16.6.2021 | por Valmir Santos
O estado de horror implantado pelo bolsonarismo leva artistas a se posicionaram, poeticamente, de forma ainda mais radical. Não poderia ser diferente em arte. E não faltam exemplos nas circunstâncias dos últimos 15 meses de pandemia sobrepostos à guerra cultural instalada desde a posse. Um governo incapaz de tecer uma linha sobre a morte de Nelson Sargento e outros mestres e mestras em diferentes expressões. Que desqualifica o pensamento crítico. Ataca sistematicamente a comunidade artística. Desestrutura instâncias-chave do extinto Ministério da Cultura (MinC). Cientes dessa realidade macabra, os 86 minutos do vídeo-manifesto Liberdade liberdade [revisitada] constituem mais um exemplo de exposição da dor e de seu contraponto, o empenho coletivo para denunciá-la bravamente, purgá-la, a despeito da política pública de extermínio.
Leia mais30.7.2020 | por Valmir Santos
Para usar um termo corrente no meio audiovisual, a série Cena inquieta transmite uma sensação de delay. O efeito acústico atrasado em relação à imagem é lembrado porque o poder transformador da arte que emana de vozes e corpos nos dois primeiros episódios destoa do presente de um país em decomposição. A falta de sincronia não é gerada pelos idealizadores e realizadores dos 26 documentários em exibição no canal SescTV, desde a semana passada, mas pelo fracasso de parte da sociedade civil e dos representantes políticos em colocar de pé um sistema nacional de cultura, em sentido estrito, como previsto na Constituição de 32 anos atrás, ou ao menos não desmanchar o que as gestões de Gilberto Gil estruturaram minimamente no extinto Ministério da Cultura.
Leia mais27.9.2016 | por Patricia Freitas
O avesso do claustro é um daqueles espetáculos do qual o espectador, consciente da porosidade engendrada pela obra, sai mobilizado a refletir sobre a função da arte assim que deixa o teatro. Com efeito, um amplo leque de imagens é aberto desde a entrada no ginásio do Sesc Santos, durante o festival Mirada: o batuque, lembrando nossa raízes africanas, a cortina fazendo entrever corpos seminus dançantes e a figura de Dom Hélder ainda bebê num carrinho de obras. Leia mais
31.10.2015 | por Maria Eugênia de Menezes
A palavra é o jeito de fazer o nada aparecer. O que era nada. Agora a tornar-se letra, corpo, matéria, pensamento. “O pensamento não existe fora do mundo, nem fora da palavra”, diz Merleau-Ponty. Leia mais
24.2.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
A tortura, os interrogatórios, o exílio. São temas que saíram de cena a partir dos anos 1980, com a redemocratização do País. Mas que, gradativamente, voltam a ocupar os palcos. Leia mais
6.1.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
O teatro de grupo legou os melhores espetáculos das temporadas recentes. Nos últimos anos, também é insuspeito o protagonismo da cidade no que diz respeito às artes cênicas nacionais. Em 2013, a qualidade da cena local permanece indissociável do trabalho dos coletivos. Mas, por alguma razão, invertendo-se a ordem até então estabelecida, várias das melhores criações vistas por aqui foram produzidas e gestadas em outros Estados do País. Leia mais
Amor. Liberdade. Revolução. São palavras gastas – pelo uso e pelo tempo. São ideias difíceis de apreender. Mas foram essas as linhas condutoras escolhidas pela Cia. do Tijolo para criar seu novo espetáculo.
Cantata para um bastidor de utopias, em cartaz no Sesc Pompeia, baseia-se em um texto de Federico García Lorca: Mariana Pineda. Obra de juventude do poeta espanhol, a peça conta o trágico destino de uma heroína de seu país. No século 19, Mariana foi morta pelo governo do rei Fernando VIII. Seu crime: ter bordado uma bandeira para a causa dos liberais republicanos. E, pior do que isso, ter se recusado a delatar seus companheiros. Leia mais