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Publicações com a tag:

“Critica"

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“Critica"

Crítica

“Ela não quer mais ser Medeia”. “Eu não quero mais ser mulher”. Essas duas frases-falas proferidas pela protagonista de Terra Medeia, dramaturgia da sueca Sara Stridsberg escrita em 2009, são exemplos de como o elogio à opacidade como recurso ficcional no teatro e em outras artes e a crítica feminista (com algumas limitações ou contradições) são os aspectos que têm mais relevo na atual tradução e montagem da peça no Brasil, sob a direção da também sueca Bim de Verdier e com transmissão online e ao vivo na Plataforma Teatro.

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Crítica

Allegro delirium

14.5.2021  |  por Valmir Santos

Artista da imagem e iconoclasta por natureza – a ponto de jogar com a autoimagem deformada em seus escritos extracênicos –, Gerald Thomas aterrissa com suavidade na transposição de Terra em trânsito (2006) para o imperativo da internet. O caráter recorrente de obra aberta agora se estende às pupilas e aos poros de Fabiana Gugli, cuja atuação dignifica o trabalho de comediante com a devida complexidade que lhe cabe. Ela modera o intimismo do projeto com a pulsão espetacular inarredável do encenador. Apenas uma câmera captura sua presença enquanto a concepção audiovisual expande a percepção de quem a acompanha através da tela, desde a sala de sua casa convertida cenograficamente no camarim de uma diva prestes a interpretar o trecho de uma ópera. A distância entre a intenção e o ato se revelará tragicômica no curso do primeiro ao terceiro sinal.

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Biocritica Kil Abreu conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

Neste momento não se pode começar um texto sobre crítica e sobre críticos senão reafirmando o estado atual das coisas. Que alcança a crítica mas vem antes e está além. Para nós que não nos sentimos capturados pelas políticas da morte (o que não nos faz melhores), a sensação é de que o humano está sendo devastado pela doença e pelo assassinato como política de Estado. Ponto crítico. É um momento da democracia em que se pode parafrasear os versos daquela canção falando sobre o aqui que ainda era construção, mas já é ruína. Os mais politizados perguntarão, com razão: “Mas quando não foi assim?”. A diferença fundamental é que no agora, como em poucos outros agoras, a ordem autoritária monta estratégias próprias. A matança, como sempre, tem endereços prioritários. Não cabe descer aqui a pormenores, não é o tema, mas cabe lembrar – não é questão de querer ou não – que este é forçosamente também o sítio da crítica. E a crítica não deve querer estar em suspenso sobre a nervatura do real, deve fazer parte dela.

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Biocritica Fátima Saadi conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

A vida do teatro

16.2.2021  |  por Fátima Saadi

No prólogo e no epílogo de seu livro O teatro é necessário?, o ensaísta e professor Denis Guénoun (nascido em 1946) tece uma série de considerações a respeito da vida do teatro, que, cada vez mais, ultrapassa as atividades de formação e exercício das profissões estritamente relacionadas à criação de espetáculos teatrais e se espraia pelo que antes era considerado com certo desdém pelos profissionais das artes cênicas – e também pela imprensa – como marginal, menor, utilitário ou terapêutico.[1]

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Biocritica Revista Barril conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

A energia que move o povo de teatro, esse fenômeno grandioso, esse acontecimento noturno. Porque já tínhamos morrido na praia mais de uma vez quando quisemos fazer uma revista: em geral as pessoas parecem muito ocupadas e costumam desaparecer quando um projeto coletivo independente e delirado nas mesas de bar se transforma, repentinamente, em trabalho duro.

Poderíamos dizer, assim, que a Barril começou com um acarajé na Cira – umas das baianas mais insignes do século XXI.

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Biocritica Agora Crítica Teatral conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

A crítica de teatro no século XX foi marcada, majoritariamente, pelo caráter legislador, baseada no julgamento de valor e na busca de supostas verdades. Mesmo que a cena teatral e também a crítica tenham sofrido mudanças, o conservadorismo persiste em Porto Alegre.

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Biocritica Tribuna do Cretino conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

Diálogo Cretino 

29.1.2021  |  por Edson Fernando

Prólogo

Diálogo autoficcional livremente baseado na trajetória do Tribuna do Cretino, projeto de crítica teatral desenvolvido na cidade de Belém do Pará, criado numa plataforma digital em 2013 como iniciativa pessoal do criador e que se transformou num projeto de extensão universitária da Universidade Federal do Pará (UFPA). Oliveira e Cretino são personagens autoficcionais que retratam uma participante ativa do projeto e o seu criador/coordenador, respectivamente. Embora a linguagem se desenvolva na coloquialidade própria da unidade de espaço definida – isto é, um boteco na periferia da cidade – e preserve, com isso, o ambiente informal e descontraído, alguns termos virão em itálico e grafados em substitutivos moderados – é o caso dos palavrões e expressões populares, por exemplo.

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Biocritica Horizonte da Cena conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

O Horizonte da Cena nasceu em um salto das páginas de jornal para as páginas digitais. Estávamos, Soraya Belusi e eu, motivadas à escrita de crítica de teatro, mas já sem encontrar espaço satisfatório nos cadernos de cultura de veículos impressos. Trabalhávamos as duas no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, e entre as cadeiras das bancadas da redação tramamos nossa migração e nossa desejada independência.

