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Folha de S.Paulo

São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2008

TEATRO 
Companhia La Mínima estréia amanhã outra peça baseada em quadrinhos

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local

Clown noir? Atmosfera de suspense cinematográfico? Resgate de um nariz mutilado? Não causa espanto se se está falando da Companhia La Mínima, projeto de circo dos mais sólidos no teatro brasileiro.
A dupla Domingos Montagner, 46, e Fernando Sampaio, 43, a mesma que costura em paralelo o Circo Zanni (2004), volta ao universo de Laerte, cartunista da Folha. O espetáculo “A Noite dos Palhaços Mudos” entra em cartaz amanhã no Espaço Parlapatões.
Depois da premiada montagem de “Piratas do Tietê – O Filme” (2003), chegou a vez de adaptar a história em quadrinhos homônima que Laerte publicou pela primeira vez em 1987, na “Circo”. O clima é sombrio, digno de narrativa policial: dois palhaços empenhados em resgatar um terceiro, capturado por sujeitos que se dizem “próceres da sociedade” dispostos a exterminar a “praga” (a HQ está disponível em www.laerte.com.br).
No roteiro co-adaptado com o diretor convidado Alvaro Assad (Centro Teatral e Etc e Tal, do Rio), o que está em resgate é um nariz de palhaço mutilado.
Sem palavras, ancorando o humor físico, a dupla penetra em uma sociedade secreta. A missão inclui driblar a intolerância com truques e brincadeiras, até empreender uma fuga.
Os vilões institucionais são vividos pelo ator Fabio Espósito, que já trabalhara em “Piratas do Tietê”. Diminui a ênfase na figura da dupla clássica de palhaços (o “augusto” espevitado de Sampaio versus o “branco” austero de Montagner) a favor da dramaticidade que a história pede. Mas eles são os condutores da peça, misturando real e fantasia.
Quer no palco italiano (“À La Carte”, 2001), na rua (“Luna Parke”, 2002) ou nos esquetes de acrobacia (“La Mínima Cia. de Ballet”, 1997, gênese da companhia), Montagner e Sampaio acumulam uma linguagem que não desdenha a tradição. “A gente costuma repetir a velha frase sobre a serragem na veia injetada por mestres como o Roger [Avanzi, o Picolino 2]”, diz Sampaio.
A NOITE DOS PALHAÇOS MUDOS
Quando: estréia amanhã, às 21h; qui., às 21h; até 29/5
Onde: Espaço Parlapatões (pça. Franklin Roosevelt, 158, tel. 3258-4449)
Quanto: R$ 20

Clown noir? Atmosfera de suspense cinematográfico? Resgate de um nariz mutilado? Não causa espanto se se está falando da Companhia La Mínima, projeto de circo dos mais sólidos no teatro brasileiro.

A dupla Domingos Montagner, 46, e Fernando Sampaio, 43, a mesma que costura em paralelo o Circo Zanni (2004), volta ao universo de Laerte, cartunista da Folha. O espetáculo “A Noite dos Palhaços Mudos” entra em cartaz amanhã no Espaço Parlapatões. 

Depois da premiada montagem de “Piratas do Tietê – O Filme” (2003), chegou a vez de adaptar a história em quadrinhos homônima que Laerte publicou pela primeira vez em 1987, na “Circo”. O clima é sombrio, digno de narrativa policial: dois palhaços empenhados em resgatar um terceiro, capturado por sujeitos que se dizem “próceres da sociedade” dispostos a exterminar a “praga” (a HQ está disponível em www.laerte.com.br).

No roteiro co-adaptado com o diretor convidado Alvaro Assad (Centro Teatral e Etc e Tal, do Rio), o que está em resgate é um nariz de palhaço mutilado.

Sem palavras, ancorando o humor físico, a dupla penetra em uma sociedade secreta. A missão inclui driblar a intolerância com truques e brincadeiras, até empreender uma fuga. 

Os vilões institucionais são vividos pelo ator Fabio Espósito, que já trabalhara em “Piratas do Tietê”. Diminui a ênfase na figura da dupla clássica de palhaços (o “augusto” espevitado de Sampaio versus o “branco” austero de Montagner) a favor da dramaticidade que a história pede. Mas eles são os condutores da peça, misturando real e fantasia. 

Quer no palco italiano (“À La Carte”, 2001), na rua (“Luna Parke”, 2002) ou nos esquetes de acrobacia (“La Mínima Cia. de Ballet”, 1997, gênese da companhia), Montagner e Sampaio acumulam uma linguagem que não desdenha a tradição. “A gente costuma repetir a velha frase sobre a serragem na veia injetada por mestres como o Roger [Avanzi, o Picolino 2]”, diz Sampaio. 


Peça: A noite dos Palhaços mudo
Quando: estréia amanhã, às 21h; qui., às 21h; até 29/5 
Onde: Espaço Parlapatões (pça. Franklin Roosevelt, 158, tel. 3258-4449) 
Quanto: R$ 20 

