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“Walmir Bess"

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Crítica

Em um sistema-mundo disciplinador dos corpos e em um país que, por mais neurótico que se mostre quanto a isto, tem grande parte de sua memória e conhecimento calcados em manifestações culturais afro-indígenas de forte expressividade física, a montagem de obras teatrais que prescindem da verbalização para explorar outras potentes formas de contar estórias poderiam ser mais frequentes. Essa é uma das conclusões possíveis após assistir à peça Cárcere ou Porque as mulheres viram búfalos, encenação da dramaturgia de Dione Carlos pela Companhia de Teatro Heliópolis, sob a direção de Miguel Rocha, em cartaz na Casa Mariajosé de Carvalho, sede do grupo em São Paulo.

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Crítica

Quando a dona de casa Romana fica sabendo da prisão de seu companheiro em Eles não usam black-tie (1958), ela não tem dúvidas. Tira o avental e ruma para a delegacia a fim de libertar Otávio, uma das lideranças na greve dos trabalhadores de uma fábrica carioca nos anos 1950. “Eu sô mulher dele, num sô? Eu vou lá! Meu marido preso, quem é que cuida disso aqui? Eu vou já!”, afirma a moradora de uma favela no morro. Em seguida, a namorada de seu caçula, Terezinha, irrompe dizendo que a molecada da rua pisou e sujou toda a roupa estendida. “Se eu pego um desses moleques eu torço o pescoço. Terezinha, meu anjo, vem cá! Tu dá um jeito na roupa pra mim, dá uma enxaguada. Depois, tu põe o feijão no fogo mais o arroz, tá bom? Eu vou até a polícia”. E vai para uma unidade do Departamento de Ordem Política e Social, o Dops, órgão do Estado que praticava repressão e tortura a movimentos sociais e militantes políticos. “Vamo depressa se não ele entra na pancada! Cuida do feijão, Terezinha, fogo baixo!”, continua. Num exercício de imaginação, Romana seria mais uma Maria entre Maria Das Dores e Maria Dos Prazeres, as irmãs gêmeas de CÁRCERE ou Porque as mulheres viram búfalos, espetáculo mais recente da Companhia de Teatro Heliópolis, a CTH.

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Crítica

A anomalia que se abateu sobre a realidade e o imaginário do Brasil nos últimos meses é discutida com senso de urgência em obras nascidas da pesquisa teatral continuada. O poder de indignar-se vem coligado à disposição para empreender rupturas igualmente substanciais no terreno das formulações estéticas. Autodeclarados desde os sinais gráfico e de pontuação que carregam nos nomes, ruídos de ajuntamento, os espetáculos Gota d’água {PRETA} e [In]justiça constituem relevantes perspectivas de posicionamento nesse sentido, criticando de maneira contundente o racismo e a desigualdade social. Leia mais

Crítica

Tempos gritantes

1.9.2017  |  por Valmir Santos

Certos espetáculos permitem exercitar a livre associação com obras de outros tempos, mesmo se não as presenciamos. Sutil violento, da Companhia de Teatro Heliópolis (SP), por exemplo, reverbera inversamente Um grito parado no ar, de Gianfrancesco Guarnieri, encenada pela primeira vez em 1973, por Fernando Peixoto.
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