3.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008
TEATRO
Em “Loucos por Amor”, Francisco Medeiros tenta fugir dos estereótipos do caubói
Em cartaz no Coletivo Fábrica, montagem de texto de Sam Shepard tem no elenco Umberto Magnani, que completa 40 anos de palco
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008
TEATRO
Atriz fez pesquisa de campo para “Eu Quero Ver a Rainha”
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
A atriz Fabiana Fonseca, 29, passou parte de 2005 convivendo com prostitutas do Jardim Itatinga, em Campinas. A pesquisa de campo sobre a sexualidade e o erotismo femininos é retratada no espetáculo solo “Eu Quero Ver a Rainha”, que veio à luz naquele mesmo bairro, em 2006, e estréia hoje no Espaço dos Satyros 2.
O título é homônimo da letra de Jorge Ben Jor e, também, citação à figura da pombajira na umbanda. Fonseca diz ter consciência do quão complexo é focar o corpo da mulher no âmbito das profissionais do sexo, aferir desejos, medos, dores e prazeres.
“Foi um mergulho intenso, pesado, pleno em contradições que mexem com o íntimo. Sei que a criação artística reflete apenas parte daquele universo, em que também encontrei muito de mim.
“A “rainha” surge inicialmente como caricatura da garota dona de si, desbocada e na defensiva. Aos poucos, expõe histórias, feridas físicas e emocionais, até dar lugar à mulher comum, como tantas em que Fonseca viu refletir a si mesma na fala, no jeito de se vestir, na ilusão do grande amor.
Ela é acostumada a traduzir realidades marginalizadas por meio de técnicas como “mimese corpórea” (imitação) e Teatro do Oprimido (Augusto Boal). Atuou nos grupos Matula e Boa Cia. O solo a enredou por iniciativas sociais junto a associações de prostitutas.
No final do mês, organizará debate nos Satyros e, em junho, desfile da grife carioca Daspu na praça Roosevelt.
1.5.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008
TEATRO
Reencontro de triângulo amoroso é tema de “Tape”, de Belber, que estréia amanhã
Espetáculo que entra em cartaz no teatro Sérgio Cardoso põe três amigos de colégio num quarto de hotel passando histórias a limpo
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008
TEATRO
Companhia La Mínima estréia amanhã outra peça baseada em quadrinhos
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Clown noir? Atmosfera de suspense cinematográfico? Resgate de um nariz mutilado? Não causa espanto se se está falando da Companhia La Mínima, projeto de circo dos mais sólidos no teatro brasileiro.
A dupla Domingos Montagner, 46, e Fernando Sampaio, 43, a mesma que costura em paralelo o Circo Zanni (2004), volta ao universo de Laerte, cartunista da Folha. O espetáculo “A Noite dos Palhaços Mudos” entra em cartaz amanhã no Espaço Parlapatões.
Depois da premiada montagem de “Piratas do Tietê – O Filme” (2003), chegou a vez de adaptar a história em quadrinhos homônima que Laerte publicou pela primeira vez em 1987, na “Circo”. O clima é sombrio, digno de narrativa policial: dois palhaços empenhados em resgatar um terceiro, capturado por sujeitos que se dizem “próceres da sociedade” dispostos a exterminar a “praga” (a HQ está disponível em www.laerte.com.br).
No roteiro co-adaptado com o diretor convidado Alvaro Assad (Centro Teatral e Etc e Tal, do Rio), o que está em resgate é um nariz de palhaço mutilado.
Sem palavras, ancorando o humor físico, a dupla penetra em uma sociedade secreta. A missão inclui driblar a intolerância com truques e brincadeiras, até empreender uma fuga.
Os vilões institucionais são vividos pelo ator Fabio Espósito, que já trabalhara em “Piratas do Tietê”. Diminui a ênfase na figura da dupla clássica de palhaços (o “augusto” espevitado de Sampaio versus o “branco” austero de Montagner) a favor da dramaticidade que a história pede. Mas eles são os condutores da peça, misturando real e fantasia.
Quer no palco italiano (“À La Carte”, 2001), na rua (“Luna Parke”, 2002) ou nos esquetes de acrobacia (“La Mínima Cia. de Ballet”, 1997, gênese da companhia), Montagner e Sampaio acumulam uma linguagem que não desdenha a tradição. “A gente costuma repetir a velha frase sobre a serragem na veia injetada por mestres como o Roger [Avanzi, o Picolino 2]”, diz Sampaio.
29.4.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008
TEATRO
Dirigido por Cacá Rosset, grupo monta terceiro Shakespeare, “A Megera Domada”, e celebra em livro a irreverência de três décadas
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Maio de 1977. Antunes Filho arquiteta “Macunaíma” para o ano seguinte. José Celso Martinez Corrêa ziguezagueia no exílio entre Portugal e Moçambique, prestes a retornar. Em meio à ditadura militar (1964-85), o termo porão ganha outros contornos nas mãos da atriz e professora Maria Alice Vergueiro e de seus pupilos Luiz Roberto Galizia e Cacá Rosset, da Escola de Comunicações e Artes da USP.
O trio dá o que falar em “Os Mais Fortes”, espetáculo levado a um espaço improvisado do teatro Oficina, no Bexiga. É ali que o público lota sessões alternativas, inclusive à meia-noite.O boca-a-boca é movido pela irreverência com a qual a criação coletiva trata os textos curtos do sueco August Strindberg, um embate de forças (ou de cérebros) sob a ótica darwiniana da sobrevivência da espécie.
