Menu

Crítica Militante

Em sua frase mais célebre, o crítico irlandês Vivian Mercier definiu Esperando Godot, de Beckett, como “uma peça em que nada acontece, duas vezes”, em referência aos dois atos do roteiro. Já O ano em que sonhamos perigosamente, que o grupo pernambucano Magiluth apresentou em setembro último no 23º Porto Alegre Em Cena, é um espetáculo no qual muitas coisas acontecem, mas não sabemos exatamente o quê. Leia mais

Crítica Militante

Sarah Kane (1971-1999) certa vez escreveu que frequentemente saía do teatro antes do fim, mas nunca fazia o mesmo em um jogo de futebol porque nunca se sabe quando um milagre pode acontecer. A venerada dramaturga inglesa julgava a performance muito mais interessante do que a atuação, mas sua noção não era a do conceito-fetiche da cena contemporânea. Performance, para ela, era uma partida do craque David Beckham ou um show da banda Jesus and Mary Chain, para citar duas de suas preferências. Essa é a autora homenageada pela companhia gaúcha Teatrofídico no espetáculo Cadarço de sapato ou ninguém está acima da redenção, que estreou no início de 2015 e teve novas sessões em setembro último no 23º Porto Alegre Em Cena. Leia mais

Crítica Militante

Como uma peça pouco encenada de Albert Camus (1913-1960), que uma estudiosa chegou a classificar em 1961 como um “relativo fracasso”[1] de público, tornou-se um dos espetáculos mais instigantes da cena gaúcha? Recuperando uma joia da dramaturgia, a versão de O mal-entendido levada ao palco pelo diretor Daniel Colin sintetiza uma proposta estética do tipo que usualmente é apresentada por companhias com trabalho continuado. Leia mais

Crítica Militante

Durante muito tempo, acreditou-se que a história da dramaturgia produzida no Rio Grande do Sul foi protagonizada por um punhado de nomes esparsos no tempo, como Araújo Porto Alegre (1806-1890), Qorpo-Santo (1829-1883), Álvaro Moreyra (1888-1964), Ivo Bender (1936), Carlos Carvalho (1939-1985) e Vera Karam (1959-2003). Destes, Qorpo-Santo, Moreyra e Carvalho hoje emprestam seus nomes a salas de espetáculo em Porto Alegre, mas não parece haver um continuum entre eles. É nesse contexto que a monumental Antologia da literatura dramática do Rio Grande do Sul (Século XIX), obra em oito volumes escrita pelo pesquisador Antenor Fischer, vem derrubar alguns mitos. Leia mais

Crítica Militante

A história da recepção crítica da obra de Qorpo-Santo tem sido a história de sua assimilação a um aparato teórico-poético estranho e anacrônico a ela. Desde sua redescoberta, cem anos após a publicação das peças, o autor gaúcho tem sido lido à luz de correntes europeias modernas, como o teatro do absurdo e o surrealismo, em uma estratégia discursiva que o aliena de seu país e de sua época. A reflexão é oportuna porque, neste 2016, são celebrados os 150 anos da dramaturgia de Qorpo-Santo (suas 17 peças, uma delas inconclusa, foram todas escritas entre janeiro e junho de 1866) e os 50 anos da primeira encenação de sua obra, com a histórica montagem do diretor Antônio Carlos de Sena, em 1966, para três textos (As relações naturais, Eu sou vida; eu não sou morte e Mateus e Mateusa) no Clube de Cultura, histórico reduto de esquerda localizado no bairro Bom Fim, em Porto Alegre[1]. Leia mais

Crítica

Reunindo diferentes bandeiras, as manifestações de junho de 2013 obtiveram ganhos importantes, como o que diz respeito ao preço das passagens de ônibus, cujo aumento foi o estopim do movimento, mas questões estruturais que figuraram entre as reivindicações, a exemplo do fim da corrupção e da melhoria dos serviços públicos, não foram articuladas estrategicamente em um projeto político. As demandas são igualmente ou mais graves hoje do que eram na ocasião.

A herança simbólica de junho de 2013, entretanto, vai além de seus eventuais ganhos e limitações. Desde então, foram inúmeras as peças que traduziram, nas mais criativas formas, a ideia do gigante que acordou. Não tem sido rara a inserção de cenas de protestos nas produções. Em outros casos, as próprias manifestações servem de motivo principal, como ocorre em No que você está pensando?, primeiro trabalho do coletivo Cena Expandida Leia mais

Crítica

Se Deleuze e Guattari desconstruíram a psicanálise freudiana por meio da categoria do anti-Édipo, a peça O feio, da Ato Cia. Cênica, busca em outro mito sua razão de ser: encena uma paródia do autocentramento do sujeito na sociedade do espetáculo com um manifesto anti-Narciso. Leia mais

Artigo

Na “farsa irresponsável” Viúva, porém honesta (1957), uma peça divertida e subestimada de Nelson Rodrigues, o grande dramaturgo alfineta o ofício do crítico teatral por meio do personagem Dorothy Dalton, um fugitivo do Serviço de Assistência ao Menor Leia mais

Crítica

Ninguém negará que presenciamos, a todo momento, um verdadeiro excesso de discursos sobre o amor. Mas do que estamos falando quando falamos de amor?, questionaria Raymond Carver. Talvez por causa dessa fugacidade, a Macarenando Dance Concept, do coreógrafo Diego Mac, tenha preferido dançar ao invés de palestrar. No espetáculo 100 formas para o amor, Leia mais

Reportagem

Era para ser no ano passado, mas, por causa de uma promessa de financiamento que não se concretizou, o 4º Festival de Teatro Popular – Jogos de Aprendizagem precisou ser desmobilizado depois que a programação já estava montada. Leia mais