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Artigo

A história dos embates sociais no Brasil tem sido marcada, desde sempre, pela expectativa de mudanças que jamais se realizam, mas, ao contrário, se veem teimosamente proteladas. As promessas feitas aos pobres, não raro aliados à classe média na grita por divisão da renda e por democratização das decisões políticas, servem para dissipar conflitos, sendo, depois, esquecidas. O carnaval dos pés de chinelo, por aqui, invariavelmente deságua na quarta-feira das elites. É monótono e perverso, mas tem sido assim há séculos. Leia mais

Artigo

Os artistas de teatro foram os primeiros a responder ao regime autoritário, instalado na noite de 31 de março de 1964. Para sermos exatos, os de teatro associados aos de música popular. No dia 11 de dezembro daquele ano, o show Opinião, composto por canções, anedotas e cenas curtas, estreava no Rio de Janeiro, com a cantora Nara Leão e os compositores Zé Keti e João do Vale convertidos em atores do musical. Leia mais

Crítica

Virá que eles viram

30.5.2014  |  por Fernando Marques

Ultrapassei algumas dificuldades para chegar ao Teatro II, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, dia desses, uma sexta-feira. Minha culpa, minha máxima culpa. Naquela sala está em cartaz, até o próximo domingo, o espetáculo Extraordinário, com o qual o Teatro do Concreto comemora seus dez anos de atividades. O texto é de Vinícius Souza e a direção, de Francis Wilker. Leia mais

Resenha

O lançamento de Hamlet: poema ilimitado (editora Objetiva, 2004), ensaio do crítico norte-americano Harold Bloom sobre a tragédia Hamlet, de Shakespeare, sugere que se fale dos temas temporais e intemporais em literatura e teatro. Convido o leitor a um breve passeio em torno do assunto; há questões nada fúteis a explorar. Vamos lá? Leia mais

Artigo

A jornalista Ivana Bentes falou certa vez em “cosmética da fome” a propósito do filme Cidade de deus. Embora se entendam os motivos para a crítica a obras de arte que, ao pretender denunciar males sociais, terminam por vampirizá-los, seria uma pena que se jogasse fora o bebê com a água do banho. Quer dizer: seria empobrecedor decretar que a arte produzida por autores de classe média está fadada à inautenticidade ao falar sobre esses males, que continuam a assombrar a sociedade. Assim como se dá justamente agora, no Rio de Janeiro, com a “reintegração de posse” de terreno e prédio da empresa Oi, ocupados por famílias que berram por moradia enquanto são atacadas pela polícia. Leia mais

Artigo

O que devemos guardar do pródigo teatro musical feito no Brasil das décadas de 1960 e 70? Penso ser possível extrair, daquelas peças e espetáculos, uma teoria do teatro – de matriz local, mas de vocação universal.

Apresento a seguir trechos da introdução de ‘Com os séculos nos olhos’: teatro musical e político no Brasil dos anos 1960 e 1970, livro que deverá ser publicado nos próximos meses pela Editora Dulcina. O livro procede da tese de doutorado que defendi em literatura brasileira, na Universidade de Brasília, em 2006. Leia mais

Artigo

No poema Eterno, o modernista Carlos Drummond garante: “E como ficou chato ser moderno./ Agora serei eterno”. Podemos parafrasear o dito e registrar: nada mais antigo que o moderno, agora queremos ser pós-modernos. E, se o assunto for teatro, seremos então pós-dramáticos. Mas correríamos o risco de jogar fora o bebê com a água do banho ao entender o período pós-dramático, iniciado nos anos 1970, como se fosse de ruptura completa com a história do teatro – desde os gregos. Leia mais

Crítica

A inquietação do personagem do Escritor, em Fogo-fátuo, texto de Samir Yazbek e Helio Cicero, interpretado pelos autores, não se refere apenas a voltar a produzir – uma crise o paralisa há algum tempo. Liga-se também, naturalmente, a desejar escrever obras que o justifiquem e que lhe permitam sobreviver à morte, ao tempo escasso, aos limites do corpo. Se não fosse assim, não haveria por que solicitar uma entrevista a Mefisto, o demônio, sempre ávido por almas íntegras. Leia mais

Artigo

Aniversários cercam nos próximos meses o drama Woyzeck, do alemão Georg Büchner (1813-1837), convidando a falar sobre a breve e sugestiva peça, que encerra qualidades poéticas e políticas ainda hoje eloquentes. Escrito em 1836, o texto, que permaneceria inconcluso, foi publicado em 1879 e chegou ao palco somente em 1913, em Munique. Os 100 anos desde a primeira montagem de Woyzeck se completam em novembro [de 2013]. Leia mais

Crítica

Meninos, eu vi e ouvi. Uma ópera de câmara com música do português Vasco Mendonça e libreto da inglesa Sam Holcroft esteve em cartaz por dois dias no Teatro Maria Matos, em Lisboa, no último fim de semana. O espetáculo chama-se The house taken over. Título e texto em inglês explicam-se pelo fato de a produção ter origem e destino supranacionais, havendo estreado no Festival de Aix-en-Provence (França) em 2013. Leia mais