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“Crítica"

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Crítica

Na cena contemporânea não raro depara-se com procedimentos criados para sabotar a compreensão. Quando o problema não é fruto de precariedade, o objetivo é estimular o espectador – quase sempre ávido por construir sentido rapidamente – a descartar os elementos mais facilmente acessáveis de seu repertório cultural e escavar um pouco mais fundo no movimento em direção à obra. Leia mais

Crítica

De acordo com a mitologia persa, Syngué Sabour é o nome de uma pedra mágica. A esse pedaço de rocha, pode-se contar tudo: seus segredos, sofrimentos, lamentos e decepções. Um dia, diz a lenda, essa pedra irá explodir e deixará livre o seu confidente, levando pelos ares tudo aquilo que lhe havia sido confiado. Leia mais

Crítica

O intento obstinado do diretor e compositor Octavio Camargo de encenar toda a Ilíada em dois anos tem como mérito haver iniciado a empreitada com uma grande atriz. Claudete Pereira Jorge faz maravilhas no monólogo criado para o Canto 1, que reúne uma dezena de personagens, num texto não exatamente acessível. A estreia deu-se em 2006, mas, na semana passada, ela voltou em quatro apresentações que marcaram a retomada do projeto. Ele agora deve ir adiante com a montagem dos 24 trechos da obra de Homero, mas não em ordem: o próximo será o Canto 16, com o ator Richard Rebelo, em junho – data a definir. O conjunto deve ser apresentado durante a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, e, simultaneamente, na Grécia. Leia mais

Crítica

Nem é necessário ir até Fortaleza para saber o quanto a capital cearense tornou-se um celeiro incrivelmente fértil de humoristas de tônus popular. Tantos, mas tantos profissionais assim, que muitos transbordaram do extenso mercado local dedicado ao humor para os palcos do país afora. Também prosperou por lá, sobretudo ao longo da última década, um teatro menos circunscrito ao riso. Fenômeno semelhante se registrou em outras grandes cidades nordestinas, onde jovens artistas se estabeleceram em grupos e buscaram viver do que fazem. Exemplos do Piollim, de João Pessoa; do Clowns de Shakespeare, de Natal; do Bagaceira, também de Fortaleza; e do Magiluth, de Recife. Leia mais

contracena

óias que nos fizeram chegar até aqui no mar da vida.V

 


acaestoy

Valmir Santos

A narrativa é coalhada por planos de memória, de ficção e de documento. Cheiros, toques, cores, sonoridades, palavras, volumes e um amontoado de sentimentos que dão liga às histórias pessoais, coletivas e geracionais coladas num painel afetivo de cenas de gente a um só tempo comum e singular.

 

O espetáculo Acá estoy chico cuando era yo, do núcleo Teatro Autobiográfico y Colectivo, radicado em Tandil, na Argentina, atinge universalidade ao partilhar o foro pessoal de quatro atores e de sua diretora. Junta revelações ou fabulações de um grau ínfimo de separação entre aqueles que habitam o mundo e por acaso – ou não – tem seus caminhos entrecruzados.

 

Uma baleia em cima do telhado do galinheiro, uma tia ovelha negra na família, os hábitos e costumes enfiados goela abaixo na infância – quem não carrega essas passagens formadoras da infância que impregnam toda a vida?

 

A dramaturgia é feita dessa natureza umbilical em colaboração da diretora Gabriela González com os atores Paula Fernández, Christian Roig e Sergio Sansosti. Participa ainda uma quinta atriz no elenco, Belén Errendasoro, cuja trajetória também traz subsídios à investigação.

 

Esse revolver de lembranças particulares poderia colocar seus criadores na berlinda em tempos de culto à devassidão pública da intimidade na internet e na televisão. Ao contrário, o trabalho apruma sua teatralidade de forma engenhosa. Alterna solilóquios com diálogos em franca abertura para o caráter dialético tanto na fala de quem narra como no conteúdo do que é narrado.