Folha de S.Paulo

São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

TEATRO 
Dirigido por Cacá Rosset, grupo monta terceiro Shakespeare, “A Megera Domada”, e celebra em livro a irreverência de três décadas 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Maio de 1977. Antunes Filho arquiteta “Macunaíma” para o ano seguinte. José Celso Martinez Corrêa ziguezagueia no exílio entre Portugal e Moçambique, prestes a retornar. Em meio à ditadura militar (1964-85), o termo porão ganha outros contornos nas mãos da atriz e professora Maria Alice Vergueiro e de seus pupilos Luiz Roberto Galizia e Cacá Rosset, da Escola de Comunicações e Artes da USP.
O trio dá o que falar em “Os Mais Fortes”, espetáculo levado a um espaço improvisado do teatro Oficina, no Bexiga. É ali que o público lota sessões alternativas, inclusive à meia-noite.
O boca-a-boca é movido pela irreverência com a qual a criação coletiva trata os textos curtos do sueco August Strindberg, um embate de forças (ou de cérebros) sob a ótica darwiniana da sobrevivência da espécie.
E depois veio Brecht, contundência sócio-política lida em chave cômica. E depois vieram Molière, Shakespeare e Alfred Jarry, para citar clássicos que ajudaram o Teatro do Ornitorrinco a inscrever seu nome na história do teatro no país.
O grupo desenvolveu uma linguagem que funde circo, dança, teatro, música e o ímpeto desenfreado pela iconoclastia. Os mesmos ingredientes que a crítica percebe manejados sem a consistência de antes em produções de 1998 para cá (“O Avarento”, “Scapino” e “O Marido Vai à Caça!”).
“Megera”
Agora, quase 31 anos depois, o Ornitorrinco volta à carga com um novo Shakespeare, “A Megera Domada”, que estréia dia 30/5 no teatro Sérgio Cardoso. É a terceira visita à obra do dramaturgo inglês. A projeção internacional do grupo veio justamente em “Sonho de uma Noite de Verão” (1992). As fadinhas seminuas chamaram a atenção de público e crítica nas apresentações ao ar livre no Delacorte Theatre do Central Park, em Nova York.
As três décadas serão lembradas ainda com o lançamento, em junho, de “Teatro do Ornitorrinco – Para Vosso Prazer, para Vosso Deleite e para Vossa Diversão!” (Imprensa Oficial, 336 págs., preço a definir). O livro autobiográfico terá depoimentos e imagens de quem atravessou o grupo ou segue vinculado à sua história. O texto é de Guy Corrêa, com projeto gráfico de Victor Nosek, capa de Angeli e coordenação editorial de Christiane Tricerri.
Em “Megera Domada”, é ela, Tricerri, 46, ligada ao grupo desde 1985, quem interpreta Catarina, a mulher que não aceita ser subjugada por ninguém e que tenta resistir aos galanteios do brutamontes Petrucchio (Rosset). A irmã da protagonista, Bianca (Maureen Miranda), também entra na torcida para que se casem logo, já que só assim poderá ser liberada a um pretendente, como condiciona o pai.
Lutar é verbo-motriz nessa comédia, prato cheio para a ação física que o Ornitorrinco aprecia acentuar. “Há uma passagem entre Petrucchio e Catarina toda pontuada por golpes, com voadoras e tudo”, afirma Rosset, 54, também o diretor.
Segundo Tricerri, o espetáculo reforça a metalinguagem do prólogo, muitas vezes visto de soslaio. Shakespeare inverte os papéis de um funileiro bêbado e de um lorde. Paramentados no palácio, é a eles que uma trupe de atores apresenta a peça dentro da peça.
São 24 artistas no palco, músicos incluídos. Parte do elenco esteve em produções anteriores, caso de Eduardo Silva, William Amaral, Rubens Caribé, Guilherme Freitas e Anderson Faganello. Direção de arte e figurinos são de José Anchieta.
Ubu governador
Rosset considera “Ubu – Folias Physicas, Pataphysicas e Musicaes” (1985) a montagem mais bem-sucedida no currículo. Foi vista por cerca de 350 mil pessoas em dois anos e três meses em cartaz. Resultou uma colagem de textos da obra do francês Alfred Jarry em torno do rei que usurpa o trono em um lugar imaginário. Imprimia frenético vaivém em meio a malabares, engolidores de fogo, trapézios e banda ao vivo, para deleite do público jovem.
A “patafísica”, ou “ciência das soluções imaginárias”, colou de tal modo que invadiu a realidade: Rosset encarnou pai Ubu em happening, a ponto de o Tribunal Regional Eleitoral protocolar sua candidatura sob o slogan “Horror por horror, Ubu governador”.
“Hoje, o Ornitorrinco é mais um estado de espírito do que um grupo. Somos pessoas com afinidades, que reciprocamente se escolhem”, diz Rosset.
Em suas diferentes fases e faces, foi cepa de comediantes como Rosi Campos, José Rubens Chachá, Ary França, Norival Rizzo e cantores como Cida Moreira, Edson Cordeiro e Elba Ramalho. Sem contar a influência em projetos como Circo-Escola Picadeiro, Parlapatões e Acrobático Fratelli.

Maio de 1977. Antunes Filho arquiteta “Macunaíma” para o ano seguinte. José Celso Martinez Corrêa ziguezagueia no exílio entre Portugal e Moçambique, prestes a retornar. Em meio à ditadura militar (1964-85), o termo porão ganha outros contornos nas mãos da atriz e professora Maria Alice Vergueiro e de seus pupilos Luiz Roberto Galizia e Cacá Rosset, da Escola de Comunicações e Artes da USP.

O trio dá o que falar em “Os Mais Fortes”, espetáculo levado a um espaço improvisado do teatro Oficina, no Bexiga. É ali que o público lota sessões alternativas, inclusive à meia-noite.O boca-a-boca é movido pela irreverência com a qual a criação coletiva trata os textos curtos do sueco August Strindberg, um embate de forças (ou de cérebros) sob a ótica darwiniana da sobrevivência da espécie.

E depois veio Brecht, contundência sócio-política lida em chave cômica. E depois vieram Molière, Shakespeare e Alfred Jarry, para citar clássicos que ajudaram o Teatro do Ornitorrinco a inscrever seu nome na história do teatro no país.

