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Crítica

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O espetáculo que abriu a programação da MIT, Sobre o conceito de rosto no filho de Deus, de Romeo Castellucci, oferece uma ampla gama de chaves de leitura. Elaborar um texto crítico propositivo sobre esta obra – em poucas horas e em um espaço reduzido – demanda uma escolha radical. Diante da complexa trama de possibilidades que se abre diante do espectador, a proposta deste breve exercício de reflexão é puxar um único fio e apontar um caminho possível de reflexão sobre a peça, sem a intenção de esgotá-lo. Trato feito, puxamos o fio: pensar a presença do rosto de Cristo no fundo do palco como a construção de uma imagem dialética e como o espetáculo opera, com isso, uma proposição ética que nos fisga para dentro da obra. Leia mais

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A fisionomia do olhar

9.3.2014  |  por Valmir Santos

A face onisciente de Cristo no pé-direito do palco, do queixo aos fios de cabelo, justapõe as escalas do sagrado, do humano e do espaço cênico em Sobre o conceito de rosto no filho de Deus. A imagem de forte carga simbólica e de construção histórica evidente redundaria o título da obra não fosse ela mesma convertida em dispositivo seminal da companhia Socìetas Raffaello Sanzio. Seu diretor, Romeo Castellucci, enquadra apenas a cabeça em vez do gesto e parte do torso da pintura do renascentista Antonello da Messina que o inspira. O enigma dessa fisionomia estabelece um campo autônomo ao observador que para ela desviará em muitas passagens do espetáculo em busca de significações ou ressignificações talvez menos exasperantes do que aquela que enreda pai e filho. Em vão. Leia mais

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Um casal em choque com o desaparecimento da filha elabora, sob forte tensão, narrativas que ocupem o lugar agora ausente. Obscura fuga da menina apertando sobre o peito um lenço de renda, espetáculo da CiaSenhas em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas até 16 de março, apresenta uma intensa relação entre esses dois personagens, talvez num dos vínculos mais fortes já vistos em nossos palcos. Leia mais

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No Brasil, ser espectador é padecer – recordo-me desta frase de Bárbara Heliodora – e concordo com ela quando penso em várias pessoas que, apesar de possuírem algum carinho pelas artes cênicas (em geral por terem mantido contato com o teatro, na adolescência), confessam-se perdidas diante da programação dos palcos, tateando entre as ofertas. Leia mais

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Meninos, eu vi e ouvi. Uma ópera de câmara com música do português Vasco Mendonça e libreto da inglesa Sam Holcroft esteve em cartaz por dois dias no Teatro Maria Matos, em Lisboa, no último fim de semana. O espetáculo chama-se The house taken over. Título e texto em inglês explicam-se pelo fato de a produção ter origem e destino supranacionais, havendo estreado no Festival de Aix-en-Provence (França) em 2013. Leia mais

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Com Eu, o Romeu e a Julieta, espetáculo em rápida temporada no Mezanino do Espaço Sesc, em Copacabana, a Cia. das Inutilezas parece buscar diálogo com uma faixa mais abrangente de espectadores do que as montagens anteriores do grupo. Esta observação não deve ser interpretada como elogio ou demérito. Trata-se apenas de uma constatação independente de juízo de valor relacionada a um aparente desejo do diretor Emanuel Aragão de se aproximar do público (sobretudo) pela via emocional. Leia mais

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Na esteira das produções que homenageiam os grandes nomes da música brasileira, Gonzagão – A lenda destaca-se por remeter mais ao imaginário popular nordestino que aos conflitos pessoais ou às curiosidades da indústria de entretenimento. Talvez seja esse, justamente, o segredo da longevidade do espetáculo que estreou no Rio de Janeiro em 2012, ano do centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, depois fez temporada em São Paulo e em Salvador, regressou para o Rio e agora se encontra em turnê por Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe. Leia mais

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Em Tribos (2010), sua terceira peça, a inglesa Nina Raine correlaciona linguagem e pensamento com solidez digna das narrativas do conterrâneo Oliver Sacks, biólogo e neurologista conhecido pelo talento literário aplicado aos relatos clínicos. A dramaturga, que surgiu na cena londrina há oito anos, transforma a surdez congênita ou adquirida em epicentro semântico dos conflitos de uma família em que o filho caçula cresce alfabetizado pela leitura labial em detrimento da língua de sinais. O resultado é um drama de excertos cômicos que combina arte, ciência e cidadania sem moralizar ou soar piegas. No que a montagem brasileira capta bem nas formas e ideias do diretor Ulysses Cruz e dos produtores e atores Antonio Fagundes e Bruno Fagundes. Leia mais

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Circula nas redes sociais uma charge criada sobre a série de animação Pink e o Cérebro, que tem como personagens dois ratos sempre às voltas com planos mirabolantes para conquistar o mundo. Na arte do chargista, o atrapalhado ajudante Pink pergunta ao seu líder, o Cérebro: “O que vamos fazer em 2014?” A resposta: “O mesmo de todos os anos, tentar emagrecer e ficar rico”. O humor, de ironia cáustica, brota do contraste entre a resposta esperada, “conquistar o mundo”, e a efetivamente dada. Se na síntese da arte gráfica a quebra de expectativa serve ao riso, no espetáculo Bola de ouro uma abordagem similar ganha o tom indignado e grave do acerto de contas. Leia mais

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Para quem ainda não sabe, Roland Barthes projetou importante presença na cena intelectual brasileira, sobretudo entre os anos 80 e 90. Suas considerações subsidiaram inclusive algumas montagens teatrais. Ulisses Cruz dirigiu em São Paulo, com Antonio Fagundes à frente do elenco, uma adaptação de Fragmentos de um discurso amoroso, talvez o mais lido dos muitos trabalhos que o filósofo e escritor francês pôde ver publicado ainda em vida. O livro também inspira Talvez seja amor, atração da 40a Campanha de Popularização do Teatro e da Danças, em Belo Horizonte, entre terças e quintas, às 20h30, no Teatro Sesi Holcim. Até 27/2. Leia mais