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Crítica

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A situação dramática que move Garagem, em cartaz no Galpão do Folias, já está exposta desde os minutos iniciais da peça. Em crise, um advogado de classe média precisa lidar com perdas radicais: seus bens foram tomados, seu casamento terminou. Tudo o que lhe restou foi uma vaga de garagem – espaço que ele decide habitar e passa a chamar de lar. Leia mais

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Os atores mais calejados do Grupo Tapa são reconhecidos pelo primado da fala. O espectador senta na última fila do teatro e não importa: a dicção traz o colorido firme da palavra para além do que ela imprime. Em As criadas, essa virtude desfila junto com uma acentuada expressão de matriz gestual que valoriza o subtexto. Não se trata do gesto consignado ao corpo – como na dança, no teatro-dança –, mas à atitude farejadora dos inconscientes culturais presentes no drama de Jean Genet (Les bonnes). Leia mais

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Os intercâmbios entre companhias pernambucanas com outros grupos de fora do Estado e do País têm possibilitado a criação de espetáculos de relevantes propostas cênicas, nos últimos anos. A mais recente montagem, primeira estreia do Janeiro de Grandes Espetáculos, é Pangeia, trabalho dos grupos Acaso e Limiar (Galícia) que une dança, música e teatro numa encenação extremamente contemporânea. O espetáculo, que reflete um amadurecimento da companhia pernambucana, foi encenado sábado (17) e domingo (18) no Teatro Hermilo Borba Filho. Leia mais

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A verdade sobre os fatos pouco importa. O que é fundamental no convencimento do interlocutor é a maneira de como uma história é contada – ou, aliás, bem contada. É dessa perspectiva que parte Maldito coração, me alegra que tu sofras, monólogo da atriz Ida Celina, dirigido por Mauro Soares e encenado nos dias 15 e 16/1 no Teatro Marco Camarotti. A peça, umas das três atrações que marcaram a abertura do Janeiro de Grandes Espetáculos, no Recife, é um apurado exercício de dramaturgia reforçado por uma interpretação precisa e humor de bom gosto, na narrativa de uma amor doloroso e engraçado. Leia mais

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Para ler ao som de Because, The Beatles, acesse aqui.

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Certamente, para muitos artistas de teatro, escolher um texto e levá-lo à cena significa percorrer um caminho bastante habitual em que vivenciam etapas como realizar leituras de mesa ou procedimentos de análise ativa, dividir personagens, decorar falas, etc. Porém, para alguns grupos, especialmente aqueles criados sob o signo do processo colaborativo ou da criação coletiva, em que a cena e as improvisações dos atores ajudam a compor o texto, o caminho descrito acima se mostra como uma nova e arriscada aventura. Para o grupo mineiro Teatro Invertido, que comemora uma década de trabalho continuado, experimentar essa rota “do texto à cena” se colocou como a possibilidade de descobrir novos desafios e gerar outras dinâmicas criativas para os seus integrantes. Leia mais

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O desastre inesperado que devastou Fukushima, em 2011, devastou corpos, almas, esperanças e olhares. Arrancou lágrimas, sonhos e a paz de milhares de pessoas do Japão e do mundo. No palco, o acidente nuclear continua a suscitar essa lembrança de tragédia e dor na excelente montagem Fukushima mon amour, do sempre preciso bailarino de Butoh-MA Tadashi Endo. O trabalho foi apresentado de quinta (7) a sábado (10) na Caixa Cultural Recife. Leia mais

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Um dos destaques da produção teatral brasiliense em 2014 foi o show cênico musical Desbunde, com direção de Juliana Drummond e Abaetê Queiroz, que realizou sua estreia no Teatro Dulcina e fará nova temporada neste mês de janeiro. O trabalho é inspirado na história de grupos como Dzi Croquettes (RJ) e Vivencial Diversiones (PE) – este uma referência afetiva para o cineasta Hilton Lacerda na criação de Tatuagem, de 2013, assim como aquele foi retratado no documentário de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, de 2009. Ambos imprimiram na década de 1970 a marca da irreverência, da crítica e da ousadia em seus números artísticos, incomodando a moral e os bons costumes, além (e também por isso) da polícia. Os atores de Desbunde destilam, por cerca de duas horas, entre purpurinas, canções, danças e palavrões, o seu libelo contra a opressão do corpo e da mente diante de uma plateia acalorada que responde e se envolve a cada provocação. Leia mais

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Natural que, ao longo do ano, as opiniões sobre o que houve de marcante passem a convergir em direção a um número reduzido de obras. Chegado o tempo de olhar para trás e refletir, alguns títulos chamam inevitavelmente a atenção e outros, mesmo que tenham causado impacto no momento, terminam relegados a certo esquecimento. Costuma ser assim. Mas 2014 tem algo de atípico. Ao menos na cena teatral. São raras – se não inexistentes – as unanimidades. Os debates da crítica especializada menos apaixonados. Leia mais

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Impressões portuguesas

23.12.2014  |  por Fernando Marques

Dou a estas impressões o tom pessoal que meras impressões costumam implicar. Falo aqui sobre teatro em Portugal, mas nem de longe considero que as cinco ou seis vezes que fui ao país bastem para ter e transmitir, dos espetáculos e textos que se produzem lá, uma ideia ampla ou assertiva. Posso garantir, no entanto, que são impressões anotadas com interesse genuíno. Leia mais

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Riscos e braços fraternos

20.12.2014  |  por Valmir Santos

Uma vez expressa com verdade, nascida da necessidade de dizer, não há como deter a voz humana. Quando censurada a boca, ela fala pelas mãos, pelos olhos, pelos poros ou por onde quer que seja. Essa percepção compõe uma das narrativas breves que o escritor Eduardo Galeano imprime em El libro de los abrazos (1989), cujas páginas e lampejos inspiram a dramaturgia do novo espetáculo do grupo Clowns de Shakespeare. Leia mais