O grupo desenvolveu uma linguagem que funde circo, dança, teatro, música e o ímpeto desenfreado pela iconoclastia. Os mesmos ingredientes que a crítica percebe manejados sem a consistência de antes em produções de 1998 para cá (“O Avarento”, “Scapino” e “O Marido Vai à Caça!”).

“Megera”
Agora, quase 31 anos depois, o Ornitorrinco volta à carga com um novo Shakespeare, “A Megera Domada”, que estréia dia 30/5 no teatro Sérgio Cardoso. É a terceira visita à obra do dramaturgo inglês. A projeção internacional do grupo veio justamente em “Sonho de uma Noite de Verão” (1992). As fadinhas seminuas chamaram a atenção de público e crítica nas apresentações ao ar livre no Delacorte Theatre do Central Park, em Nova York.

As três décadas serão lembradas ainda com o lançamento, em junho, de “Teatro do Ornitorrinco – Para Vosso Prazer, para Vosso Deleite e para Vossa Diversão!” (Imprensa Oficial, 336 págs., preço a definir). O livro autobiográfico terá depoimentos e imagens de quem atravessou o grupo ou segue vinculado à sua história. O texto é de Guy Corrêa, com projeto gráfico de Victor Nosek, capa de Angeli e coordenação editorial de Christiane Tricerri.

Em “Megera Domada”, é ela, Tricerri, 46, ligada ao grupo desde 1985, quem interpreta Catarina, a mulher que não aceita ser subjugada por ninguém e que tenta resistir aos galanteios do brutamontes Petrucchio (Rosset). A irmã da protagonista, Bianca (Maureen Miranda), também entra na torcida para que se casem logo, já que só assim poderá ser liberada a um pretendente, como condiciona o pai.

Lutar é verbo-motriz nessa comédia, prato cheio para a ação física que o Ornitorrinco aprecia acentuar. “Há uma passagem entre Petrucchio e Catarina toda pontuada por golpes, com voadoras e tudo”, afirma Rosset, 54, também o diretor.Segundo Tricerri, o espetáculo reforça a metalinguagem do prólogo, muitas vezes visto de soslaio. Shakespeare inverte os papéis de um funileiro bêbado e de um lorde. Paramentados no palácio, é a eles que uma trupe de atores apresenta a peça dentro da peça.

São 24 artistas no palco, músicos incluídos. Parte do elenco esteve em produções anteriores, caso de Eduardo Silva, William Amaral, Rubens Caribé, Guilherme Freitas e Anderson Faganello. Direção de arte e figurinos são de José Anchieta.

Ubu governador
Rosset considera “Ubu – Folias Physicas, Pataphysicas e Musicaes” (1985) a montagem mais bem-sucedida no currículo. Foi vista por cerca de 350 mil pessoas em dois anos e três meses em cartaz. Resultou uma colagem de textos da obra do francês Alfred Jarry em torno do rei que usurpa o trono em um lugar imaginário. Imprimia frenético vaivém em meio a malabares, engolidores de fogo, trapézios e banda ao vivo, para deleite do público jovem.A “patafísica”, ou “ciência das soluções imaginárias”, colou de tal modo que invadiu a realidade: Rosset encarnou pai Ubu em happening, a ponto de o Tribunal Regional Eleitoral protocolar sua candidatura sob o slogan “Horror por horror, Ubu governador”.”Hoje, o Ornitorrinco é mais um estado de espírito do que um grupo. Somos pessoas com afinidades, que reciprocamente se escolhem”, diz Rosset.

Em suas diferentes fases e faces, foi cepa de comediantes como Rosi Campos, José Rubens Chachá, Ary França, Norival Rizzo e cantores como Cida Moreira, Edson Cordeiro e Elba Ramalho. Sem contar a influência em projetos como Circo-Escola Picadeiro, Parlapatões e Acrobático Fratelli. 

Folha de S.Paulo

São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

TEATRO 

Para a companhia Générik Vapeur, polícia impediu encenação; PM diz que houve “sugestão em comum acordo’
O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, admitiu que a polícia tomou um “susto” e disse que a ferida de 2007 ainda está aberta

Para a companhia Générik Vapeur, polícia impediu encenação; PM diz que houve “sugestão em comum acordo’

O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, admitiu que a polícia tomou um “susto” e disse que a ferida de 2007 ainda está aberta 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Uma das atrações de artes cênicas mais aguardadas na Virada, a companhia francesa de teatro de rua Générik Vapeur teve cancelada a segunda apresentação de “Bivouac” (prevista para as 3h30 de ontem). Para os franceses, a Polícia Militar impediu a encenação. De acordo com a polícia, houve uma “sugestão em comum acordo”.
 
Segundo o adido cultural da França em São Paulo, Philipe Ariagno, a PM implicou com a atuação do grupo, que atraiu centenas de espectadores na primeira sessão, às 21h30 de sábado. A apresentação alternou instantes de correria e concentração, em meio a efeitos de fogos de artifício, gelo seco e o agito da música tocada ao vivo. Os atores do grupo criavam uma espécie de coreografia com a multidão, ora erguendo latões, ora arrastando-os.
 
A outra sessão foi adiada, segundo o setor de comunicação da PM, porque havia receio de que alguém se machucasse. “O coronel sugeriu, em comum acordo com a organização, que não repetissem toda a performance em deslocamento porque, naquele momento, a concentração era muito grande”, disse ontem, por telefone, a coronel Maria Aparecida de Carvalho Yamamoto, da Comunicação Social da PM. “Foi só uma sugestão. Em nenhum momento a PM impediu.”
 
“Não dimensionamos bem a quantidade de gente e de carros [estacionados] no percurso. Quando acabou [a primeira sessão], imediatamente fui advertido [pela PM] de que teríamos de fazer modificações”, disse o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil.
 
