Crítica teatral, formada em jornalismo pela USP, com especialização em crítica literária e literatura comparada pela mesma universidade. É colaboradora de O Estado de S.Paulo, jornal onde trabalhou como repórter e editora, entre 2010 e 2016. Escreveu para Folha de S.Paulo entre 2007 e 2010. Foi curadora de programas, como o Circuito Cultural Paulista, e jurada dos prêmios Bravo! de Cultura, APCA e Governador do Estado. Autora da pesquisa “Breve Mapa do Teatro Brasileiro” e de capítulos de livros, como Jogo de corpo.
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textos
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29.9.2019 | por Maria Eugênia de Menezes
Quando estreou, em 2014, Caros ouvintes era uma peça que falava do passado. Na obra, escrita e dirigida por Otávio Martins, apareciam em destaque personagens de um mundo às vias de extinção. No fim dos anos 1960, enquanto o Brasil assistia ao acirramento da ditadura militar, crescia o poderio das redes de televisão e chegava ao fim a era das rádios. Cantores, sonoplastas, dubladores, operadores de som e atores das radionovelas perdiam seus empregos e buscavam se recolocar em um mundo transformado.
Leia mais23.7.2019 | por Maria Eugênia de Menezes
As razões para matar o pai. Em Tebas land, peça de Sergio Blanco, essa questão parece organizar a trama. Como nas outras montagens do franco-uruguaio que puderam ser vistas no Brasil recentemente – caso de A ira de Narciso e o O bramido de Düsseldorf –, uma morte surge como disparadora das ações. Como se o espanto diante da ideia de matar ou de morrer incitasse o dramaturgo a pôr em funcionamento uma máquina que mistura ficção e autobiografia.
Leia mais28.4.2019 | por Maria Eugênia de Menezes
Foi com uma linguagem inventiva e próxima ao ideário do teatro pós-dramático que o Magiluth conquistou seu espaço na cena teatral nacional. Criado no Recife, em 2004, o grupo investia em propostas de criação coletiva, valorizando a desconstrução do texto e uma interpretação muito mais próxima do performativo do que da representação propriamente dita.
Por diferentes motivos pode-se considerar Apenas o fim do mundo como obra que sinaliza maturidade. Para compor o espetáculo, o grupo pernambucano trouxe muito da experiência acumulada em seus 15 anos de existência: o jogo performático permanece a dar o tom e o espectador, figura sempre central em seu trabalho, funciona como aspecto motor – adentrando os limites da encenação e impregnando-lhe o ritmo.
Leia mais2.4.2019 | por Maria Eugênia de Menezes
Como se viu em boa parte da programação da MITsp 2019, Paisagens para não colorir, espetáculo da Compañía de Teatro La Re-Sentida, do Chile, parte de episódios e histórias verídicas. Nesse exemplar de teatro documentário, foram considerados os testemunhos de adolescentes entre 13 e 16 anos. Durante mais de um ano de workshops e entrevistas, a equipe do diretor Marco Layera investigou não apenas as violências a que são submetidas as garotas de seu país, como também garantiu que seus questionamentos e subjetividades tivessem espaço. Leia mais
Ao celebrar seus 40 anos de existência, o Tapa – uma das mais longevas companhias brasileiras – escolheu montar O jardim das cerejeiras. Para um grupo que alcançou a maioridade levando ao palco justamente a primeira obra de Anton Tchekhov, Ivanov, em 1998, é significativo que a comemoração seja marcada por essa que é a última e mais brilhante das peças do autor russo. Leia mais
19.10.2018 | por Maria Eugênia de Menezes
As peças do uruguaio Sergio Blanco costumam se concentrar em único objeto: ele mesmo. Ao contrário, porém, do que se poderia esperar, a escrita desse autor não utiliza a própria identidade como forma de criar um teatro egocêntrico ou autocentrado. Em El bramido de Düsseldorf, que integrou o Mirada 2018 – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, em Santos, e foi encenada também em São Paulo, Blanco consegue desdobrar a si mesmo como um espelho do mundo. Leia mais
29.6.2018 | por Maria Eugênia de Menezes
Falar também pode ser uma maneira de impor o silêncio. Falamos muito sobre o país miscigenado, falamos sobre discriminação e preconceito, enchemos páginas de jornal com a barbárie cotidiana e a matança da população negra. É com um excesso de palavras que conseguimos não dizer nada que sobre isso. Preto, mais recente criação da companhia brasileira de teatro, parte desse incômodo. Leia mais