29.10.2005 | por Valmir Santos
TEATRO
Empresário pretende construir shopping no local
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
O Grupo Silvio Santos iniciou na tarde de anteontem a demolição de imóvel onde funcionava uma sinagoga na rua Abolição, bairro do Bexiga, integrada ao quarteirão onde o teatro Oficina está há 47 anos.
Segundo o diretor José Celso Martinez Corrêa, a movimentação evidencia que já foi iniciada a obra do shopping center que o Grupo Silvio Santos pretende construir no seu terreno. Zé Celso encabeça luta para fazer valer as idéias originais dos arquitetos Lina Bo Bardi (1914-92) e Edson Elito. É deles o projeto de reinauguração do espaço em 1983, quando previam a construção de um “teatro de estádio” na extensão dos fundos e laterais do Oficina.
Em negociações recentes com o Grupo SS, o diretor sugeriu a preservação do prédio do templo israelita, a fim de transformá-lo em sede de uma universidade para formação de artistas.
Por meio de sua assessoria, o engenheiro Eduardo Velucci, porta-voz do Grupo SS, confirma a compra do imóvel que pertencia ao Templo Israelita Brasileiro Ohel Yaacov (rua Abolição, 457).
A Federação Israelita do Estado informa que as atividades da sinagoga foram transferidas provisoriamente para a Associação Beneficente e Cultural B’nai B’rith, no Jardim Paulistano.
O Grupo SS obteve da prefeitura neste mês o alvará para demolição. Segundo o arquiteto Marcelo Ferraz, que junto com Marcelo Suzuki apresentou o projeto arquitetônico que foi acordado pelas duas partes (Silvio Santos e Oficina), a construção do shopping ainda não foi aprovada pelos órgãos municipais. Velucci afirma, no entanto, que a obra deverá ser iniciada no primeiro semestre de 2006.
Zé Celso discorda sobretudo quanto à gestão do “teatro de estádio”, que reivindica para um conselho de artistas e não de empreendedores.
10.4.2024 | por Teatrojornal
No terceiro encontro da Roda de Memória do Futuro, sob o mote Teatro e política: dissidências e resistências, a atriz e diretora Georgette Fadel, da Cia. São Jorge de Variedades e colaboradora em outros núcleos artísticos, o ator, diretor e dramaturgo Ademir de Almeida, da Brava Companhia, e o dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra, do grupo Tablado SP (novo nome do Tablado de Arruar) refletem de que maneira a luta por políticas de Estado incidem sobre suas cenas e de seus pares, bem como triangula ou não com os públicos na cidade de São Paulo.
Leia mais27.2.2024 | por Teatrojornal
As artistas Dione Carlos, Lucelia Santos (Cia Os Crespos) e Naruna Costa (Grupo Clariô de Teatro) colocaram em perspectiva a cena negra, o trabalho em grupo e a atuação desde as bordas da cidade no segundo encontro da Roda de Memória do Futuro, iniciativa do Teatro da Universidade de São Paulo, o TUSP da rua Maria Antônia.
Leia mais28.7.2023 | por Valmir Santos
Na 25ª cidade mais populosa do Estado de São Paulo, 307 mil habitantes no Censo de 2022, um teatro multiúso construído majoritariamente pelas mãos e recursos de seus artistas a partir de um projeto arquitetônico incomum, modulado por contêineres, em terreno vizinho a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e a uma escola estadual, encontra-se ameaçado de desmonte após quase quatro anos de atividades, inclusive no atravessamento da pandemia.
Leia mais4.6.2022 | por Mariana Queen Nwabasili
Em um sistema-mundo disciplinador dos corpos e em um país que, por mais neurótico que se mostre quanto a isto, tem grande parte de sua memória e conhecimento calcados em manifestações culturais afro-indígenas de forte expressividade física, a montagem de obras teatrais que prescindem da verbalização para explorar outras potentes formas de contar estórias poderiam ser mais frequentes. Essa é uma das conclusões possíveis após assistir à peça Cárcere ou Porque as mulheres viram búfalos, encenação da dramaturgia de Dione Carlos pela Companhia de Teatro Heliópolis, sob a direção de Miguel Rocha, em cartaz na Casa Mariajosé de Carvalho, sede do grupo em São Paulo.