A Folha apurou que o que mais incomodou o comando da PM foi a cena final, quando uma pirâmide de 102 latões foi derrubada e, por trás dela, surgiu um carro demolido, cuja pintura e a grafia “police” remetiam às viaturas de filmes hollywoodianos. Segundo Ariagno, a PM condicionou a segunda sessão à retirada da alusão à viatura e à execução do som apenas sob o viaduto do Chá. A companhia aceitou a primeira (a palavra “police” foi apagada), mas achou que a falta de som descaracterizaria completamente o espetáculo.
 
“A solicitação era para que tirassem o adesivo, porque era a simulação de uma viatura sendo destruída. Havia receio de que isso incitasse a população a fazer o mesmo em outros veículos”, disse Yamamoto.
 

Calil, que tentou negociar com o comando da PM durante a madrugada, admite que a polícia tomou um “susto”. “A ferida do ano passado ainda está aberta. Não podemos ser ingênuos para que a festa não tenha contaminações desnecessárias”, disse, aludindo ao tumulto ocorrido em 2007 na Sé.

 

Folha de S.Paulo

São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

TEATRO 

VALMIR SANTOS 
Da Reportagem Local 

Atração obrigatória nas “Noites Brancas” de Paris, a companhia francesa Générik Vapeur finalmente vem a SP para duas únicas apresentações na Virada Cultural.
O espetáculo “Bivouac” é teatro de cortejo de rua com intervenção no espaço público, variação do que Belo Horizonte viu anos atrás. No chão ou num caminhão-cenário, que serve de touro de ventas fumegantes, vêm 18 atores ou músicos com corpos pintados de azul.
Eles interagem pontualmente com os espectadores, com rock, luzes e fogos de artifício. A idéia é mudar a percepção do centro da cidade. Importa a experiência de deslocamento coletivo, o “percurso emocional”. Bivaque, em português, é a área que acolhe a tropa. A duração é de 60 minutos.
Inicia em frente à Galeria Olido (av. São João), passa pela pça. da República, ruas Ipiranga e Sete de Abril, e acaba na pça. do Patriarca, diante de uma pirâmide de 102 latões coloridos.
Criado em 1989, “Bivouac” alude ao Muro de Berlim. A companhia foi fundada em 1984, motivada pelas relações entre ator e máquina. “Bivouac” inclui um cão cenográfico de metal e um carro que é demolido. O projeto é parceria da Prefeitura de SP com o Consulado da França e o órgão Culture France. (VALMIR SANTOS)
BIVOUAC
Saída: em frente à Galeria Olido (av. São João, 473)
Quando: sáb., às 21h30; dom., às 3h30
Quanto: grátis

Atração obrigatória nas “Noites Brancas” de Paris, a companhia francesa Générik Vapeur finalmente vem a SP para duas únicas apresentações na Virada Cultural. 

O espetáculo “Bivouac” é teatro de cortejo de rua com intervenção no espaço público, variação do que Belo Horizonte viu anos atrás. No chão ou num caminhão-cenário, que serve de touro de ventas fumegantes, vêm 18 atores ou músicos com corpos pintados de azul. 

Eles interagem pontualmente com os espectadores, com rock, luzes e fogos de artifício. A idéia é mudar a percepção do centro da cidade. Importa a experiência de deslocamento coletivo, o “percurso emocional”. Bivaque, em português, é a área que acolhe a tropa. A duração é de 60 minutos.

Inicia em frente à Galeria Olido (av. São João), passa pela pça. da República, ruas Ipiranga e Sete de Abril, e acaba na pça. do Patriarca, diante de uma pirâmide de 102 latões coloridos. Criado em 1989, “Bivouac” alude ao Muro de Berlim. A companhia foi fundada em 1984, motivada pelas relações entre ator e máquina. “Bivouac” inclui um cão cenográfico de metal e um carro que é demolido. O projeto é parceria da Prefeitura de SP com o Consulado da França e o órgão Culture France.


Peça: Bivouac
Saída: em frente à Galeria Olido (av. São João, 473) 
Quando: sáb., às 21h30; dom., às 3h30 
Quanto: grátis 

Folha de S.Paulo

São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

TEATRO 

Peça de Leilah Assumpção retrata homem de 40 com casamento em frangalhos
“Ilustríssimo Filho da Mãe”, que estréia no teatro Jaraguá, tem ambientação inspirada em obra do norte-americano Edward Hopper

Peça de Leilah Assumpção retrata homem de 40 com casamento em frangalhos

“Ilustríssimo Filho da Mãe”, que estréia no teatro Jaraguá, tem ambientação inspirada em obra do norte-americano Edward Hopper 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

A dramaturga Leilah Assumpção passou 40 anos subvertendo convenções sociais, afetivas e sexuais sobre a mulher. Agora, suas Mariazinhas e Amélias dão vez a Jorginhos da vida. “Estou muito apaixonada pelo universo dos homens”, diz a autora, de viés feminista assumido, que despontou em fins dos anos 60 com “Fala Baixo Senão Eu Grito”. 
 
O executivo Jorge Araújo é o protagonista da peça inédita “Ilustríssimo Filho da Mãe”, cuja montagem de Marcio Aurélio estréia hoje no teatro Jaraguá, região central de SP. Pela primeira vez, a autora trata da crise da masculinidade em tempos ditos pós-feministas. 
 
Notadamente, o sujeito de 40 anos, sob as ordens da mãe, com o casamento em frangalhos. O tema foi tangenciado há seis anos, em “Intimidade Indecente”, retrato dos dilemas de um casal maduro. Dessa vez, o foco são as vicissitudes do macho. 
 
