17.3.2014 | por Valmir Santos
Em seus intentos artísticos, políticos e reflexivos, a Mostra Internacional de Teatro, a MITsp, honrou os marcos lançados em sua primeira jornada de 11 dias e 11 espetáculos encerrada ontem. Restabeleceu o lugar de um evento desse porte na agenda cultural da cidade, fora da escala da indústria do entretenimento (em analogia ao Festival Internacional de Artes Cênicas, de Ruth Escobar, que cumpriu nove edições entre 1974 e 1999). Incitou o interesse do espectador pelo teatro de pesquisa. Sublinhou a mediação crítica em todos os quadrantes, por um espectador ativo. E abriu-se aos estudantes e docentes de artes cênicas na graduação e na pós, inclusive vindos de outras praças. Leia mais
9.3.2014 | por Valmir Santos
A face onisciente de Cristo no pé-direito do palco, do queixo aos fios de cabelo, justapõe as escalas do sagrado, do humano e do espaço cênico em Sobre o conceito de rosto no filho de Deus. A imagem de forte carga simbólica e de construção histórica evidente redundaria o título da obra não fosse ela mesma convertida em dispositivo seminal da companhia Socìetas Raffaello Sanzio. Seu diretor, Romeo Castellucci, enquadra apenas a cabeça em vez do gesto e parte do torso da pintura do renascentista Antonello da Messina que o inspira. O enigma dessa fisionomia estabelece um campo autônomo ao observador que para ela desviará em muitas passagens do espetáculo em busca de significações ou ressignificações talvez menos exasperantes do que aquela que enreda pai e filho. Em vão. Leia mais
5.10.2013 | por Fábio Prikladnicki
Em Medeia vozes, que segue em cartaz de quarta a domingo, na Terreira da Tribo, com ingressos esgotados, o Ói Nóis Aqui traveiz celebra uma estética política e uma política estética plasmadas em 35 anos. Para quem é da minha geração e acompanhou apenas os últimos 10 ou 12 anos, é estranho pensar no Ói Nóis como arauto da postura agressiva com a qual foi associado nos primeiros tempos. O grupo é, acima de tudo, signo de acolhimento, por mais que alguns momentos nesta peça nos provoquem sensação de insegurança. Leia mais
23.9.2013 | por Maria Eugênia de Menezes
Um especialista em criar polêmicas. O diretor italiano Romeo Castellucci costuma deixar um rastro de reações passionais por onde passa. Desde 1980, ele choca o mundo com suas peças. Foi assim em sua adaptação de Júlio Cesar, quando trouxe para representar o papel de Marco Antonio um ator com câncer e uma evidente traqueostomia. Manteve-se assim em Tragedia endogonidia – espetáculo que trazia um homem a cortar a própria língua para alimentar uma ninhada de gatos. Leia mais
19.9.2013 | por Fábio Prikladnicki
Certa vez, folheando um livro de arte, o diretor de teatro italiano Romeo Castellucci deparou com um rosto com o qual havia travado contato quando era estudante de artes visuais em Bolonha. Era uma imagem de Jesus pintada pelo renascentista Antonello da Messina provavelmente em 1465. Sentiu como se o retrato olhasse para ele. Leia mais