4.6.2022 | por Valmir Santos
Quando a dona de casa Romana fica sabendo da prisão de seu companheiro em Eles não usam black-tie (1958), ela não tem dúvidas. Tira o avental e ruma para a delegacia a fim de libertar Otávio, uma das lideranças na greve dos trabalhadores de uma fábrica carioca nos anos 1950. “Eu sô mulher dele, num sô? Eu vou lá! Meu marido preso, quem é que cuida disso aqui? Eu vou já!”, afirma a moradora de uma favela no morro. Em seguida, a namorada de seu caçula, Terezinha, irrompe dizendo que a molecada da rua pisou e sujou toda a roupa estendida. “Se eu pego um desses moleques eu torço o pescoço. Terezinha, meu anjo, vem cá! Tu dá um jeito na roupa pra mim, dá uma enxaguada. Depois, tu põe o feijão no fogo mais o arroz, tá bom? Eu vou até a polícia”. E vai para uma unidade do Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, órgão do Estado que praticava repressão e tortura a movimentos sociais e militantes políticos. “Vamo depressa se não ele entra na pancada! Cuida do feijão, Terezinha, fogo baixo!”, continua. Num exercício de imaginação, Romana seria mais uma Maria entre Maria Das Dores e Maria Dos Prazeres, as irmãs gêmeas de CÁRCERE ou Porque as mulheres viram búfalos, espetáculo mais recente da Companhia de Teatro Heliópolis, a CTH.
Leia mais18.3.2018 | por Teatrojornal
As inquietações da Companhia de Teatro Heliópolis ao pesquisar e criar o espetáculo Sutil violento, bem como o impacto da linguagem corporal na construção de imagens críticas e poéticas reveladoras do quanto a opressão tem sido naturalizada no cotidiano, nortearam o 12º Encontro com o Espectador Leia mais
1.9.2017 | por Valmir Santos
Certos espetáculos permitem exercitar a livre associação com obras de outros tempos, mesmo se não as presenciamos. Sutil violento, da Companhia de Teatro Heliópolis (SP), por exemplo, reverbera inversamente Um grito parado no ar, de Gianfrancesco Guarnieri, encenada pela primeira vez em 1973, por Fernando Peixoto.
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31.7.2017 | por Bob Sousa
O espetáculo da Companhia de Teatro Heliópolis trata das inquietações do cotidiano, das formas de confrontos e opressões nas relações humanas. E foi nesse frenesi pela cidade tão caótica que chegamos ao belíssimo espaço ocupado pela trupe, no bairro paulistano do Ipiranga, na tentativa de pouso de um olhar – mediado pelas lentes – para as sutilezas até então invisíveis nos entrecruzamentos da violência naturalizada. Sutil violento está em cartaz na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho, até 27 de agosto. Uma encenação de Miguel Rocha com atuações de Alex Mendes, Arthur Antonio, Dalma Régia, David Guimarães, Klaviany Costa e Walmir Bess. Leia mais