“Até hoje, quando briga com a mulher e a deixa, a maioria dos homens vai direto para a casa da mãe”, diz Assumpção, 64. “E elas fazem o mesmo”, afirma Miriam Mehler, 72, intérprete de Lena, mãe “prafrentex, bem-resolvida, que quer a felicidade do filho”, nas palavras da atriz. 
 
Recém-concluída a temporada do espetáculo “Don Juan”, no qual defendeu o papel-título, o ator Jairo Mattos encara um antípoda em “Ilustríssimo”. “Don Juan exerce a crueldade masculina no limite da canalhice. Aqui, o Jorge Araújo joga pistas falsas e, aos poucos, enfrenta os seus pequenos dramas, revela a necessidade de se transformar”, diz Mattos, 45. 
 
O personagem peleja entre a profissão que exerce e a vocação que desprezou; a mãe de seus filhos, inteligente, que não cozinha, mas tem pernas lindas; e a amante mais jovem, “pura”, sem dotes gastronômicos, mas de nariz bonito. “O homem contemporâneo precisa ser ativo, altivo, decidido e ter pau duro. Coitadinho”, diz Assumpção. Segundo ela, as mulheres tornaram-se “um pouco duras”; precisariam olhá-los “com mais generosidade”. 
 
Renata Imbriani completa o elenco, no papel da mulher. A amante e o melhor amigo do filho são apenas citados. Para o diretor Marcio Aurélio, Assumpção é uma “cronista” do palco. Sua encenação quer dispensar o universo realista dos personagens em favor da “poesia sobre o cotidiano”. 
 
A cenografia de Sylvia Moreira, o visagismo de Fabio Namatame e o desenho de luz de Domingos Quintiliano compõem um ambiente reconstruído a partir de uma obra do americano Edward Hopper, “Quartos ao Pé do Mar”. Eis o pano de fundo para uma noite de acertos, de diálogos francos de quem se ama. 



Peça: Ilustríssimo filho da mãe
Quando: estréia hoje, às 21h; qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h 
Onde: teatro Jaraguá – Novotel Jaraguá (r. Martins Fontes, 71, tel. 3255-4380) 

Quanto: R$ 60 

 

Folha de S.Paulo

São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

TEATRO 

Quatro espetáculos estão sendo realizados nas praças Roosevelt e República, no parque Villa-Lobos e no viaduto do Chá
“Línguas Discordantes” expõe o conflito entre um morador de rua e um jornalista; obra de Henfil inspira “Top! Top! Top!”

Quatro espetáculos estão sendo realizados nas praças Roosevelt e República, no parque Villa-Lobos e no viaduto do Chá

“Línguas Discordantes” expõe o conflito entre um morador de rua e um jornalista; obra de Henfil inspira “Top! Top! Top!” 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

O lixeiro passa para recolher um saco plástico cheio, na praça, mas um espectador avisa que o lixo é do personagem da peça, um morador de rua. 
 
Aconteceu duas semanas atrás, durante uma apresentação de “Línguas Discordantes”, na área em frente ao Espaço dos Satyros Um, na praça Franklin Roosevelt. “Quando soube que era teatro, o lixeiro ficou mais uns 15 minutos assistindo, antes de voltar ao trabalho”, diz o ator e autor Wolff Rothstein, da Confraria da Criação. 
 
Espaços públicos como a rua, o parque e a praça acolhem cidadãos-personagens em outras montagens, como “Top! Top! Top!”, que o grupo IVO 60 leva ao parque Villa-Lobos; a intervenção “A Última Palavra É a Penúltima”, que o Teatro da Vertigem faz na passagem subterrânea do viaduto do Chá; e “Reis de Fumaça”, que a Companhia do Feijão apresenta na praça da República. “Línguas Discordantes” expõe o conflito entre um morador de rua e um jornalista. A disputa pela calçada logo arrefece diante do diálogo que derruba outros muros. 
 
A obra de Henfil inspira o espetáculo “Top! Top! Top!”, que o grupo IVO 60 encena no anfiteatro do Villa-Lobos. Para o diretor Pedro Granato, a arquitetura à la arena grega corresponde ao espírito de luta do cartunista pela democracia, quando usava o riso crítico contra a ditadura militar. 
 
“Ele foi um cara que sempre dialogou com o público, seja o intelectual, o politizado ou o torcedor da geral”, diz o diretor. Como as demais peças, “Top!…” tem sessões gratuitas. 

Danças populares
A Companhia do Feijão ocupa a praça da República com “Reis de Fumaça”, concebido a partir de pesquisa sobre as danças dramáticas populares do Brasil e de experiências pessoais do elenco. A dramaturgia e a direção são assinada por Pedro Pires e Zernesto Pessoa. 
 
O texto “O Esgotado”, de Gilles Deleuze, inspira a parceria do Teatro da Vertigem com as companhias Zikzira, de Belo Horizonte, e LOT, do Peru. Fala do ator a partir do estado de esgotamento. Em 2004, a mesma galeria sob o viaduto do Chá teve banheiros ocupados por “Evangelho para Lei-gos”, do grupo Artehúmus. 



