia mais

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A história do teatro brasileiro é repleta de parcerias artístico-amorosas que impulsionaram a modernização das linguagens, a experimentação estética e a profissionalização das atividades cênicas: Cacilda Becker e Walmor Chagas, Maria Della Costa e Sandro Polônio, Sérgio Cardoso e Nydia Licia, Nicette Bruno e Paulo Goulart. Não por acaso, o casamento entre Paulo Autran e Karin Rodrigues foi lembrado por André Acioli, gerente do Teatro Eva Herz, em São Paulo, na estreia da peça Duas mulheres que dançam. Leia mais

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Há quase 70 anos, no dia 28 de dezembro de 1943, o grupo Os Comediantes estreava no Teatro Municipal do Rio de Janeiro a segunda peça escrita por Nelson Rodrigues, Vestido de noiva. No elenco estavam Evangelina Guinle (Alaíde), Auristela Araújo (Madame Clessi), Stella Perry (Lúcia) e Carlos Perry (Pedro). Erigido posteriormente como ponto zero do teatro moderno no Brasil, o espetáculo foi resultado da confluência de múltiplos fatores e iniciativas. A começar, pelo esgotamento do sistema teatral vigente até então, focado em comédias e revistas que não atendiam às demandas de jovens artistas e de intelectuais ávidos por renovações cênicas em curso desde a virada do século, mas inéditas no país. A originalidade do texto somou-se à direção precisa de um polonês que veio para o Brasil fugindo da II Guerra – e terminou por ser nosso primeiro encenador – Zbigniew Ziembinski. E ainda a inventividade de um paraibano – também considerado nosso primeiro cenógrafo moderno – Tomás Santa Rosa. Leia mais

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Em Medeia vozes, que segue em cartaz de quarta a domingo, na Terreira da Tribo, com ingressos esgotados, o Ói Nóis Aqui traveiz celebra uma estética política e uma política estética plasmadas em 35 anos. Para quem é da minha geração e acompanhou apenas os últimos 10 ou 12 anos, é estranho pensar no Ói Nóis como arauto da postura agressiva com a qual foi associado nos primeiros tempos. O grupo é, acima de tudo, signo de acolhimento, por mais que alguns momentos nesta peça nos provoquem sensação de insegurança. Leia mais