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Os artistas de teatro foram os primeiros a responder ao regime autoritário, instalado na noite de 31 de março de 1964. Para sermos exatos, os de teatro associados aos de música popular. No dia 11 de dezembro daquele ano, o show Opinião, composto por canções, anedotas e cenas curtas, estreava no Rio de Janeiro, com a cantora Nara Leão e os compositores Zé Keti e João do Vale convertidos em atores do musical. Leia mais

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A filosofia dos grupos

5.5.2014  |  por Valmir Santos

As artes cênicas são, por natureza, gregárias. Sincronizam a respiração no ato ao vivo entre os artistas que ocupam palco, galpão, picadeiro ou espaço público e os espectadores instigados a embarcar nessa nau milenar. Nas tradições orientais e ocidentais, uma das bases da convivência no teatro e na dança diz respeito ao caráter coletivo por trás de cada criação. Em um monólogo dramático ou em um solo coreográfico haverá sempre a interlocução direta ou indireta de uma equipe ancorando as palavras, os gestos, os silêncios e as variantes sensoriais no coração da cena. Leia mais

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A jornalista Ivana Bentes falou certa vez em “cosmética da fome” a propósito do filme Cidade de deus. Embora se entendam os motivos para a crítica a obras de arte que, ao pretender denunciar males sociais, terminam por vampirizá-los, seria uma pena que se jogasse fora o bebê com a água do banho. Quer dizer: seria empobrecedor decretar que a arte produzida por autores de classe média está fadada à inautenticidade ao falar sobre esses males, que continuam a assombrar a sociedade. Assim como se dá justamente agora, no Rio de Janeiro, com a “reintegração de posse” de terreno e prédio da empresa Oi, ocupados por famílias que berram por moradia enquanto são atacadas pela polícia. Leia mais

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O que devemos guardar do pródigo teatro musical feito no Brasil das décadas de 1960 e 70? Penso ser possível extrair, daquelas peças e espetáculos, uma teoria do teatro – de matriz local, mas de vocação universal.

Apresento a seguir trechos da introdução de ‘Com os séculos nos olhos’: teatro musical e político no Brasil dos anos 1960 e 1970, livro que deverá ser publicado nos próximos meses pela Editora Dulcina. O livro procede da tese de doutorado que defendi em literatura brasileira, na Universidade de Brasília, em 2006. Leia mais

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No poema Eterno, o modernista Carlos Drummond garante: “E como ficou chato ser moderno./ Agora serei eterno”. Podemos parafrasear o dito e registrar: nada mais antigo que o moderno, agora queremos ser pós-modernos. E, se o assunto for teatro, seremos então pós-dramáticos. Mas correríamos o risco de jogar fora o bebê com a água do banho ao entender o período pós-dramático, iniciado nos anos 1970, como se fosse de ruptura completa com a história do teatro – desde os gregos. Leia mais

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Faz 40 anos que a cidade de São Paulo abriga, com intermitência, encontros internacionais de teatro na acepção moderna que esses certames adquiriram no mapa-múndi após a Segunda Guerra (1939-1945). Vide os dois festivais estabelecidos em 1947 e tão paradigmáticos como diversos em seus formatos: o de Avignon, na França, e o de Edimburgo, na Escócia. Popularizar a arte teatral, interagir com outras manifestações-irmãs como a dança, a ópera, a música e as artes plásticas e abrir-se à cultura de outros países e continentes são algumas das premissas instigadoras. As mesmas que, em certa medida, moveram a atriz e empresária Ruth Escobar a promover, em 1974, o pioneiro Festival Internacional de Teatro em São Paulo, dois anos após Paris fixar o seu no calendário cultural, o Festival de Outono. Eram incomensuráveis os desafios de Escobar no país subdesenvolvido, de “terceiro mundo” e às voltas com o décimo aniversário da ditadura militar. Leia mais

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Aniversários cercam nos próximos meses o drama Woyzeck, do alemão Georg Büchner (1813-1837), convidando a falar sobre a breve e sugestiva peça, que encerra qualidades poéticas e políticas ainda hoje eloquentes. Escrito em 1836, o texto, que permaneceria inconcluso, foi publicado em 1879 e chegou ao palco somente em 1913, em Munique. Os 100 anos desde a primeira montagem de Woyzeck se completam em novembro [de 2013]. Leia mais

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Se o presente reescreve constantemente o passado e com isso redireciona o futuro, os valores da história literária jamais estarão lançados de uma vez por todas. Esse gênero de operações, nas quais o acaso não deixa de jogar seu papel, envolveu a obra do escritor alemão Georg Büchner (1813-1837), morto aos 23 anos. Autor de repertório breve, mas seminal – composto por três peças teatrais, um panfleto político e uma novela –, Büchner teve a obra publicada na íntegra apenas em 1879, inspirando gerações de criadores desde então. Naturalistas e expressionistas viram no dramaturgo um precursor, tanto no plano dos temas, que ele tornou socialmente incisivos, quanto no plano das formas, alteradas para a expressão de novos conteúdos. O escritor nasceu há exatos 200 anos, que se completaram a 17 de outubro [de 2013]. Leia mais

Viúvas - Performance sobre a ausência, Ói Nóis Aqui Traveiz

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Quando os mitos e os rituais encontram-se sedimentados como ato criativo numa biografia de 35 anos, seu criador também é convertido, simbolicamente, em fonte primordial de outros mitos e rituais transmitidos às gerações de artistas e de públicos com os quais conviveu. Ou seja, gera uma tradição. Em sua antológica fricção poética com a realidade, a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz sorveu a origem do mundo, palmilhou a natureza dos céus aos baixios, esculpiu em cena deuses, homens e heróis em suas falências e potências. E sublinhou injustiças, algumas ainda estanques, que por si mesmas ficariam emolduradas no histórico cultural não fosse disposição permanente do grupo para fazer valer seu projeto estético. Leia mais

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O texto a seguir foi publicado originalmente na revista eletrônica Questão de Crítica, sob o título Instabilidades na recepção crítica ao teatro de pesquisa. E consolidado a partir da palestra de abertura do 2º Encontro Questão de Crítica ocorrido no Rio de Janeiro em março de 2013. A imagem que o ilustra é uma cena da obra Origem destino (2013), da Companhia Auto-Retrato, que propõe ficção em deslocamento pela cidade de São Paulo entre a Praça da Sé, no centro, e o bairro de Santo Amaro, na zona sul. Leia mais