Peça: Top! Top! Top! 
Onde: anfiteatro do pq. Villa-Lobos (av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2.001, tel.: 3023-0316) 
Quando: sáb. e dom., às 16h30; até 22/6
 
Peça: A última palavra é a penúltima
Onde: passagem subterrânea da r. Xavier de Toledo; tel.: 3255-2713 
Quando: hoje, seg. e ter., às 19h e 21h

Peça: Línguas Discordantes
Onde: pça. Franklin Roosevelt, Espaço dos Satyros Um, tel.: 3258-6345 
Quando: sáb., às 19h; até 29/3

Peça: Reis de fumaça
Onde: pça. da República, s/ nº, tel.: 3259-9086 (sede) 
Quando: sex., às 16h; até 2/5 

Quanto: grátis (todas as peças) 

 

Folha de S.Paulo

São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

TEATRO 
João Falcão dirige montagem que costura biografia a 40 canções, com cinco intérpretes no papel da cantora 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Entre os cerca de cem artistas que fizeram audição para o musical sobre Elizeth Cardoso (1920-90), poucos conheciam seu cancioneiro. Já nos testes, logo após o Carnaval, os criadores de “Divina Elizeth” se deram conta da responsabilidade pela frente: preencher um tanto dessa lacuna entre gerações.
Não é a pretensão do espetáculo que estréia amanhã, no teatro Frei Caneca, em SP. Em vez disso, o diretor João Falcão, 49, fala em fazer “apenas um musical brasileiro”, assim como a homenageada se dizia “apenas uma cantora brasileira”. Mas ninguém une perto de 40 canções a momentos da vida de Elizeth Cardoso impunemente.
“Tive um “intensivo” da música popular brasileira”, diz Falcão, há cinco meses envolvido com o roteiro e a concepção do musical. Surpreendeu-o o espectro de influências da obra de Elizeth, capaz de embolar o antes e o depois dela (Araci Cortes, Aracy de Almeida, Carmen Miranda, Ary Barroso etc.).
A natureza multifacetada de tal voz surge representada por cinco intérpretes: Ana Pessoa, Beatriz Faria, Carol Bezerra, Daniela Fontan e Dhu Moraes, todas experientes no canto, às vezes de modo familiar -Faria é filha de Paulinho da Viola. “A Elizeth tem várias caras.
As cinco cantoras possuem qualidades distintas. Há quem tenha mais vibrato, seja mais dramática, mais leve, mais lépida, folgazã”, diz o diretor musical, Josimar Carneiro, 41. Ele toca violão ao lado de Marcílio Lopes (bandolim), Gabriel Geszti (teclado e acordeão), Rui Alvim (sax alto e clarinete), Jorge Oscar (baixo acústico) e Oscar Bolão (bateria e percussão). Com este, garimpou, anos atrás, partituras originais do acervo do neto de Elizeth. Entre elas, as diretrizes vocal e instrumental de “Chega de Saudade”, assinadas por Tom Jobim. O maestro fez parceria com Vinicius de Moraes no histórico “Canção do Amor de Mais” (1958), da cantora.
Nos arranjos que assina com Lopes, Carneiro pretende fundir um tanto de Zimbo Trio, na formação piano-baixo-bateria, com outro tanto do Época de Ouro, que acompanhava Jacob do Bandolim com violão de sete cordas, pandeiro e percussão.
Saudades e premonições
No roteiro, João Falcão segue a cronologia biográfica no que pode e tenta equilibrar saudades e premonições da personagem, dançando passado e futuro. Uma dupla, como que anjos da guarda, costura a narrativa pontuada pelos números. Íntimo do gênero desde os tempos de formação no Recife, nos anos 80, Falcão quer manter a experimentação, como em “As Aventuras de Zé Jack e Seu Pandeiro Solto na Buraqueira no País da Feira” (2005), celebração a Jackson do Pandeiro, e “Cambaio” (2001), letras de Edu Lobo e Chico Buarque com arranjos de Lenine.
DIVINA ELIZETH
Onde: shopping Frei Caneca – teatro (r. Frei Caneca, 569, 6º andar, tel. 0/xx/ 11/3472-2226)
Quando: estréia amanhã, sex. e sáb., às 21h; e dom., às 19h. Até 1º/6
Quanto: R$ 80

Entre os cerca de cem artistas que fizeram audição para o musical sobre Elizeth Cardoso (1920-90), poucos conheciam seu cancioneiro. Já nos testes, logo após o Carnaval, os criadores de “Divina Elizeth” se deram conta da responsabilidade pela frente: preencher um tanto dessa lacuna entre gerações. 

Não é a pretensão do espetáculo que estréia amanhã, no teatro Frei Caneca, em SP. Em vez disso, o diretor João Falcão, 49, fala em fazer “apenas um musical brasileiro”, assim como a homenageada se dizia “apenas uma cantora brasileira”. Mas ninguém une perto de 40 canções a momentos da vida de Elizeth Cardoso impunemente. 

“Tive um “intensivo” da música popular brasileira”, diz Falcão, há cinco meses envolvido com o roteiro e a concepção do musical. Surpreendeu-o o espectro de influências da obra de Elizeth, capaz de embolar o antes e o depois dela (Araci Cortes, Aracy de Almeida, Carmen Miranda, Ary Barroso etc.). 

A natureza multifacetada de tal voz surge representada por cinco intérpretes: Ana Pessoa, Beatriz Faria, Carol Bezerra, Daniela Fontan e Dhu Moraes, todas experientes no canto, às vezes de modo familiar -Faria é filha de Paulinho da Viola. “A Elizeth tem várias caras. 

As cinco cantoras possuem qualidades distintas. Há quem tenha mais vibrato, seja mais dramática, mais leve, mais lépida, folgazã”, diz o diretor musical, Josimar Carneiro, 41. Ele toca violão ao lado de Marcílio Lopes (bandolim), Gabriel Geszti (teclado e acordeão), Rui Alvim (sax alto e clarinete), Jorge Oscar (baixo acústico) e Oscar Bolão (bateria e percussão).

Com este, garimpou, anos atrás, partituras originais do acervo do neto de Elizeth. Entre elas, as diretrizes vocal e instrumental de “Chega de Saudade”, assinadas por Tom Jobim. O maestro fez parceria com Vinicius de Moraes no histórico “Canção do Amor de Mais” (1958), da cantora. 

