3.3.2021 | por Kil Abreu
Neste momento não se pode começar um texto sobre crítica e sobre críticos senão reafirmando o estado atual das coisas. Que alcança a crítica mas vem antes e está além. Para nós que não nos sentimos capturados pelas políticas da morte (o que não nos faz melhores), a sensação é de que o humano está sendo devastado pela doença e pelo assassinato como política de Estado. Ponto crítico. É um momento da democracia em que se pode parafrasear os versos daquela canção falando sobre o aqui que ainda era construção, mas já é ruína. Os mais politizados perguntarão, com razão: “Mas quando não foi assim?”. A diferença fundamental é que no agora, como em poucos outros agoras, a ordem autoritária monta estratégias próprias. A matança, como sempre, tem endereços prioritários. Não cabe descer aqui a pormenores, não é o tema, mas cabe lembrar – não é questão de querer ou não – que este é forçosamente também o sítio da crítica. E a crítica não deve querer estar em suspenso sobre a nervatura do real, deve fazer parte dela.
Leia mais26.2.2021 | por Maria Eugênia de Menezes
O trajeto percorrido pelo site Teatrojornal durante sua primeira década está exemplarmente exposto em seu próprio nome. Valmir Santos, Beth Néspoli e eu, que compartilhamos a edição da plataforma, fomos seduzidos inicialmente pelo teatro. Depois, passamos ao universo do jornal, com suas técnicas e regras. Para mais adiante, encerrados nossos ciclos dentro das redações, habitarmos um lugar de síntese, onde pretendíamos que os dois universos se comunicassem.
Leia mais19.2.2021 | por Rosa Primo
Inicio esse texto no dia “D”, na hora “H”, como batizou o gênio da logística, ministro da saúde Eduardo Pazuello naquele 11 de janeiro. O enigma do “D”, contudo, não foi anunciado pelo ministro. À frente, o governador de São Paulo, João Doria, se antecipou e desfila hoje seus mocassins Ralph Lauren como quem encena o antigo mito grego no misterioso ultimato de Tebas: “Decifra-me ou te devoro”. O dia “D”, era o dia de Doria. As imagens da TV me atropelavam junto com as mensagens de amigos que, tomados de emoção no “H” da hora cênica, compunham o coro daqueles que desconheciam o distanciamento brechtiano. O distanciamento do teatro épico reserva uma certa frieza se comparado ao distanciamento como medida para reduzir o avanço da Covid-19. A vacina chegou! E junto com ela o imperativo da emergência: lutar pela vida ameaçada pelo vírus. Era domingo, dia 17 de janeiro, seis dias depois que Pazuello lançou o enigma.
Leia mais16.2.2021 | por Fátima Saadi
No prólogo e no epílogo de seu livro O teatro é necessário?, o ensaísta e professor Denis Guénoun (nascido em 1946) tece uma série de considerações a respeito da vida do teatro, que, cada vez mais, ultrapassa as atividades de formação e exercício das profissões estritamente relacionadas à criação de espetáculos teatrais e se espraia pelo que antes era considerado com certo desdém pelos profissionais das artes cênicas – e também pela imprensa – como marginal, menor, utilitário ou terapêutico.[1]
Leia mais12.2.2021 | por Parágrafo Cerrado
Escrever de onde os pés pisam, tatear palavras que deem a ler um tiquinho daquilo que vemos e sentimos em cena, diante do palco: este exercício de deslocamento é uma tarefa árdua, mas sempre compensa. Depois de cinco anos de estrada, esta é uma das verdades incontornáveis que aprendemos enquanto coletivo.
Leia mais9.2.2021 | por Daniel Guerra e Igor de Albuquerque
A energia que move o povo de teatro, esse fenômeno grandioso, esse acontecimento noturno. Porque já tínhamos morrido na praia mais de uma vez quando quisemos fazer uma revista: em geral as pessoas parecem muito ocupadas e costumam desaparecer quando um projeto coletivo independente e delirado nas mesas de bar se transforma, repentinamente, em trabalho duro.
Poderíamos dizer, assim, que a Barril começou com um acarajé na Cira – umas das baianas mais insignes do século XXI.
Leia mais5.2.2021 | por Michele Rolim
A crítica de teatro no século XX foi marcada, majoritariamente, pelo caráter legislador, baseada no julgamento de valor e na busca de supostas verdades. Mesmo que a cena teatral e também a crítica tenham sofrido mudanças, o conservadorismo persiste em Porto Alegre.
Leia mais2.2.2021 | por Márcio Andrade e João Guilherme de Paula
+ Bruno Siqueira, Lorenna Rocha, Liana Gesteira, Elilson, Arthur Carvalho, Adson Alves e Rodrigo Sarmento
Tomando de assalto o conhecido jargão teatral que define a parede imaginária situada entre o universo concebido no palco e as pessoas que o assistem da plateia, o Quarta Parede nasceu querendo justamente rompê-la, alimentado pelo desejo de tecer conexões mais intensivas entre artistas e público. Fundado em 2015, por Márcio Andrade e João Guilherme de Paula, ambos editores e produtores, o Quarta Parede foi criado como um portal informativo sobre teatro, compartilhando notícias, realizando entrevistas e produzindo críticas, podcasts e videocasts relacionados ao fazer teatral em Pernambuco.
Leia mais29.1.2021 | por Edson Fernando
Prólogo
Diálogo autoficcional livremente baseado na trajetória do Tribuna do Cretino, projeto de crítica teatral desenvolvido na cidade de Belém do Pará, criado numa plataforma digital em 2013 como iniciativa pessoal do criador e que se transformou num projeto de extensão universitária da Universidade Federal do Pará (UFPA). Oliveira e Cretino são personagens autoficcionais que retratam uma participante ativa do projeto e o seu criador/coordenador, respectivamente. Embora a linguagem se desenvolva na coloquialidade própria da unidade de espaço definida – isto é, um boteco na periferia da cidade – e preserve, com isso, o ambiente informal e descontraído, alguns termos virão em itálico e grafados em substitutivos moderados – é o caso dos palavrões e expressões populares, por exemplo.
Leia mais26.1.2021 | por Luciana Romagnolli
O Horizonte da Cena nasceu em um salto das páginas de jornal para as páginas digitais. Estávamos, Soraya Belusi e eu, motivadas à escrita de crítica de teatro, mas já sem encontrar espaço satisfatório nos cadernos de cultura de veículos impressos. Trabalhávamos as duas no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, e entre as cadeiras das bancadas da redação tramamos nossa migração e nossa desejada independência.
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