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Publicações com a tag:

“Crítica"

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Crítica

Curitiba – Apontar e falar, ou shisa kanko, é a técnica japonesa para melhorar o desempenho em atividades que exigem atenção. Ela surgiu no início do século XX para disciplinar funcionários de estações de trem. Com o passar dos anos, acabou adotada na área de segurança e saúde ocupacional. Gesticular, apontar e falar sozinho serviria para checar se tudo está em ordem com a sinalização. Ana Kfouri nos faz lembrar desse procedimento rudimentar no solo Uma frase para minha mãe (Une phrase pour ma mère, 1996). Em vez de concentrar-se na direção do dedo, porém, ela prioriza a elocução. O pensamento vem do ato da fala que a orienta no caminhar compassado por entre a plateia sentada em estrados da sala multiuso. Leia mais

Crítica

Como se viu em boa parte da programação da MITsp 2019, Paisagens para não colorir, espetáculo da Compañía de Teatro La Re-Sentida, do Chile, parte de episódios e histórias verídicas. Nesse exemplar de teatro documentário, foram considerados os testemunhos de adolescentes entre 13 e 16 anos. Durante mais de um ano de workshops e entrevistas, a equipe do diretor Marco Layera investigou não apenas as violências a que são submetidas as garotas de seu país, como também garantiu que seus questionamentos e subjetividades tivessem espaço. Leia mais

Crítica

A anomalia que se abateu sobre a realidade e o imaginário do Brasil nos últimos meses é discutida com senso de urgência em obras nascidas da pesquisa teatral continuada. O poder de indignar-se vem coligado à disposição para empreender rupturas igualmente substanciais no terreno das formulações estéticas. Autodeclarados desde os sinais gráfico e de pontuação que carregam nos nomes, ruídos de ajuntamento, os espetáculos Gota d’água {PRETA} e [In]justiça constituem relevantes perspectivas de posicionamento nesse sentido, criticando de maneira contundente o racismo e a desigualdade social. Leia mais

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Tempo esgotado

27.3.2019  |  por Valmir Santos

Uma das premissas dos produtos da indústria cultural é a reviravolta na narrativa. O chamado plot twist equivale a uma mudança radical na direção esperada ou prevista de um romance, filme, série televisiva, história em quadrinhos, jogo eletrônico e outros suportes. No espetáculo Mágica de verdade, o grupo inglês Forced Entertainment enterra essa proposição e ilustra a perversa interdependência das acumulações de capital e de imagem na vida social cada vez mais reduzida a mercadoria. Leia mais

Crítica

O caráter não espetacular de Partir com beleza (Finir en beauté, 2014) confere uma cumplicidade ambígua ao relato do francês de ascendência marroquina Mohamed El Khatib. Percebe-se a iminência de naufragar por causa da identificação emocional do público com a experiência familiar de doença e morte da mãe, atalho para sentimentalismo. Ao mesmo tempo, o solo desencadeia condições de navegabilidade documental livre de encaixes categóricos do que venha a ser teatro, performance ou demais filiações. Leia mais

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Em 2000, Felipe Hirsch transpôs para a cena o romance em que o dono de uma loja de discos era fixado em classificar as cinco melhores ou piores canções pop com a régua das suas separações amorosas, entre outras tiradas. Lembramos de A vida é cheia de som e fúria porque as obsessões com as quais o diretor é confrontado em Democracia são de ordem institucional e mais complexas, também um espetáculo que partiu de um livro. Leia mais

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Retábulo de vozes

19.3.2019  |  por Valmir Santos

História de uma história coletiva, assim pode ser percebido o mais recente espetáculo do Grupo Sobrevento, Noite. Os criadores buscaram em lugares públicos e privados no entorno de sua sede, entre o Brás e o Belenzinho, memórias pessoais e urbanas que contribuíram para moldar a alma desses bairros do centro expandido de São Paulo. Leia mais

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Em estado de recusa

17.3.2019  |  por Beth Néspoli

Tudo mal havia começado quando um aventureiro chamado Diego Cao, o português, descobriu o estuário do rio Congo em 1482. Depois, no dia 26 de setembro do ano seguinte, ou seja, em 1885, uns gângsteres decidiram em Berlim que o Congo seria uma colônia francesa. E isso explica porque uma semana depois, 1960, nos emprestaram a independência em troca de um neocolonialismo negro no comando do país. Putos. Dois dias depois, em 1969, convidamos o marxismo e o leninismo pensando que iriam agradar, mas os europeus vieram em seus cavalos de conquistadores para acabar com a cultura do atraso, de golpes de estado e de tribalismos, e implantar a democracia de uma vez por todas.

Em tradução livre, o texto acima, com seus vertiginosos saltos temporais, é parte da dramaturgia de O alicerce das vertigens, do congolês Dieudonné Niangouna Leia mais

Crítica

Em Nós (2016) e Outros (2018), desenvolvidos em parceria com o diretor Marcio Abreu, o Galpão problematizou a relação grupo-sujeito-sociedade com agudeza de espírito. Os espetáculos realçaram o caráter progressista da alteridade por meio do fenômeno artístico, atando consciências crítica e autocrítica como raramente se viu em seu repertório, ainda que sempre aberto a temas sociais e políticos. Leia mais

Crítica

A equipe de criação de Ossada conhece bem a distância entre nascer e tornar-se mulher, construção sociocultural examinada por Simone de Beauvoir há 90 anos. O espetáculo não cita diretamente O segundo sexo, livro central na obra da filósofa francesa, mas fomenta o pensamento feminista buscando novos modos de enunciar a violência causada pela desigualdade de gênero, tão premente ontem como hoje. A atriz e diretora Ester Laccava e as desenhistas de luz e imagem Mirella Brandi e Aline Santini elaboram outros vocabulários para a cena a partir do cruzamento de sensações e sombras. Leia mais