Nos arranjos que assina com Lopes, Carneiro pretende fundir um tanto de Zimbo Trio, na formação piano-baixo-bateria, com outro tanto do Época de Ouro, que acompanhava Jacob do Bandolim com violão de sete cordas, pandeiro e percussão. 

Saudades e premonições
No roteiro, João Falcão segue a cronologia biográfica no que pode e tenta equilibrar saudades e premonições da personagem, dançando passado e futuro. Uma dupla, como que anjos da guarda, costura a narrativa pontuada pelos números. Íntimo do gênero desde os tempos de formação no Recife, nos anos 80, Falcão quer manter a experimentação, como em “As Aventuras de Zé Jack e Seu Pandeiro Solto na Buraqueira no País da Feira” (2005), celebração a Jackson do Pandeiro, e “Cambaio” (2001), letras de Edu Lobo e Chico Buarque com arranjos de Lenine. 


Peça: Divina Elizeth
Onde: shopping Frei Caneca – teatro (r. Frei Caneca, 569, 6º andar, tel. 0/xx/ 11/3472-2226) 
Quando: estréia amanhã, sex. e sáb., às 21h; e dom., às 19h. Até 1º/6 
Quanto: R$ 80 

Folha de S.Paulo

São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

TEATRO 

Cacá Carvalho reestréia “Homem com a Flor na Boca” e “A Poltrona Escura’; cias. Linhas Aéreas e Atelier de Manufactura exibem inéditas
Teatro Sérgio Cardoso recebe os dois grupos, com a recém-estreada “Como Você Me Quer” e com “Cada um a Seu Modo”, prevista para 17/4

Cacá Carvalho reestréia “Homem com a Flor na Boca” e “A Poltrona Escura’; cias. Linhas Aéreas e Atelier de Manufactura exibem inéditas

Teatro Sérgio Cardoso recebe os dois grupos, com a recém-estreada “Como Você Me Quer” e com “Cada um a Seu Modo”, prevista para 17/4 

VALMIR SANTOS
Da Reportagem Local 

Os palcos de São Paulo experimentam noites pirandellianas. São montagens que jogam luz sobre as novelas de Luigi Pirandello (1867-1936) e traduzem em cena o quanto essas narrativas curtas retroalimentavam a dramaturgia do criador do clássico “Seis Personagens em Busca de um Autor”.
 
Um dos artistas que ampliou o horizonte literário de Pirandello, o ator paraense Cacá Carvalho, 54, reapresenta “O Homem com a Flor na Boca” (1993), de hoje a quinta, e “A Poltrona Escura” (2003), dias 15/4 e 16/4, sempre no teatro Sesc Anchieta.
São solos integrados ao projeto “3xPirandello/ 3xCacá Carvalho”, a ser concluído com a leitura dramática de “A Destruição do Homem”, em 17/4. Tratam de personagens que espelham a condição humana de forma cruel ou lírica: a iminência da morte, a solidão progressiva, o prazer inconfessável, o instinto assassino.
 
“Em suas novelas, Pirandello parece dizer: “Eu te amo, olha o que você está fazendo com a sua vida”. Ama docemente e, ao mesmo tempo, quase agride, sacudindo o leitor ou o espectador sem passar a mão na cabeça”, diz Carvalho, sempre dirigido pelo italiano Roberto Bacci. É a primeira vez que o ator pisa o palco do Sesc Anchieta.
 
A face dramatúrgica de Pirandello surge em mais um fruto da parceria das cias. Linhas Aéreas e Atelier de Manufactura Suspeita. São duas peças inéditas: “Como Você Me Quer”, que estreou na semana passada, e “Cada um a Seu Modo”, prevista para 17/4, ambas no teatro Sérgio Cardoso.

Explorar limites 
O diretor Mauricio Paroni de Castro vê em Pirandello um aliado para explorar limites entre ficção, realidade e jogo de papéis.
Todo o elenco reveza a interpretação da mulher de vida dupla em “Como Você Me Quer”, que expõe os dilemas da identidade, as aparências e as verdades relativas que caracterizam a obra do autor.
 
“Nossa idéia para compor essa personagem foi de respeitar a característica de coletivo. Em vez de ter uma atriz protagonista que a interprete do início ao fim, dividimos a interpretação entre todo o elenco -inclusive os homens”, afirma Paroni de Castro.
 
“Cada um a Seu Modo” narra uma história supostamente baseada em fatos verídicos: o suicídio de um artista plástico que flagrou a noiva na cama com futuro cunhado.
 
É o terceiro trabalho conjunto da Linhas Aéreas com a Atelier de Manufactura. A intenção é aprofundar a pesquisa sobre dramaturgia que os dois grupos realizam desde “Aqui Ninguém É Inocente” (2006). O novo projeto foi contemplado com recursos de dois prêmios de apoio à cultura, o Myriam Muniz (federal) e o PAC (estadual).

 

Folha de S.Paulo

esthergoesCom uma carreira impregnada pelos pensamentos político e artístico de Bertolt Brecht (1898-1956), desde os tempos em que atuava no teatro Oficina, na década de 70, Esther Góes afirma ter levado “um susto” ao mergulhar na biografia de Helene Weigel (1900-1971), a atriz e companheira do poeta e dramaturgo alemão. “Helene é uma figura que desconhecemos.  

