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contracena  Crítica de Vida

A Companhia Brasileira de Teatro captura como Paulo Leminski conseguia equilibrar capricho e relaxo em suas criações literárias. O espetáculo não tem nada do poeta e tem tudo. Ousado, inventivo, constrói uma galáxia particular ao apropriar-se da linguagem transgressora do escritor de Curitiba. Procedimentos da performance e a livre associação de conteúdos surgem conectados à cena contemporânea sem forçar a barra pelo novo.

 

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óias que nos fizeram chegar até aqui no mar da vida.V

 


acaestoy

Valmir Santos

A narrativa é coalhada por planos de memória, de ficção e de documento. Cheiros, toques, cores, sonoridades, palavras, volumes e um amontoado de sentimentos que dão liga às histórias pessoais, coletivas e geracionais coladas num painel afetivo de cenas de gente a um só tempo comum e singular.

 

O espetáculo Acá estoy chico cuando era yo, do núcleo Teatro Autobiográfico y Colectivo, radicado em Tandil, na Argentina, atinge universalidade ao partilhar o foro pessoal de quatro atores e de sua diretora. Junta revelações ou fabulações de um grau ínfimo de separação entre aqueles que habitam o mundo e por acaso – ou não – tem seus caminhos entrecruzados.

 

Uma baleia em cima do telhado do galinheiro, uma tia ovelha negra na família, os hábitos e costumes enfiados goela abaixo na infância – quem não carrega essas passagens formadoras da infância que impregnam toda a vida?

 

A dramaturgia é feita dessa natureza umbilical em colaboração da diretora Gabriela González com os atores Paula Fernández, Christian Roig e Sergio Sansosti. Participa ainda uma quinta atriz no elenco, Belén Errendasoro, cuja trajetória também traz subsídios à investigação.

 

Esse revolver de lembranças particulares poderia colocar seus criadores na berlinda em tempos de culto à devassidão pública da intimidade na internet e na televisão. Ao contrário, o trabalho apruma sua teatralidade de forma engenhosa. Alterna solilóquios com diálogos em franca abertura para o caráter dialético tanto na fala de quem narra como no conteúdo do que é narrado.

 

São quatro figuras (não exatamente personagens), dois homens e duas mulheres levados por memórias ora vívidas ora desbotadas, como nos velhos retratos de família que repousam no fundo da gaveta. Entre a melancolia do passado e as primeiras descobertas do mundo – não menos doloridas e encantadoras -, imprime-se o espírito lúdico em atos adultos de evocação. Bailam sapos e brincadeiras num espaço cênico de signos abertos, televisores, microfones, baldes, areia e tudo o mais em sentido relacional permanente no que os objetos podem comunicar sobre as janelas do vivido.

 

A mediação do verbo falado e escrito, palavras e desenhos superpostos na lousa ao fundo tal qual o diário em que o adolescente, o adulto ou mesmo a criança plasmam seu olhar ensimesmado sobre a vida que se leva, tudo converge para uma leitura cúmplice dessas biografias colocadas em relevo por meio da arte do teatro. 

 

Do prisma individual dos protagonistas acessamos a dimensão global. Em suas constituições cênica e dramatúrgica, Acá estoy chico cuando era yo, que estreou em setembro de 2009constrói uma delicadeza ética na disponibilidade de trazer à luz verdades tão pungentes colocadas em perspectivas com as verdades que os espectadores do agora carregamos do lado de cá. Ocorre a identificação com os pequenos enredos de salvação, bóias que também lançamos para chegar até aqui no mar da vida – como comporta o imaginário infantil em sua revolução permanente com as licenças poéticas.

 

PS: Parte do conteúdo documental e ficcional do espetáculo do Teatro Autobiográfico y Colectivo está disponível na internet. Clique aqui.

*

Dias após postar a crítica, encontrei em meio aos papéis do escritório a carta que a diretora Gabriela González distribuiu aos espectadores naquela noite em Tandil, 16 de abril de 2010. Reproduzo-a abaixo, no espanhol original, por entender um complemento importante: o ponto de vista dos criadores.

 

*


 

Acá estoy chico cuando era yo.

