9.8.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
No Brasil, o carnaval já ensejou um sem-número de criações artísticas. Com sua imensa carga simbólica, a festa pagã foi dar frutos na música, na literatura, no cinema e no teatro. Orfeu da Conceição, a peça teatral escrita em 1954 por Vinicius de Moraes e depois transformada em filme pelo francês Marcel Camus, talvez seja o mais eloqüente exemplo desse trânsito. Leia mais
8.8.2014 | por Maria Eugênia de Menezes
O teatro político não cessa de reinventar. Para dar conta de situações cada vez mais complexas – nas quais não fazem mais sentido os papéis de heróis ou inimigos – as produções cênicas também precisaram recorrer a novas formas narrativas. É difícil encontrar fábulas que possam sumarizar, satisfatoriamente, macro-problemáticas. Mas o “real”, essa entidade indefinível, permanece como um manancial inesgotável para alguns criadores. Leia mais
7.8.2014 | por Valmir Santos
A concepção de La flor de la Chukirawa permite analogia com o Teatro Nô. Assim como a secular expressão japonesa expõe matrizes gestuais, espaciais e rítmicas rigorosamente apoiadas naquela cultura, o grupo equatoriano Contraelviento Teatro reafirma a ancestralidade andina por meio das partituras corporais e vocais da atuadora Verónica Falconi. A protagonista compõe com traços antropológicos a velha camponesa cuja pobreza ou ignorância autodeclaradas contrastam a sabedoria pontuada com aguda visão de mundo. Leia mais
4.8.2014 | por Valmir Santos
Despidos da máscara da representação, ainda assim os gestos e as falas não traem a qualidade da presença de palco desses corpos amadurecidos pelas artes da dança, do teatro e, tangencialmente, do cinema. Ocupando duas cadeiras no centro de um auditório do Sesc Pinheiros, numa tarde paulistana da semana passada, o letão Mikhail Baryshnikov, de 66 anos, e o americano Willem Dafoe, de 59 anos, mostram-se pacientes, conscienciosos e bem-humorados diante de jornalistas ávidos pelas razões que os movem em The old woman (A velha), em turnê latino-americana por São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires até este mês. Leia mais
23.7.2014 | por Michele Rolim
O espetáculo Hygiene, do grupo paulista XIX de Teatro, mostra a higienização urbana que avançou no Brasil, obrigando várias famílias a deixar as suas casas. A peça é ambientada no Brasil da virada do século XIX para o XX, época em que o país estava sendo construído numa velocidade acelerada e recebendo diariamente milhares de imigrantes. Formavam-se habitações, também chamados de cortiços. Assim como na obra do escritor Aluísio Azevedo, o grupo parte dessas habitações – nas quais pessoas diferentes convivem sob o mesmo teto – para discutir a formação da identidade brasileira. Estão presentes na trama o samba, o sincretismo religioso, as lutas operárias, entre outras manifestações socioculturais. Leia mais
17.7.2014 | por Fábio Prikladnicki
Se você nunca ouviu falar do dramaturgo grego contemporâneo Dimítris Dimitriádis, não deve se sentir culpado. Ele é relativamente pouco conhecido fora do país natal e da França, onde teve sua primeira peça, O preço da revolta no mercado negro, encenada pelo então jovem Patrice Chéreau (1944 – 2013) em 1968. Em 1971, a obra foi montada em São Paulo pelo diretor Celso Nunes. Mais recentemente, em 2013, a Cia. Kiwi (SP) levou à cena seu texto Morro como um país, que valeu à atriz Fernanda Azevedo um Prêmio Shell. Leia mais
13.7.2014 | por Valmir Santos
A mitologia grega pondera deuses com virtudes e defeitos humanos. Vide a frequência com que os baixam do Olimpo para interagir com os mortais. Numa de suas incursões como autor teatral, Woody Allen clama a Zeus, senhor do raio e do trovão, para salvar um grupo de humanos “agradecidos, mas impotentes”. Na comédia Deus (1975), do cineasta, os protagonistas são um ator e um dramaturgo pelejando para encontrar o melhor fim de uma história transcorrida na Grécia Antiga. Já a peça brasileira O livro de Jó (1995), de Luís Alberto de Abreu, sob premiada atuação de Matheus Nachtergaele no Teatro da Vertigem, a inspiração vem da passagem bíblica em que criador e criatura se confrontam. No enredo, homem fervoroso é exortado à provação acometido pelas chagas e pelo abandono da mulher, transbordando questionamentos. Leia mais
25.6.2014 | por Fábio Prikladnicki
Pequenas violências – silenciosas e cotidianas é uma das peças mais instigantes produzidas em Porto Alegre nos últimos tempos. Embora tenha estreado no final de 2013, seu grande ano deve ser 2014: no fim de semana passado, o espetáculo teve duas sessões no Theatro São Pedro, onde assisti, e, em setembro, retorna ao Teatro de Arena (espaço para o qual foi concebido) durante o 21º Porto Alegre Em Cena. Leia mais
13.6.2014 | por Fábio Prikladnicki
A peça Santo Qorpo ou O louco da província, que estreou na semana passada e está em cartaz até domingo (15/6) no Teatro Bruno Kiefer, em Porto Alegre, chega com a hipótese de que a obra do dramaturgo e poeta Qorpo-Santo (1829–1883) deve ser entendida como autobiográfica. É uma tese ousada porque vai na contramão das teorias literárias que pedem cuidado ao tentar explicar a obra pela biografia do autor. Mas há um bom argumento: Qorpo-Santo deixou, sim, textos autobiográficos, e suas peças veiculam uma certa visão de mundo que lhe era muito própria. Leia mais
3.6.2014 | por Fábio Prikladnicki
Celebrando o centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues (1914–1974), o espetáculo Lupi, o musical – Uma vida em estado de paixão estreou neste fim de semana no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Escrita e dirigida por Artur José Pinto, a peça se estrutura em dois planos entrelaçados. No tempo presente da narrativa, Lupicínio (Juliano Barreto) e seu parceiro Alcides Gonçalves (Lucas Krug) esperam por uma entrevista consagradora no auge da fama. Em um segundo plano, episódios da vida de Lupi (aqui interpretado por Gabriel Pinto) são recontados, da infância ao sucesso [a foto no alto traz Pinto na juventude e Barreto na maturidade]. Leia mais