 

São quatro figuras (não exatamente personagens), dois homens e duas mulheres levados por memórias ora vívidas ora desbotadas, como nos velhos retratos de família que repousam no fundo da gaveta. Entre a melancolia do passado e as primeiras descobertas do mundo – não menos doloridas e encantadoras -, imprime-se o espírito lúdico em atos adultos de evocação. Bailam sapos e brincadeiras num espaço cênico de signos abertos, televisores, microfones, baldes, areia e tudo o mais em sentido relacional permanente no que os objetos podem comunicar sobre as janelas do vivido.

 

A mediação do verbo falado e escrito, palavras e desenhos superpostos na lousa ao fundo tal qual o diário em que o adolescente, o adulto ou mesmo a criança plasmam seu olhar ensimesmado sobre a vida que se leva, tudo converge para uma leitura cúmplice dessas biografias colocadas em relevo por meio da arte do teatro. 

 

Do prisma individual dos protagonistas acessamos a dimensão global. Em suas constituições cênica e dramatúrgica, Acá estoy chico cuando era yo, que estreou em setembro de 2009constrói uma delicadeza ética na disponibilidade de trazer à luz verdades tão pungentes colocadas em perspectivas com as verdades que os espectadores do agora carregamos do lado de cá. Ocorre a identificação com os pequenos enredos de salvação, bóias que também lançamos para chegar até aqui no mar da vida – como comporta o imaginário infantil em sua revolução permanente com as licenças poéticas.

 

PS: Parte do conteúdo documental e ficcional do espetáculo do Teatro Autobiográfico y Colectivo está disponível na internet. Clique aqui.

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Dias após postar a crítica, encontrei em meio aos papéis do escritório a carta que a diretora Gabriela González distribuiu aos espectadores naquela noite em Tandil, 16 de abril de 2010. Reproduzo-a abaixo, no espanhol original, por entender um complemento importante: o ponto de vista dos criadores.

 

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Acá estoy chico cuando era yo.

Teatro autobiográfico y colectivo

Teatro La Fábrica, 21hs. Pinto 367.

 

Acá estoy chico cuando era yo es una prueba de escenificacion fuertemente basada en Io

autobiográfico. En términos de proceso podemos conscientemente reconocer la inspiración temática en la novela The little friend, de Donna Tart, estímulo que, a medida que la explorador transcurria, se fue alejando de la ficción narrativa de este libro para acercarse a Ias ficciones más íntimas de los actores. Es posible también encontrar, en términos escénicos y, probablemente, dramatúrgicos rastros del teatro del grupo inglês Forced Entertainment, especialmente de su espectáculo Bloody mess.

 

En términos de discursos los actores re-vivieron y reinventaron algunas de sus historias familiares más antiguas, aquellos discursos repetidos que los marcaron cuando todavia no lês preocupaba si serían “ciertos” o una simple fábula familiar. Procesualmente, un largo buceo por coincidências generacionales, diferencias regionales, gustos, dichos, rituales familiares (no tan familiares para los demás), y ante todo por esas palabras repetidas, esas historias escuchadas una y mil veces, aprendidas sin querer. Largo viaje interior que sale a la luz, todo junto, mezclado, cortado, superpuesto, como los recuerdos. Relatos, susurros, fotos y videos cuentan, y no nos dejan mentir (?)

 

Actúan Belén Errendasoro, Paula Fernández, Christian Roig y Sérgio Sansosti, convocados por la idea y dirección general de Gabriela González. Asisten con los artilugios técnicos Pehuén Guitérrez y Aiejandro índio Ramírez Llorens; en vestuário y objetos apuntala Alejandro Páez. Como todo queda en família, el vestuário fue realizado por la mano experta de Guillermo González y Nélida Salguero; el asesoramiento en dicción quedo a cargo de Hilda Cândia de Roig y Ias vocês en o ff fueron robadas, no siempre con consentimiento, a Juan Roig, Horacio Sansosti y Susana Roig. Jerónimo Ruiz supo captar la esencia yuxtapuesta y caótica dei recuerdo, y generar ios temas musicales que acompanan el recorrido de los actores durante el espectáculo. Los videos fueron realizados cuadro a cuadro por Sérgio Sansosti – actor pero también Ingeniero – tu  vo que poner todas sus dotes a prueba haciendo adernas la página web y el afiche de promoción. También Christian Roig uso sus conocimientos de Sistemas para crear el diseno de postales y la página en Facebook dei espectáculo.