16.6.2021 | por Valmir Santos
O estado de horror implantado pelo bolsonarismo leva artistas a se posicionaram, poeticamente, de forma ainda mais radical. Não poderia ser diferente em arte. E não faltam exemplos nas circunstâncias dos últimos 15 meses de pandemia sobrepostos à guerra cultural instalada desde a posse. Um governo incapaz de tecer uma linha sobre a morte de Nelson Sargento e outros mestres e mestras em diferentes expressões. Que desqualifica o pensamento crítico. Ataca sistematicamente a comunidade artística. Desestrutura instâncias-chave do extinto Ministério da Cultura (MinC). Cientes dessa realidade macabra, os 86 minutos do vídeo-manifesto Liberdade liberdade [revisitada] constituem mais um exemplo de exposição da dor e de seu contraponto, o empenho coletivo para denunciá-la bravamente, purgá-la, a despeito da política pública de extermínio.
Leia mais12.3.2021 | por Valmir Santos
Em junho de 2020, coletivo de artistas independentes associados à Cooperativa Paulista de Teatro (CPT) reuniu personalidades da arte e da cultura, a partir de suas casas e celulares, para compor o curta-metragem Viver é urgente!. Um chamado à consciência crítica sobre as desigualdades sociais e a lógica do capitalismo que torna os efeitos da pandemia ainda mais perversos entre os brasileiros, somados à imoralidade do bolsonarismo e seu culto à morte. Oito meses depois, uma segunda criação, Viver é mais que urgente!, nascida sob o mesmo espírito colaborativo, incorpora médicos infectologistas, pneumologistas e sanitaristas para reafirmar, sem vaticínio, o papel da vacina neste momento da história mundial. No primeiro videoclipe, ela sequer era mencionada e o país ultrapassava 51 mil mortos em consequência do novo coronavírus. Ontem, eram 273 mil óbitos por Covid-19, e apenas 2,3% da população havia tomado a segunda dose. Especialistas estimam um teto de 60% a 70% para começar a controlar o microrganismo SARS-CoV-2 e cortar a transmissão.
Leia mais6.3.2020 | por Valmir Santos
A reatividade como mecanismo de defesa vem dando lugar ao ato criador por essência em tempos de guerra anticultural no Brasil. Artistas, produtores, estudantes, pedagogos, gestores e demais sujeitos em diferentes áreas de expressão articulam modos mais horizontais, inventivos e politicamente perspicazes de confrontar o autoritarismo de Estado.
Mobilizações ocorridas em São Paulo desde o final de 2019, ao ar livre ou em espaços culturais, sinalizaram procedimentos mais inspiradores na hora de pensar, organizar e articular poeticamente ações e discursos contra o estado de coisas. Afinal, quem atua junto às ciências humanas possivelmente tem amigos ou familiares com transtornos de somatização diante das medidas desse governo doentio que mina os direitos sociais e põe a democracia em risco. Daí redobrar resistências físicas e psicológicas para ir à luta.
Leia mais9.1.2019 | por Beth Néspoli
Partindo da fábula bíblica da disputa entre os irmãos Caim e Abel, o espetáculo Terrenal – Pequeno Mistério ácrata, dirigido por Marco Antonio Rodrigues com texto do argentino Mauricio Kartun, oferece ao espectador o prazer de acompanhar um jogo lúdico e cômico que valoriza o contraditório como elemento intrínseco à complexidade da vida terrena – ou terrenal. Toda tentativa de simplificação da tarefa de organizar o mundo, o extermínio de oponentes entre elas, está destinada ao fracasso, é a síntese dialética que brota do embate entre Caim e Abel nessa teatralização do mito de fratricídio. Leia mais
2.2.2018 | por Teatrojornal
Todos os integrantes da Companhia do Feijão estiveram presentes no Ágora Teatro na noite da 9ª edição do Encontro com o Espectador, no dia 24 de abril de 2017, para uma conversa em torno do espetáculo DaTchau – Rumo à estação GrandeAvenida, por meio do qual o grupo aborda as manifestações de 2013 no Brasil e seus desdobramentos políticos. O debate, porém, abarcou também outras montagens, como Mire veja, Nonada e Manuela, dessa trupe paulistana que, neste ano de 2018, celebra 20 anos de fundação. Leia mais
14.6.2016 | por Beth Néspoli
Vive-se atualmente no Brasil um daqueles momentos históricos em que se torna plenamente possível compreender a força das narrativas socialmente compartilhadas para interferir na imaginação pública. Uma vez criadas, e bem difundidas, podem mudar os rumos da sociedade. Por outro lado, o momento também é propício para pensar como são moldadas tais construções simbólicas. Oferecer ao espectador a possibilidade de um exercício lúdico de aguçamento do espírito crítico sobre esses relatos é um dos principais atributos dos solos do ator Celso Frateschi, O grande inquisidor, e da atriz Denise Weinberg, O testamento de Maria. Leia mais
22.5.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
Estilos e escolas diferentes do humor se encontram em A besta. Com estreia prometida para amanhã, o espetáculo reúne nomes de grupos representativos da comédia em São Paulo: Iara Jamra, que integrou a emblemática Pod Minoga, nos anos 1970. Ary França, do Teatro do Ornitorrinco, uma marca das décadas de 1980 e 90, e Hugo Possolo, líder dos Parlapatões. “Juntar toda essa turma faz muito sentido em uma peça que fala sobre o próprio teatro”, comenta Alexandre Reinecke, que comemora sua 40ª direção com esse título. Leia mais