11.9.2021 | por Valmir Santos
Em Sonhos de uma noite com o Galpão, o grupo de atores ensaia a volta ao teatro presencial em pleno ambiente virtual. É seu quinto trabalho de imersão na internet em doze de dezoito meses de pandemia. Dessa vez, o afastamento dos tablados surge atenuado em duas frentes, quem sabe um díptico. Há a obra em si, atuada e transmitida em tempo real a partir das casas de seis integrantes ou da própria sede em Belo Horizonte. E sua extensão, o compartilhamento exclusivo, com a respectiva audiência, do registro de seis cenas montadas, apresentadas e filmadas especialmente para quem viu o que sonhou virar enredo para as artes híbridas da cena. São duas a três pessoas presentes por vez à sala multiuso que leva o nome da atriz Wanda Fernandes (1954-1994), no centro cultural Galpão Cine Horto, na mesma rua.
Leia mais11.9.2021 | por Maria Eugênia de Menezes
Mesmo de olhos bem fechados, não deixamos de ver o horror. O impacto da pandemia de Covid-19 no sono dos brasileiros tem sido estudado: até 50% da população relata insônia nos últimos meses. Mas, ainda entre aqueles que conseguem vencer a ansiedade e adormecer, sentem-se os efeitos. Os temores e lutos do novo cotidiano transformaram-se em matéria para os sonhos – ou pesadelos.
Para a construção do espetáculo Sonhos de uma noite com o Galpão partiu-se declaradamente desse fenômeno. Na dramaturgia assinada por Pedro Brício, relatos oníricos coletados entre cerca de 150 pessoas servem de base. Costurados, os sonhos são narrados ou encenados durante a peça do tradicional grupo mineiro Galpão.
Leia mais3.3.2021 | por Kil Abreu
Neste momento não se pode começar um texto sobre crítica e sobre críticos senão reafirmando o estado atual das coisas. Que alcança a crítica mas vem antes e está além. Para nós que não nos sentimos capturados pelas políticas da morte (o que não nos faz melhores), a sensação é de que o humano está sendo devastado pela doença e pelo assassinato como política de Estado. Ponto crítico. É um momento da democracia em que se pode parafrasear os versos daquela canção falando sobre o aqui que ainda era construção, mas já é ruína. Os mais politizados perguntarão, com razão: “Mas quando não foi assim?”. A diferença fundamental é que no agora, como em poucos outros agoras, a ordem autoritária monta estratégias próprias. A matança, como sempre, tem endereços prioritários. Não cabe descer aqui a pormenores, não é o tema, mas cabe lembrar – não é questão de querer ou não – que este é forçosamente também o sítio da crítica. E a crítica não deve querer estar em suspenso sobre a nervatura do real, deve fazer parte dela.
Leia mais19.2.2021 | por Rosa Primo
Inicio esse texto no dia “D”, na hora “H”, como batizou o gênio da logística, ministro da saúde Eduardo Pazuello naquele 11 de janeiro. O enigma do “D”, contudo, não foi anunciado pelo ministro. À frente, o governador de São Paulo, João Doria, se antecipou e desfila hoje seus mocassins Ralph Lauren como quem encena o antigo mito grego no misterioso ultimato de Tebas: “Decifra-me ou te devoro”. O dia “D”, era o dia de Doria. As imagens da TV me atropelavam junto com as mensagens de amigos que, tomados de emoção no “H” da hora cênica, compunham o coro daqueles que desconheciam o distanciamento brechtiano. O distanciamento do teatro épico reserva uma certa frieza se comparado ao distanciamento como medida para reduzir o avanço da Covid-19. A vacina chegou! E junto com ela o imperativo da emergência: lutar pela vida ameaçada pelo vírus. Era domingo, dia 17 de janeiro, seis dias depois que Pazuello lançou o enigma.
Leia mais16.2.2021 | por Fátima Saadi
No prólogo e no epílogo de seu livro O teatro é necessário?, o ensaísta e professor Denis Guénoun (nascido em 1946) tece uma série de considerações a respeito da vida do teatro, que, cada vez mais, ultrapassa as atividades de formação e exercício das profissões estritamente relacionadas à criação de espetáculos teatrais e se espraia pelo que antes era considerado com certo desdém pelos profissionais das artes cênicas – e também pela imprensa – como marginal, menor, utilitário ou terapêutico.[1]
Leia mais26.1.2021 | por Luciana Romagnolli
O Horizonte da Cena nasceu em um salto das páginas de jornal para as páginas digitais. Estávamos, Soraya Belusi e eu, motivadas à escrita de crítica de teatro, mas já sem encontrar espaço satisfatório nos cadernos de cultura de veículos impressos. Trabalhávamos as duas no jornal O Tempo, de Belo Horizonte, e entre as cadeiras das bancadas da redação tramamos nossa migração e nossa desejada independência.
Leia mais12.1.2021 | por Valmir Santos
A história do Teatrojornal – Leituras de Cena é devedora da cultura de jornalismo. Entrei em contato com ela na adolescência, frequentando a biblioteca pública de São Miguel Paulista, bairro da zona leste de São Paulo onde nasci e fui criado. Preferia ler jornais a gibis. No atual ensino médio, meados dos anos 1980, convenci a diretora da escola a apoiar a criação de um informe rodado em folhas de sulfite mimeografadas, o Matéria-Prima. Fazia as vezes de “editor” convencendo colegas da turma a escrever poemas, crônicas, notícias do cotidiano dos secundaristas. Nunca mais quis exercer outra profissão que não a de jornalista.
Leia mais2.1.2019 | por Teatrojornal
O espetáculo Navalha na carne negra alia a dramaturgia de Plínio Marcos (1935-1999) – sua alteridade sociopolítica de largada, sua potência de linguagem a quem se dispõe a ir fundo na teatralidade – com a recente geração de artistas acostumada a trabalhar em coletivos e a bordo da relevante e atual produção do teatro negro ou teatro preto em cidades como Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Leia mais
8.4.2014 | por Helena Carnieri
Para jornalistas de fora da cidade que acompanham há tempos o Festival de Curitiba, o evento deste ano trouxe um estranho esvaziamento. Apesar de a organização ter registrado a presença de 230 mil espectadores no total, o grande número de espetáculos na mostra principal (eram 34, mais 4 de rua) causou divisão na plateia – dessa vez não foram tantas as atrações com ingressos esgotados e sempre havia poltronas vagas nas apresentações. Leia mais
11.2.2014 | por Teatrojornal
Este Teatrojornal – Leituras de cena passa a constituir rede de colaboradores em sete estados do País. Pretende ser ponto de convergência de profissionais que vivem ou viveram o ambiente da redação e se lançam em busca de novo território de mediação crítica. Surge da constatação de uma crise dos meios impressos e da exiguidade do espaço dedicado às artes. Leia mais