Teatro autobiográfico y colectivo

Teatro La Fábrica, 21hs. Pinto 367.

 

Acá estoy chico cuando era yo es una prueba de escenificacion fuertemente basada en Io

autobiográfico. En términos de proceso podemos conscientemente reconocer la inspiración temática en la novela The little friend, de Donna Tart, estímulo que, a medida que la explorador transcurria, se fue alejando de la ficción narrativa de este libro para acercarse a Ias ficciones más íntimas de los actores. Es posible también encontrar, en términos escénicos y, probablemente, dramatúrgicos rastros del teatro del grupo inglês Forced Entertainment, especialmente de su espectáculo Bloody mess.

 

En términos de discursos los actores re-vivieron y reinventaron algunas de sus historias familiares más antiguas, aquellos discursos repetidos que los marcaron cuando todavia no lês preocupaba si serían “ciertos” o una simple fábula familiar. Procesualmente, un largo buceo por coincidências generacionales, diferencias regionales, gustos, dichos, rituales familiares (no tan familiares para los demás), y ante todo por esas palabras repetidas, esas historias escuchadas una y mil veces, aprendidas sin querer. Largo viaje interior que sale a la luz, todo junto, mezclado, cortado, superpuesto, como los recuerdos. Relatos, susurros, fotos y videos cuentan, y no nos dejan mentir (?)

 

Actúan Belén Errendasoro, Paula Fernández, Christian Roig y Sérgio Sansosti, convocados por la idea y dirección general de Gabriela González. Asisten con los artilugios técnicos Pehuén Guitérrez y Aiejandro índio Ramírez Llorens; en vestuário y objetos apuntala Alejandro Páez. Como todo queda en família, el vestuário fue realizado por la mano experta de Guillermo González y Nélida Salguero; el asesoramiento en dicción quedo a cargo de Hilda Cândia de Roig y Ias vocês en o ff fueron robadas, no siempre con consentimiento, a Juan Roig, Horacio Sansosti y Susana Roig. Jerónimo Ruiz supo captar la esencia yuxtapuesta y caótica dei recuerdo, y generar ios temas musicales que acompanan el recorrido de los actores durante el espectáculo. Los videos fueron realizados cuadro a cuadro por Sérgio Sansosti – actor pero también Ingeniero – tu  vo que poner todas sus dotes a prueba haciendo adernas la página web y el afiche de promoción. También Christian Roig uso sus conocimientos de Sistemas para crear el diseno de postales y la página en Facebook dei espectáculo.

 

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Ator em cena de Acá estoy chico quando era yo

A narrativa é coalhada por planos de memória e de ficção. Cheiros, toques, cores, sons, palavras, volumes e um amontoado de sentimentos que dão liga às histórias pessoais, coletivas e geracionais coladas num painel afetivo de cenas de gente a um só tempo comum e singular.
O espetáculo do Colectivo Autobiografico atinge universalidade a partir da partilha de foro íntimo, revelações ou fabulações de um grau ínfimo de separação entre as pessoas que habitam o mundo e por acaso – ou não – tem seus caminhos entrecruzados.
Uma baleia em cima do telhado do galinheiro, uma tia ovelha negra na família, os hábitos e costumes enfiados goela abaixo na infância – quem não carrega essas passagens formadoras da infância que impregnam toda a vida?
A dramaturgia é composta dessa natureza em colaboração da diretora Gabriela González com os atores Paula Fernández, Christian Roig e Sergio Sansosti. Há ainda uma quarta pessoa no elenco, Belén Errendasoro.
Esse revolver de lembranças particulares poderia colocar seus criadores na berlinda em tempos de culto à devassidão pública da intimidade na internet e na televisão. Ao contrário, o trabalho apruma sua teatralidade de forma engenhosa. Alterna solilóquios com diálogos em franca abertura para o caráter dialético tanto na fala de quem narra como no conteúdo do que é narrado.
São quatro figuras (elas não são exatamente personagens), dois homens e duas mulheres levados por memórias ora vívidas ora desbotadas, como nos velhos retratos da família guardados na gaveta. Entre a melancolia do passado e as primeiras descobertas do mundo – não menos doloridas e encantadoras -, imprime-se o espírito lúdico em atos adultos de evocação. Bailam sapos e brincadeiras num espaço cênico de signos abertos, televisores, microfones, baldes, areia e tudo o mais em sentido relacional permanente no que os objetos podem comunicar sobre o vivido.
https://teatrojornal.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/05/aca52.jpg“>https://teatrojornal.com.br/blog/wp-content/uploads/2010/05/aca52-225×300.jpg” alt=”” width=”225″ height=”300″ />