E depois veio Brecht, contundência sócio-política lida em chave cômica. E depois vieram Molière, Shakespeare e Alfred Jarry, para citar clássicos que ajudaram o Teatro do Ornitorrinco a inscrever seu nome na história do teatro no país.
O grupo desenvolveu uma linguagem que funde circo, dança, teatro, música e o ímpeto desenfreado pela iconoclastia. Os mesmos ingredientes que a crítica percebe manejados sem a consistência de antes em produções de 1998 para cá (“O Avarento”, “Scapino” e “O Marido Vai à Caça!”).
“Megera”
Agora, quase 31 anos depois, o Ornitorrinco volta à carga com um novo Shakespeare, “A Megera Domada”, que estréia dia 30/5 no teatro Sérgio Cardoso. É a terceira visita à obra do dramaturgo inglês. A projeção internacional do grupo veio justamente em “Sonho de uma Noite de Verão” (1992). As fadinhas seminuas chamaram a atenção de público e crítica nas apresentações ao ar livre no Delacorte Theatre do Central Park, em Nova York.
As três décadas serão lembradas ainda com o lançamento, em junho, de “Teatro do Ornitorrinco – Para Vosso Prazer, para Vosso Deleite e para Vossa Diversão!” (Imprensa Oficial, 336 págs., preço a definir). O livro autobiográfico terá depoimentos e imagens de quem atravessou o grupo ou segue vinculado à sua história. O texto é de Guy Corrêa, com projeto gráfico de Victor Nosek, capa de Angeli e coordenação editorial de Christiane Tricerri.
Em “Megera Domada”, é ela, Tricerri, 46, ligada ao grupo desde 1985, quem interpreta Catarina, a mulher que não aceita ser subjugada por ninguém e que tenta resistir aos galanteios do brutamontes Petrucchio (Rosset). A irmã da protagonista, Bianca (Maureen Miranda), também entra na torcida para que se casem logo, já que só assim poderá ser liberada a um pretendente, como condiciona o pai.
Lutar é verbo-motriz nessa comédia, prato cheio para a ação física que o Ornitorrinco aprecia acentuar. “Há uma passagem entre Petrucchio e Catarina toda pontuada por golpes, com voadoras e tudo”, afirma Rosset, 54, também o diretor.Segundo Tricerri, o espetáculo reforça a metalinguagem do prólogo, muitas vezes visto de soslaio. Shakespeare inverte os papéis de um funileiro bêbado e de um lorde. Paramentados no palácio, é a eles que uma trupe de atores apresenta a peça dentro da peça.
São 24 artistas no palco, músicos incluídos. Parte do elenco esteve em produções anteriores, caso de Eduardo Silva, William Amaral, Rubens Caribé, Guilherme Freitas e Anderson Faganello. Direção de arte e figurinos são de José Anchieta.
Ubu governador
Rosset considera “Ubu – Folias Physicas, Pataphysicas e Musicaes” (1985) a montagem mais bem-sucedida no currículo. Foi vista por cerca de 350 mil pessoas em dois anos e três meses em cartaz. Resultou uma colagem de textos da obra do francês Alfred Jarry em torno do rei que usurpa o trono em um lugar imaginário. Imprimia frenético vaivém em meio a malabares, engolidores de fogo, trapézios e banda ao vivo, para deleite do público jovem.A “patafísica”, ou “ciência das soluções imaginárias”, colou de tal modo que invadiu a realidade: Rosset encarnou pai Ubu em happening, a ponto de o Tribunal Regional Eleitoral protocolar sua candidatura sob o slogan “Horror por horror, Ubu governador”.”Hoje, o Ornitorrinco é mais um estado de espírito do que um grupo. Somos pessoas com afinidades, que reciprocamente se escolhem”, diz Rosset.
Em suas diferentes fases e faces, foi cepa de comediantes como Rosi Campos, José Rubens Chachá, Ary França, Norival Rizzo e cantores como Cida Moreira, Edson Cordeiro e Elba Ramalho. Sem contar a influência em projetos como Circo-Escola Picadeiro, Parlapatões e Acrobático Fratelli.
28.4.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008
TEATRO
Para a companhia Générik Vapeur, polícia impediu encenação; PM diz que houve “sugestão em comum acordo’
O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, admitiu que a polícia tomou um “susto” e disse que a ferida de 2007 ainda está aberta
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
24.4.2008 | por Valmir Santos
São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008
TEATRO
VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local
Atração obrigatória nas “Noites Brancas” de Paris, a companhia francesa Générik Vapeur finalmente vem a SP para duas únicas apresentações na Virada Cultural.
O espetáculo “Bivouac” é teatro de cortejo de rua com intervenção no espaço público, variação do que Belo Horizonte viu anos atrás. No chão ou num caminhão-cenário, que serve de touro de ventas fumegantes, vêm 18 atores ou músicos com corpos pintados de azul.
Eles interagem pontualmente com os espectadores, com rock, luzes e fogos de artifício. A idéia é mudar a percepção do centro da cidade. Importa a experiência de deslocamento coletivo, o “percurso emocional”. Bivaque, em português, é a área que acolhe a tropa. A duração é de 60 minutos.
Inicia em frente à Galeria Olido (av. São João), passa pela pça. da República, ruas Ipiranga e Sete de Abril, e acaba na pça. do Patriarca, diante de uma pirâmide de 102 latões coloridos. Criado em 1989, “Bivouac” alude ao Muro de Berlim. A companhia foi fundada em 1984, motivada pelas relações entre ator e máquina. “Bivouac” inclui um cão cenográfico de metal e um carro que é demolido. O projeto é parceria da Prefeitura de SP com o Consulado da França e o órgão Culture France.