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Biocritica Antro Positivo conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

O ano era 2011. Em retrospectiva, um ano marcado por ampla multiplicidade de acontecimentos. Fim do governo Lula e início do Dilma, por exemplo; hoje sabemos onde isso nos trouxe. Início da Primavera Árabe, expandida de maneira diversa por muitos cantos, até chegar ao Occupay Wall Street. Morrem de Bin Laden a Amy Winehouse, tornando impossível qualquer coerência sobre o assunto. Massacres, atentados e o crescimento de refugiados nas costas europeias se misturam a terremotos e o acidente nuclear em Fukushima, como se tudo pudesse ser naturalizado e definido como tragédias incontornáveis. Enquanto, entre nós, feito acontecimento comum, um menino de dez ano atira em sua professora, antes de se matar. Destrinchar 2011 é um movimento quase impossível, imagine, então, o que fora vivê-lo. Mas isso não era novo. Nos anos anteriores, crises econômicas e políticas redesenhavam a lógica geopolítica e biopolítica do globo. Seguíamos, então, o fluxo desse outro século, em que a aceleração de fatos e escolhas redesenham as lógicas praticamente em todos os aspectos.

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Biocritica Macksen Luiz conta...

Biocritica - Uma questão de conta...

A crítica em jornal, que exerci como titular por quase cinco décadas, traz em seu código de expressão, na forma da linguagem e no tempo de durabilidade, incontornável proposição editorial. É da sua origem, natureza ideológica e registro histórico, acompanhar as transformações e mudanças na editoração de seus preceitos a que se submete quando ao abrigo das páginas da imprensa. Por tão longa temporada, vivenciei a imposição de normas nas redações e redefinição dos parâmetros tecnológicos na publicação. Assisti a revoluções no palco e convivi com percepções evolutivas das plateias e reformulações teóricas nas artes cênicas. Em 2010, quando deixei o Jornal do Brasil, já tinha uma experiência, ainda que restrita e à distância, com o universo digital. As minhas críticas eram publicadas, simultaneamente, nas edições em papel e na versão eletrônica, sem que eu tivesse possibilidade de aferir o nível de leitura. Dez dias depois que sai do JB, iniciava o blog  www.macksenluiz.blogspot.com [em 10 de janeiro de 2011], transferindo, mecanicamente, o que se lia na folha para a tela. Tanto que, na página inicial anunciava as rubricas: críticas, opinião, notícias e indicações teatrais, mantidas até hoje, ainda que desativadas por desuso. Por quatro anos, publicava análise crítica, retrospectivas anuais, cobertura de festivais e de espetáculos de fora do Rio e do exterior, resenha de livros, até que em 2014 assinei contrato com O Globo para publicação de duas críticas semanais, e eventuais matérias pautadas pela editoria. Por outros quatro anos, até o final do contrato, reproduzi no blog somente as críticas que eram publicadas no jornal, para evitar qualquer interpretação divisionista, estabelecendo convergência entre ética do pensamento, respeito às normas da redação e exclusividade contratual.  A “liberação” que o final do vínculo com o jornal me permitiu, não modificou muito o formato adotado desde o início do blog. O tempo editorial continua marcando a frequência das publicações na procura de conciliar a “atualidade” da temporada com a sintonia fina  da análise. O que se modifica é a relação voluntarista e amadora, determinada pela ausência de monetarização (profissionalização) da matéria produzida. Não há qualquer meio de financiamento ou patrocínio para blogs individuais, centrados em um nome e que têm como única credencial o acervo de credibilidade e o lastro  jornalístico. Há que considerar que a crítica, pelo menos a publicada em jornal, tem a mesma vigência do período em que o espetáculo está em cena e recebe “respostas”, supostamente, através do perfil do leitor do veículo. O consumidor do digital, pela oferta e o imediatismo da busca, é mais fluído e difícil de ser capturado na sua voracidade pela próxima visualização. É, no entanto, a matéria da análise e da reflexão, menos acelerada e mais duradoura, que mais se ressente de acolhida nos canais temáticos. As  avaliações dos que se propõem a investigar esse descompasso dispõem de poucos meios de aferição: os comentários e o número de visualizações. Se os comentários obedecem a tendência à ligeireza de leitura nessa mídia, a quantificação não revela e nem identifica quem lê. São apenas números. Nesses dez anos do blog, mantenho média considerada alta (numericamente) de acessos. Neste período tão atípico da pandemia, o volume de cliques continua, inexplicavelmente, alto, e em especial quando verifico que a última postagem foi a crítica de Lazarus, no dia 10 de fevereiro de 2020. O confinamento pode apontar, em parte, para alguma  curiosidade volátil, ou eventual interesse de um público generalista e flutuante por entre as infindáveis postagens disponíveis nas redes sociais. Assim como a recepção é um aspecto ainda em equalização com a crítica em meios digitais, também questões da cena na atualidade (processos, dramaturgia, teorias, economia) se defrontam com a prática do teatro. Incertezas mútuas assaltam o tempo de pós-pandemia, alcançando tanto quem está no centro dos espaços cênicos, criando, quanto aqueles diante das telas dos notebooks, tablets e smartphones, consumindo.

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