7.11.2019 | por Valmir Santos
A mensuração do tempo na experiência do teatro vive pregando peças. O calendário gregoriano tanto pode operar a favor como atravancar o caminho de um espetáculo. Fatos avassaladores muitas vezes concorrem com episódios ficcionais. Basta lembrar de criações que estrearam antes ou pouco após 2013, quando o Brasil urbano foi ocupado por protestos difusos. As Jornadas de Junho provocaram ressignificações para o bem e para o mal. Daqui de 2019, não é difícil constatar as deformações moral e institucional, na esfera do país; ou de caráter, levando-se em conta os ódios profundos arrancados dos armários do brasileiro mais abjeto. No caso de Zabobrim, o rei vagabundo, de 2015, a apresentação no contexto do Festivale, em São José dos Campos, comprovou o quanto a obra de quatro anos atrás é atualizada em tópicos e lampejos, por mais que a disputa com a realidade tenha se tornado cada vez mais acirrada, às vezes por um nariz. O grupo campineiro Barracão Teatro, diga-se, jamais deixou de roçá-la em 21 anos de estrada.
Leia mais14.10.2019 | por Valmir Santos
Não há saída para a humanidade fora da solidariedade. É dessa perspectiva que o espetáculo Circo da Cuesta traz uma contribuição singular às artes da cena ao fundir as linguagens circense e teatral à cultura caipira paulista sem nivelá-las por baixo. Ao contrário, a Cia. Beira Serra de Circo e Teatro, de Botucatu, promove bons achados nessa triangulação formalmente incomum.
Leia mais13.1.2017 | por Valmir Santos
Segundo sábado de propaganda gratuita no rádio e na televisão, aquecimento da campanha para as eleições municipais de 2016. Na feira do Jardim Colonial, na zona sul de São José dos Campos, carros de som e cabos eleitorais (em sua maioria contratados) aproveitam a manhã movimentada para vender seu peixe. Foi ali que o Grupo Pombas Urbanas (SP) ligou a parabólica do teatro de rua para pensar a democracia à luz da realidade. Em sua premissa fabular, Era uma vez um rei destila crítica sobre os projetos de poder – um pleonasmo à esquerda, à direita ou ao centro de qualquer sistema de governo, mas também no nível interpessoal de todo cidadão. Leia mais
7.1.2017 | por Valmir Santos
Num poema que costuma acompanhar as edições da peça Rasga coração (1974), intitulado Somos todos profissionais, Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, riscou o chão: “(…) viemos aqui cumprir nossa missão/ a de artistas/ não a de juízes de nosso tempo/ a de investigadores, a de descobridores/ ligar a natureza humana à natureza histórica”. O grupo Teatro Imaginário Maracangalha, de Campo Grande (MS), pratica esta filosofia com precisão no espetáculo de rua Tekoha – Ritual de vida e morte do Deus Pequeno (2010). Leia mais
27.12.2016 | por Valmir Santos
Quando da primeira edição, em 1605, O engenhoso fidalgo Dom Quixote de la Mancha era mais ouvido que lido. O romance alcançava grandes auditórios em vez do cume calmo dos olhos. Afinal, a maioria dos cidadãos era analfabeta. Uma voz mediava o imaginário segundo as páginas de Miguel de Cervantes. A alusão ao contexto barroco da prosa do século XVII vem do prazer em fruir a inteligência cômica popular impressa no solo O incansável Dom Quixote, parceria do ator Maksin Oliveira com o diretor Reynaldo Dutra, numa produção da Magnífica Trupe de Variedades (RJ). Leia mais
23.9.2016 | por Beth Néspoli
Em junho de 2013, centenas de cidadãos tomaram as ruas para protestar contra cortes no orçamento da saúde e da educação e ainda contra a alta taxa de desemprego que já obrigara 200 mil pessoas, 5% da população, a deixar o país em busca de trabalho. A forte recessão tinha origem nas medidas econômicas do governo que assumira o poder há dois anos, e cujo ato primeiro havia sido a extinção do Ministério da Cultura, antes mesmo de tomar posse, em 2011. Leia mais
12.9.2015 | por Kil Abreu
Num ser tão no futuro que
Seu enigma estará
Inscrito
Num anel de prata.
Por uma feiticeira, a data.
(Cassiano Ricardo, Sortilégio, em Os sobreviventes)
Em São José dos Campos
O espetáculo de Rodrigo Fischer é um desconcerto. Leia mais
9.9.2015 | por Kil Abreu
A grande perversão que se encena em ‘Big Brother Brasil’ não é sexual. É a perversão da concorrência sem leis, espelho do estágio do capitalismo decadente em que vive o país
(Maria Rita Kehl em entrevista sobre o seu livro Videologias, Revista Trópico) Leia mais
6.9.2015 | por Kil Abreu
Em São José dos Campos
4 Na Rua É 8, o nome da trupe de Jacareí que trouxe Má pele ao Festivale, diz muito sobre os modos como este delicado trabalho ganha a cena. Vindos da sempre boa escola que é o teatro de rua Leia mais