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Folha de S.Paulo

São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008

TEATRO 
Festival termina com pré-estréias e ensaio aberto 

VALMIR SANTOS
Enviado especial a Curitiba 

O último final de semana do 17º Festival de Curitiba teve duas pré-estréias nacionais e uma demonstração de trabalho em construção na grade oficial. São espetáculos que entram em cartaz neste semestre no Rio: “A Ordem do Mundo”, monólogo com Drica Moraes, e “Cruel”, balé da Cia. Deborah Colker, estréiam em abril; o embrionário “Deserto”, com Luis Melo e a Cia. Brasileira de Teatro (PR), em junho.
Além disso, em seus dez anos, a mostra Fringe (franja, em inglês) desbancou de vez a designação alternativa e anacrônica “Mostra de Teatro Contemporâneo” que o Festival de Curitiba adotou no início (1992). Nem tudo o que se vê na oficial (amparada por curadoria, com cachê) supera em qualidade a mostra paralela (produções que pagam de R$ 30 a R$ 50 e são auto-sustentadas).
Um exemplo disso foi a constrangedora e pretensa comédia “Nada Que Eu Disser Será Suficiente Até Que o Sol Se Ponha”, da Cia. de Teatro de Nós (RJ), frágil em tudo, escalada pela organização no Sesc da Esquina.
Sua antítese, para ficar nos mesmos palco e gênero, foi “Três Mulheres e Aparecida”, uma esmerada atuação solo de Rita Assemany, de Salvador, com textos de Aninha Franco e direção de Nadja Turenko. Nomes que o Brasil deveria conhecer mais.
Parto
“Foi um lugar lindo para “A Ordem do Mundo” nascer”, afirmou Drica Moraes após se apresentar no teatro da Reitoria. Ela definiu as noites de sexta e sábado como “o parto da personagem”, uma mulher obcecada por reter a “epidemia da informação”. O texto é de Patrícia Melo e a direção, de Aderbal Freire-Filho.
Segundo Deborah Colker, “Cruel” recorre ao adjetivo-título para lançar “um olhar sobre o amor, a vida, a beleza, a traição, a rejeição etc”. A série de movimentos, que seria mostrada ontem, inclui um grande baile no prólogo. Objetos como mesa e espelho imprimem tons surrealistas. “Não há nada mais cruel na vida do que olhar-se no espelho”, disse ela.
Pesquisas dramatúrgicas e experimentos de linguagem cênica não estiveram restritos ao Fringe; também ganharam espaço na mostra oficial. Ainda inacabado, “Deserto” foi exibido no casarão Novelas Curitibanas na sexta. A partir da temática da fragilidade e com um enredo apenas esboçado, a Cia. Brasileira de Teatro apresentou exercícios de improvisação.
Utilizando uma língua imaginária, Melo tentou, às vistas da platéia, traçar caminhos para seu personagem -um homem que busca no sonho e no devaneio meios para escapar da realidade e dar sentido à vida.
“As pessoas têm uma curiosidade sobre a criação teatral, sobre como se chega à obra final. Queremos diminuir essa distância que separa o público da platéia. Revelar o que há de inacabado e imperfeito, quais são os nossos dilemas”, disse o ator.

O último final de semana do 17º Festival de Curitiba teve duas pré-estréias nacionais e uma demonstração de trabalho em construção na grade oficial. São espetáculos que entram em cartaz neste semestre no Rio: “A Ordem do Mundo”, monólogo com Drica Moraes, e “Cruel”, balé da Cia. Deborah Colker, estréiam em abril; o embrionário “Deserto”, com Luis Melo e a Cia. Brasileira de Teatro (PR), em junho.

Além disso, em seus dez anos, a mostra Fringe (franja, em inglês) desbancou de vez a designação alternativa e anacrônica “Mostra de Teatro Contemporâneo” que o Festival de Curitiba adotou no início (1992). Nem tudo o que se vê na oficial (amparada por curadoria, com cachê) supera em qualidade a mostra paralela (produções que pagam de R$ 30 a R$ 50 e são auto-sustentadas).

Um exemplo disso foi a constrangedora e pretensa comédia “Nada Que Eu Disser Será Suficiente Até Que o Sol Se Ponha”, da Cia. de Teatro de Nós (RJ), frágil em tudo, escalada pela organização no Sesc da Esquina.

Sua antítese, para ficar nos mesmos palco e gênero, foi “Três Mulheres e Aparecida”, uma esmerada atuação solo de Rita Assemany, de Salvador, com textos de Aninha Franco e direção de Nadja Turenko. Nomes que o Brasil deveria conhecer mais.

Parto
“Foi um lugar lindo para “A Ordem do Mundo” nascer”, afirmou Drica Moraes após se apresentar no teatro da Reitoria. Ela definiu as noites de sexta e sábado como “o parto da personagem”, uma mulher obcecada por reter a “epidemia da informação”. O texto é de Patrícia Melo e a direção, de Aderbal Freire-Filho.

Segundo Deborah Colker, “Cruel” recorre ao adjetivo-título para lançar “um olhar sobre o amor, a vida, a beleza, a traição, a rejeição etc”. A série de movimentos, que seria mostrada ontem, inclui um grande baile no prólogo. Objetos como mesa e espelho imprimem tons surrealistas. “Não há nada mais cruel na vida do que olhar-se no espelho”, disse ela.

Pesquisas dramatúrgicas e experimentos de linguagem cênica não estiveram restritos ao Fringe; também ganharam espaço na mostra oficial. Ainda inacabado, “Deserto” foi exibido no casarão Novelas Curitibanas na sexta. A partir da temática da fragilidade e com um enredo apenas esboçado, a Cia. Brasileira de Teatro apresentou exercícios de improvisação.

Utilizando uma língua imaginária, Melo tentou, às vistas da platéia, traçar caminhos para seu personagem -um homem que busca no sonho e no devaneio meios para escapar da realidade e dar sentido à vida.

“As pessoas têm uma curiosidade sobre a criação teatral, sobre como se chega à obra final. Queremos diminuir essa distância que separa o público da platéia. Revelar o que há de inacabado e imperfeito, quais são os nossos dilemas”, disse o ator.