ator

O mediação do verbo falado e escrito, palavras e desenhos superpostos na lousa ao fundo tal qual o diário em que o adolescente, o adulto ou mesmo a criança plasmam seu olhar ensimesmado sobre a vida que se leva, tudo converge a leitura dessas biografias colocadas em relevo por meio da arte do teatro. Em sua constituição cênica e dramatúrgica, Acá estoy chico cuando era yo  constrói uma delicadeza ética na disponibilidade de trazer à luz verdades tão pungentes colocadas em perspectivas com as verdades que os espectadores carregamos do lado de cá nos pequenos enredos de salvação, bóias que nos fizeram chegar até aqui no mar da vida.

A narrativa é coalhada por planos de memória e de ficção. Cheiros, toques, cores, sons, palavras, volumes e um amontoado de sentimentos que dão liga às histórias pessoais, coletivas e geracionais coladas num painel afetivo de cenas de gente a um só tempo comum e singular.

O espetáculo Acá estoy chico cuando era yo, do núcleo Teatro Autobiografico Colectivo, radicado em Tandil, na Argentina, atinge universalidade ao partilhar o foro pessoal de quatro atores e de sua diretora. Junta revelações ou fabulações de um grau ínfimo de separação entre aqueles que habitam o mundo e por acaso – ou não – tem seus caminhos entrecruzados.

Uma baleia em cima do telhado do galinheiro, uma tia ovelha negra na família, os hábitos e costumes enfiados goela abaixo na infância – quem não carrega essas passagens formadoras da infância que impregnam toda a vida?
A dramaturgia feita dessa natureza umbilical em colaboração da diretora Gabriela González com os atores Paula Fernández, Christian Roig e Sergio Sansosti. Uma quinta pessoa compõe o elenco, a atriz Belén Errendasoro, cuja trajetória também traz subsídios à invesrtigação.
Esse revolver de lembranças particulares poderia colocar seus criadores na berlinda em tempos de culto à devassidão pública da intimidade na internet e na televisão. Ao contrário, o trabalho apruma sua teatralidade de forma engenhosa. Alterna solilóquios com diálogos em franca abertura para o caráter dialético tanto na fala de quem narra como no conteúdo do que é narrado.
São quatro figuras (elas não são exatamente personagens), dois homens e duas mulheres levados por memórias ora vívidas ora desbotadas, como nos velhos retratos da família guardados na gaveta. Entre a melancolia do passado e as primeiras descobertas do mundo – não menos doloridas e encantadoras -, imprime-se o espírito lúdico em atos adultos de evocação. Bailam sapos e brincadeiras num espaço cênico de signos abertos, televisores, microfones, baldes, areia e tudo o mais em sentido relacional permanente no que os objetos podem comunicar sobre o vivido.
O mediação do verbo falado e escrito, palavras e desenhos superpostos na lousa ao fundo tal qual o diário em que o adolescente, o adulto ou mesmo a criança plasmam seu olhar ensimesmado sobre a vida que se leva, tudo converge a leitura dessas biografias colocadas em relevo por meio da arte do teatro. Em sua constituição cênica e dramatúrgica, Acá estoy chico cuando era yo  constrói uma delicadeza ética na disponibilidade de trazer à luz verdades tão pungentes colocadas em perspectivas com as verdades que os espectadores carregamos do lado de cá nos pequenos enredos de salvação, bóias que nos fizeram chegar até aqui no mar da vida.

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dissidente1contracenaCrítica de Dissidente

A montagem da obra de Michel Vinaver, pelo Núcleo Caixa Preta, de São Paulo, ilumina o trabalho experimental desse autor de 83 anos, talvez o dramaturgo vivo mais importante da França. Em vez de apenas rechaçar o eixo dramático já implodido pela linguagem, a diretora convidada Miriam Rinaldi calça as colunas remanescentes por meio da ação física e conta com dois atores à altura, Cácia Goulart e José Geraldo Rodrigues.

