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“Eduardo Tolentino de Araújo"

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Crítica

Faces da obscuridade

5.9.2021  |  por Valmir Santos

Retinas saturadas pela exposição diante das telas de celular e computador desde meados de 2020, quando artistas cênicos do mundo todo passaram a transmitir seus trabalhos dentro das possibilidades da internet, espectadores chegam ao Teatro Aliança Francesa (SP) como que tateando as poltronas vermelhas, atravessando fileiras em busca do assento indicado no ingresso digital acessado através do smartphone. Os lugares estão espaçados. A luz de plateia é baixa, contrasta a penumbra espessa no palco a ser habitado daqui a pouco pelos atores. Há um pacto não declarado de reeducação do olhar e do sentir, de disponibilidade à experiência que virá. E quis o destino que a primeira montagem presencial do Grupo Tapa, no 18º mês da pandemia, com público reduzido a 52 pessoas, 22% da capacidade da sala, imbricasse arte e realidade com perícia. O espetáculo Um Picasso, direção de Eduardo Tolentino de Araujo para o texto do estadunidense Jeffrey Hatcher, de 2003, cita diversas obras do pintor sem exibi-las, tampouco projetá-las, num claro elogio à força fabular da descrição. Ao passo que também descostura os mecanismos estatais de ocultação e censura à expressão criativa sob regimes totalitários. Daí para a tropa política medieval que está no poder no país e menospreza a cultura, sempre sob a conveniente indiferença do mercado que assiste de camarote ao desastre social, não precisa muito esforço de associação.

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Artigo

A primeira vez que conversaram foi por escrito. Em carta de 4 de fevereiro de 1942, o estudante de ciências sociais Florestan Fernandes pediu desculpas pela “intrometida intimidade” e discorreu sobre a qualidade dos artigos que o assistente da cadeira de sociologia, Antonio Candido, publicava no jornal Folha da Manhã. Dias depois, conheceram-se presencialmente, nos corredores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a antiga FFCL, no prédio da rua Maria Antônia, região central de São Paulo. Na ocasião, Fernandes lia um livro sobre Buda e não se conteve: deu “uma aula” a propósito do príncipe nepalês cujo nome significa aquele que despertou do sono da ignorância.

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Crítica

Ao celebrar seus 40 anos de existência, o Tapa – uma das mais longevas companhias brasileiras – escolheu montar O jardim das cerejeiras. Para um grupo que alcançou a maioridade levando ao palco justamente a primeira obra de Anton Tchekhov, Ivanov, em 1998, é significativo que a comemoração seja marcada por essa que é a última e mais brilhante das peças do autor russo. Leia mais

Crítica Militante

O Grupo Tapa caminha numa certa contramão em relação ao painel da cena de hoje. Segue apostando no chamado teatro de texto, calcado na relevância da palavra. A montagem de Gata em telhado de zinco quente, atualmente em cartaz no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, confirma a linha de atuação do Tapa, no que diz respeito à escolha de uma dramaturgia de peso (agora, Tennessee Williams), cuja qualidade é realçada diante do público. Leia mais

Crítica Militante

Uma propriedade de luxo feita de trapos. É neste paradoxo que se enredam os nós da família de latifundiários de algodão apresentada por Eduardo Tolentino em sua versão de Gata em telhado de zinco quente, de Tennessee Williams, em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro após a estreia paulista. Leia mais

Crítica

Sete gangsters estão cercados pela polícia. Protagonistas de Esplêndidos, peça considerada por Sartre a obra-prima de Jean Genet, eles surpreendem ao surgirem em cena como legítimos cavalheiros. Leia mais

Crítica

Os atores mais calejados do Grupo Tapa são reconhecidos pelo primado da fala. O espectador senta na última fila do teatro e não importa: a dicção traz o colorido firme da palavra para além do que ela imprime. Em As criadas, essa virtude desfila junto com uma acentuada expressão de matriz gestual que valoriza o subtexto. Não se trata do gesto consignado ao corpo – como na dança, no teatro-dança –, mas à atitude farejadora dos inconscientes culturais presentes no drama de Jean Genet (Les bonnes). Leia mais

Reportagem

Filho bastardo e adotado na infância, o francês Jean Genet (1910-1986) passou a juventude em reformatórios e prisões. Tais espaços de exclusão e respectivos ocupantes involuntários são matéria-prima de seus romances, peças e roteiros de cinema. Uma existência crua e poeticamente orientada pela perspectiva das margens social, sexual, política e econômica. Leia mais

Reportagem

Se um estrangeiro examinasse o que está em cartaz em São Paulo, hoje, teria a impressão de que o teatro brasileiro acabou de ser inventado. Ou, ao menos, de que tudo o que se havia produzido antes não tem o menor interesse. A exceção de Nelson Rodrigues e Plínio Marcos – regularmente revisitados – o que se encontra nos palcos são criações de autores contemporâneos. Leia mais

Crítica

Em defesa da dúvida

13.3.2014  |  por Daniel Schenker

Eduardo Tolentino de Araújo é um diretor especialmente adequado para capitanear uma proposta de montagem como a de 12 homens e uma sentença, obra concebida por Reginald Rose como telepeça e transportada para o cinema por Sidney Lumet, tendo em vista a sua trajetória diretamente ligada à valorização do texto e do trabalho do ator dentro do Grupo Tapa. Leia mais