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Crítica Militante

A estreia de Cais ou da indiferença das embarcações, em 2012, teve ares de revelação. Debruçada sobre as gerações de uma mesma família, a peça veio evidenciar o cuidadoso trabalho da Velha Companhia e, sobretudo, chamar atenção para a escrita de Kiko Marques. Até então pouco conhecido, o dramaturgo surpreendia pela maneira como elegia o narrador da história, como emaranhava os pontos de vista, como entrelaçava morte e vida, memória e esquecimento. Em seu título mais recente, Sínthia, muitos dos traços presentes em Cais voltam a se manifestar. Especialmente, a capacidade de Marques de criar uma narrativa envolvente para o público. Leia mais

Crítica Militante

Existe algo de premonitório na dramaturgia de Alexandre Dal Farra. Não se está a dizer que sua recente trilogia Abnegação adivinhe o futuro. Mas paira, por certo, a sensação de que o autor soube se conectar ao seu tempo: Deu concretude a questões e mal-estares ainda difusos, que só viriam a tomar corpo um pouco mais adiante. Leia mais

Crítica Militante

Já se passou uma década desde sua estreia. Mas Jô Bilac continua a ser apresentado como um jovem e promissor dramaturgo carioca. E, não raras vezes, como herdeiro direto de Nelson Rodrigues, um enfant terrible, a emular o estilo e o humor do autor de Vestido de noiva. Fluxorama, obra atualmente em cartaz no Sesc Ipiranga e que já mereceu montagens anteriores, não vem para negar os rótulos que se colaram à persona de Bilac. Leia mais

Crítica Militante

A morte é o traço mais evidente em Mamãe, espetáculo solo de Álamo Facó. Mas não necessariamente o predominante. Ao acercar-se de um episódio de conotação dramática – a perda abrupta da mãe – o ator erige uma obra contaminada por elementos verídicos. A narrativa apresentada dá conta de seu calvário pessoal: apenas cem dias separam o diagnóstico de um câncer cerebral do óbito materno. Não é, contudo, a recriação da experiência (ou mesmo sua transfiguração ficcional) o aspecto mais relevante da proposta. Leia mais

Crítica Militante

A contemporaneidade (ou os fenômenos que assim convencionamos chamar): é sobre esse universo nebuloso que se detém majoritariamente a companhia brasileira de teatro. Incertezas, incongruências e perguntas que não chegaram sequer a ser formuladas servem de alimento ao grupo de Curitiba desde 2000. Leia mais

Crítica

A 3.ª edição seria para a MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo o momento da maturidade. Passados os tropeços de organização em seu primeiro ano, o festival se aprimorou em 2015. Trouxe uma programação mais consistente, cresceu em público, firmou-se no calendário cultural da cidade. Este estava destinado a ser, portanto, o ano para que o projeto de Antônio Araújo e Guilherme Marques alcançasse tudo aquilo que ambicionara Leia mais

Crítica

Qualquer apreciação crítica escrita no calor do momento, sem o devido tempo de maturação, e confinada ao espaço de uma página não conseguirá dar conta da profusão de signos e discursos que Krzysztof Warlikowski põe em marcha no seu (A)Polônia. Resta o consolo de que um pouco mais de tempo – ou de espaço – faria pouca diferença nessa complicada equação. Leia mais

Crítica

Toda linguagem nasce de um esforço, por natureza, inútil. É por saber-se incompleto que o homem deseja. A falta nos move, nos empurra para além do silêncio e da imobilidade. Qualquer palavra, não importa quão bem escolhida, será incapaz de dizer completamente dessa falha. É essa lacuna que nos obriga a seguir. A dizer mais. A tentar dizer melhor. A formular novos textos, novos arranjos, outros argumentos. E a voltar, seguidamente, de mãos vazias.

Espetáculo do artista congolês Faustin Linyekula, A carga (Le cargo), vem mover-se ao redor dessa ausência primordial. Leia mais

Crítica

Sinal dos tempos de crise ou mera coincidência, fato é que os monólogos vicejam nesse início de temporada em São Paulo. Denise Weinberg está com o seu Testamento de Maria; Thiago Fragoso encena As benevolentes; Luciano Chirolli se lança a Memórias de Adriano, adaptação do aclamado romance de Marguerite Yourcenar.  Leia mais

Crítica

Uma mulher e tudo o que ela não disse ao longo da vida. Em O testamento de Maria, em cartaz no Sesc Pinheiros, Denise Weinberg assume o icônico papel de mãe de Jesus Cristo e o ímpeto de revelar verdades submersas. Leia mais