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dissidente1contracenaCrítica de Dissidente

A montagem da obra de Michel Vinaver, pelo Núcleo Caixa Preta, de São Paulo, ilumina o trabalho experimental desse autor de 83 anos, talvez o dramaturgo vivo mais importante da França. Em vez de apenas rechaçar o eixo dramático já implodido pela linguagem, a diretora convidada Miriam Rinaldi calça as colunas remanescentes por meio da ação física e conta com dois atores à altura, Cácia Goulart e José Geraldo Rodrigues.

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policarpo3externacontracenaCrítica de Policarpo Quaresma

 

O diretor Antunes Filho mostra-se tão liberto como condicionado a seu modo de fazer teatro. O paradoxo é a sua competência. Vemos o exímio compositor de cenas corais, capaz de realçar o talento de uma atriz ou de um ator. Esses mesmos pilares estetas deixam no ar uma segurança incômoda se colocados em perspectiva com voos mais arriscados nas proposições formais dos últimos trabalhos.

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ruido_cascascontracenaCrítica de O ruído branco da palavra noite
Formada em 2000, a Companhia Auto-Retrato, de São Paulo, concebe um espetáculo devotado ao espírito de formação da modernidade russa, no início do século XX, com reverberações fundamentais para o artista do mundo atual. O resultado é uma experiência marcante da encenação entrelaçada a trechos de peças de Tchekhov ao cotidiano de ensaios, afetos e idiossincrasias de Stanislavski, Dantchenko, Meierhold e outros mestres.  

 

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Reportagem especial para a Revista Cavalo Louco, publicação dos gaúchos do Ói Nóis Aqui Traveiz, edição do final de 2009. Um recorte da produção de teatro de rua no Brasil dos anos 2000, nem tanto à rima e nem tanto ao ruído. Foram entrevistados o diretor André Carreira, pesquisador da Universidade do Estado de Santa Catarina; a atriz Tânia Farias, integerante da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, grupo com mais de três décadas de atuação em Porto Alegre; e o ator Eduardo Moreira, do Grupo Gapão, cujo berço foram as praças do centro de Belo Horizonte, em 1982.

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contracena e notaA recepção em teatro e dança aproxima-se da crítica genética, linha de pesquisa emprestada da teoria literária para palmilhar processos criativos. É o que sinaliza jornada de pesquisadores realizada na Argentina, onde assistimos a uma obra modelar dessa fricção.

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Cobertura  O Festival Santiago a Mil – alusão “a mil por hora’ – surgiu em 1994, nos primeiros anos após a queda do ditador Augusto Pinochet. Em janeiro, e durante dois meses, os grupos Teatro del Silencio, La Troppa e Teatro La Memoria, entre outros artistas, ocuparam uma estação de trem com espetáculos e intervenções – depois transformada em Centro Cultural Estación Mapocho. Foi o embrião daquele que se tornou o principal encontro cultural do verão no Chile, lá se foram 18 edições. A deste ano, entre 3 e 30 de janeiro, contou 78 espetáculos que levou cerca de 75 mil espectadores a salas ou espaços não-convencionais e outros 725 mil a apresentações ao ar livre, conforme dados da organização. Apontamos aqui um recorte de nove dias com a recepção de obras do diretor suíço Christoph Marthaler, dos chilenos Raúl Ruiz (o veterano cineasta radicado na França) e Guillermo Calderón, dos argentinos Lola Arias e Claudio Tolcachir, este ligado ao núcleo Timbre 4, e do peruano Miguel Rubio Zapata, do Grupo Cultural Yuyachkani. Também registramos o encontro dos criadores brasileiros do Grupo Galpão e Companhia dos Atores com os críticos e o público da Escuela de Espectadores, atividade formativa de fôlego que entra no quinto ano e sempre desdobra em livro. E o pensamento artístico do belga Jan Lauwers, da Needcompany, dentro do segmento Conversaciones Teatrales. 

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