Leia mais26.9.2021 | por Américo Córdula
Em 1959, na cidade de Santos, acontecia o II Festival Nacional de Teatro de Estudantes, criado e realizado pelo diplomata e entusiasta dessa arte Paschoal Carlos Magno. Foi o maior encontro de grupos de teatro do Brasil, trazendo espetáculos de todas as regiões e que reuniu 1.242 participantes. O ator Rubens Teixeira, integrante da companhia Teatro Cacilda Becker (TCB), participou da montagem de Mary Stuart, de Schiller, que era a grande atração do festival, a atriz Lêda Córdula era integrante do Grupo Teatro de Estudante da Paraíba, que levou John Gabriel Borkman, de Ibsen. Na plateia dos dois espetáculos estava o estudante santista da Escola de Artes Dramáticas (EAD), Sérgio Mamberti. Na praia do Gonzaga, Rubens e Lêda começaram um namoro, que virou um noivado e casamento, do qual resultou o meu nascimento em João Pessoa, em 1962. Por conta disso digo que o Mamberti me conhece antes de eu nascer. Vivemos em João Pessoa e Recife até 1969, quando migramos para São Paulo e reencontramos Mamberti.
Leia mais16.5.2021 | por Valmir Santos
Entre os feitos de Eva Wilma no teatro, está o de ter produzido uma montagem de Esperando Godot com elenco formado só por mulheres, contrariando o autor, Samuel Beckett, que preconizava a atuação masculina para a sua obra-prima. A atriz morreu às 22h08 de ontem, aos 87 anos, “em função de um câncer de ovário disseminado, levando a insuficiência respiratória”, segundo informou o Hospital Israelita Einstein, em São Paulo, onde estava internada havia um mês.
Leia mais14.5.2021 | por Maria Eugênia de Menezes
A loucura merece novas camadas. Em 2006, quando Gerald Thomas estreou Terra em trânsito, George Bush era presidente dos Estados Unidos, o 11 de Setembro ainda ardia como uma ferida aberta e a pandemia da Covid-19 não existia nem como pesadelo. A retomada da peça, passados 15 anos, pode ser compreendida por várias questões de ordem prática – como a facilidade de se recriar a mise-en-scène para o formato digital. Revisitá-la, porém, continua sendo uma maneira oportuna de o diretor jogar luz sobre o absurdo vigente.
Leia mais24.4.2021 | por Laís Marques
“Monólogo dançado”, “show-depoimento”, “dança teatral”, “balé-teatro”, enfim, são múltiplas as leituras. Para abordar a trajetória de Maria Helena Ansaldi, em arte Marilena Ansaldi, é preciso ter em mente as diversas tentativas de classificação que a sua obra sofreu desde meados da década de 1970 até 9 de fevereiro de 2021, quando ela morreu aos 86 anos. Se tais termos dão conta de nomear o trabalho em sua totalidade, ou não, de todo modo conjugam alguns dos principais elementos recorrentes na lida dessa artista paulista: normalmente, trata-se de um trabalho solo, com características de depoimento pessoal, realizado em parceria com as linguagens do teatro e da dança. Além disso, eminentemente autoral. Feito sem concessões e, muitas vezes, a despeito do total descaso com que as políticas culturais frequentemente são tratadas no país.
Leia mais3.3.2021 | por Kil Abreu
Neste momento não se pode começar um texto sobre crítica e sobre críticos senão reafirmando o estado atual das coisas. Que alcança a crítica mas vem antes e está além. Para nós que não nos sentimos capturados pelas políticas da morte (o que não nos faz melhores), a sensação é de que o humano está sendo devastado pela doença e pelo assassinato como política de Estado. Ponto crítico. É um momento da democracia em que se pode parafrasear os versos daquela canção falando sobre o aqui que ainda era construção, mas já é ruína. Os mais politizados perguntarão, com razão: “Mas quando não foi assim?”. A diferença fundamental é que no agora, como em poucos outros agoras, a ordem autoritária monta estratégias próprias. A matança, como sempre, tem endereços prioritários. Não cabe descer aqui a pormenores, não é o tema, mas cabe lembrar – não é questão de querer ou não – que este é forçosamente também o sítio da crítica. E a crítica não deve querer estar em suspenso sobre a nervatura do real, deve fazer parte dela.
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