23.2.2022 | por Neomisia Silvestre
Uma família é completamente perturbada com a chegada de um mendigo piedoso, acolhido pelo rico viúvo Orgon. O encontro com o desconhecido lhe dá um novo sentido à vida: um desapego material e espiritual. Em contrapartida, causa uma cegueira absoluta em relação às intenções deste que se passará por confidente e conselheiro austero para, então, seduzir sua atual esposa, evocar os ressentimentos do filho e herdar todos os bens do anfitrião. O enredo de Le Tartuffe ou l’hypocrite, O Tartufo ou o hipócrita, não deixa dúvidas: estamos diante de uma peça do dramaturgo, ator e diretor francês Jean-Baptiste Poquelin, mundialmente conhecido como Molière (1622-1673). Escrita em 1664 e censurada logo após a estreia pelo rei Luís XIV (1638-1715) – sob a justificativa de críticas a falsos devotos –, a primeira versão do texto, em três atos, foi a escolhida pela trupe Comédie-Française para a abertura da temporada de espetáculos e ações em homenagem aos 400 anos de batismo do escritor, celebrado no dia 15 de janeiro. A data de seu nascimento ainda é desconhecida, todavia, sabe-se que a companhia, um teatro estatal, nasceu sete anos após sua morte.
Leia mais4.6.2020 | por Valmir Santos
Na sessão de estreia de Mãe coragem e seus filhos no 11º Festival de Curitiba, em 22 de março de 2002, Maria Alice Vergueiro tropeçou no tablado e caiu na cena final. Era o momento em que a personagem puxa a carroça cenográfica, dessa vez sozinha, pois perdeu os três filhos para a guerra, sendo a caçula morta havia poucos minutos. Pragmática, Anna Fierling segue no encalço do próximo regimento para exercer o seu comércio ambulante de comida e bebida junto aos soldados. Assim que as cortinas do Teatro Guairinha se fecharam, a atriz foi acolhida por pessoas do elenco e da equipe que a acompanharam a um hospital. “Até que ficou bem a Coragem caída naquele momento”, brincou no trajeto. Ela deslocou o ombro direito, sentiu dores, mas não recuou do compromisso da apresentação na noite seguinte.
Leia mais8.3.2015 | por Valmir Santos
Será sempre um erro de perspectiva explicar a vida de um poeta pelos seus versos. Ou vice-versa, pondera o crítico literário pernambucano Álvaro Lins (1912-1970). A premissa também vale para homens e mulheres que passam décadas apreciando determinada manifestação artística e fundem-se à mesma. Na travessia das 1.224 páginas de Amor ao teatro: Sábato Magaldi (Edições Sesc) divisamos a condição primeira do espectador indissociável da prática e do pensamento do crítico obcecado pela racionalidade em seu instrumental de análise. Leia mais
22.5.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
Estilos e escolas diferentes do humor se encontram em A besta. Com estreia prometida para amanhã, o espetáculo reúne nomes de grupos representativos da comédia em São Paulo: Iara Jamra, que integrou a emblemática Pod Minoga, nos anos 1970. Ary França, do Teatro do Ornitorrinco, uma marca das décadas de 1980 e 90, e Hugo Possolo, líder dos Parlapatões. “Juntar toda essa turma faz muito sentido em uma peça que fala sobre o próprio teatro”, comenta Alexandre Reinecke, que comemora sua 40ª direção com esse título. Leia mais
5.11.2013 | por Valmir Santos
A liberdade como base. A igualdade como meio. A fraternidade como objetivo. Para a diretora Ariane Mnouchkine, à luz do século 21, o ideal seria substituir a terceira perna por “humanidade” no lema da República Francesa sobrevindo da revolução de 1789 e tornado patrimônio nacional, quiçá, universal. O pensamento humanista permeia a prática e a atitude da mítica companhia que ela ajudou a criar há quase 50 anos, o Théâtre du Soleil. A efeméride será em maio próximo, mas a exibição esta semana, em São Paulo, do filme em que a diretora transpõe seu espetáculo mais recente para a tela sintetiza exemplarmente os faróis ideológicos e poéticos que a orientam em 74 anos de vida. Leia mais
25.10.2013 | por Maria Eugênia de Menezes
Na última edição do Prêmio Shell de Teatro, um azarão arrebatou sozinho três troféus. Depois de estrear sem muito alarde e sem grande atenção da imprensa, a montagem de L’illustre Molière terminou 2012 consagrada como uma das melhores do ano. Agora, é a vez do mesmo grupo, a Cia. D’Alma, e a mesma diretora, Sandra Corveloni, voltarem ao universo do grande comediógrafo francês para criar Doente. Leia mais
14.8.2013 | por Maria Eugênia de Menezes
A Praça Roosevelt tornou-se o epicentro do teatro alternativo na cidade. Dois dos grupos mais atuantes dessa cena, porém, resolvem agora voltar aos clássicos. Após um hiato de dez anos, os Satyros retornam à tragédia grega com Édipo na Praça, uma versão da obra de Sófocles. Logo ao lado, os Parlapatões também empreendem sua visita aos cânones da dramaturgia. Pela primeira vez, os palhaços encenam um texto daquele que é considerado o mestre da comédia ocidental: Molière. Leia mais