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Crítica

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Em Abnegação, os atos de fala são privados, mas incidem frontalmente na vida pública. Fala-se muito e grosso nesse circuito fechado do negócio da política partidária encruada no poder. No entanto, tudo que esses sujeitos botam da boca para fora soa espasmódico. A interjeição “opa” é recorrente nesses enunciados tensos e quebradiços. A dramaturgia de Alexandre Dal Farra tem suas potencialidades multiplicadas quando o espectador, no caso, dá menos importância ao expressado verbalmente e deixa-se pautar pelo inaudito. A falha como linguagem projeta-se enquanto realidade da cena. Com ela, afloram o caráter de quatro homens e uma mulher que corrompem a própria palavra em sua ambição desmedida. Os cochichos ao pé do ouvido são reveladores do conluio. Leia mais

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O Festival de Teatro de Curitiba escolheu uma peça de rua para fazer sua abertura na noite da última terça-feira. Mas a opção por colocar a chilena El hombre venido de ninguna parte entre as quatro paredes do Expo Renault Barigui trouxe perdas à apresentação. A última sessão programada para hoje à noite, na Praça Santos Andrade, na região central, deverá ser mais autêntica em relação à proposta do grupo La Reyneta, um dos principais do Chile e interessado em investigar o teatro “callejero”, de rua. Leia mais

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Levei uma amiga para ver um espetáculo do/no Teatro Oficina, São Paulo, pela primeira vez: tinha quase 80 anos, estava habituada a ir ao teatro em Belo Horizonte, mas basicamente a espetáculos com globais. Temi como reagiria a uma encenação de mais de quatro horas (a primeira montagem de As bacantes), em que José Celso Martinez Corrêa a elegeu na plateia para compartilhar um vinho e sentar-se nu em seu colo. Ao final, me surpreendeu ouvi-la afirmar: “Adorei, isto é que é teatro”. Leia mais

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Há 44 anos, Jesus Cristo superstar estreava na Broadway com ares de rebeldia. No reduto mundial do teatro musical mainstream, a ópera-rock de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice chocava com a nudez e a estética hippie usada para contar a bíblica história da vida de Jesus Cristo, homem-mito em torno do qual se erigiu a cultura ocidental, tão central que dividiu o calendário em antes e depois de seu nascimento. Um Cristo humanizado e sintonizado com as mudanças pós-maio de 1968. Leia mais

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O horário é pouco provável para uma sessão de teatro adulto, quatro da tarde em uma quinta-feira. Na entrada do teatro, a fila impressiona. Cabelos brancos são comuns. Bolachas e chás são oferecidos enquanto o saguão do Teatro Frei Caneca, em São Paulo, lota. Essa cena tem se repetido desde a estreia de A última sessão, texto e direção de Odilon Wagner, com um elenco muito particular. Leia mais

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A inquietação do personagem do Escritor, em Fogo-fátuo, texto de Samir Yazbek e Helio Cicero, interpretado pelos autores, não se refere apenas a voltar a produzir – uma crise o paralisa há algum tempo. Liga-se também, naturalmente, a desejar escrever obras que o justifiquem e que lhe permitam sobreviver à morte, ao tempo escasso, aos limites do corpo. Se não fosse assim, não haveria por que solicitar uma entrevista a Mefisto, o demônio, sempre ávido por almas íntegras. Leia mais

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O maior problema da MITsp foi o seu sucesso. Em sua primeira edição, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo surpreendeu a cidade e os organizadores com o imenso afluxo de público. Nos nove dias de programação, cerca de 14 mil pessoas acompanharam os espetáculos e as atividades paralelas. Mas um número muito maior do que esse acorreu às filas e ficou de fora. A espera por um espetáculo chegou a dez horas. E muitos não desistiam mesmo quando a chance de conseguir um lugar parecia ser mínima. Leia mais

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Em seus intentos artísticos, políticos e reflexivos, a Mostra Internacional de Teatro, a MITsp, honrou os marcos lançados em sua primeira jornada de 11 dias e 11 espetáculos encerrada ontem. Restabeleceu o lugar de um evento desse porte na agenda cultural da cidade, fora da escala da indústria do entretenimento (em analogia ao Festival Internacional de Artes Cênicas, de Ruth Escobar, que cumpriu nove edições entre 1974 e 1999). Incitou o interesse do espectador pelo teatro de pesquisa. Sublinhou a mediação crítica em todos os quadrantes, por um espectador ativo. E abriu-se aos estudantes e docentes de artes cênicas na graduação e na pós, inclusive vindos de outras praças. Leia mais

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Sabe-se que cada forma implica um sistema de relações com o mundo, portanto, é também fundadora de sentidos. Assim, quando uma problemática como a da reelaboração artística de um passado político traumático assume formalizações muito distintas como em dois espetáculos presentes nesta Mostra Internacional de Teatro, as perspectivas do olhar apontam para abordagens éticas e efeitos distintos – sob certos aspectos, complementares. Leia mais

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Ubu e a comissão da verdade é exemplo do que se convencionou chamar arte “multimídia”. Aqui, saberes e linguagens são amalgamados com a intenção de conceber uma obra híbrida. Expediente que se relaciona intrinsecamente à trajetória de seu diretor, o sul-africano William Kentridge. Leia mais